— Contarei tudo mais tarde, e você contará tudo também. — afagou suas costas. — Agora é um momento muito feliz para falarmos de coisas tristes.

Os filhos do czar invadiram o recinto correndo. Olharam surpresos para Anastásia que estava nos braços do pai. Vladimir se afastou dela, e os filhos a abraçaram coletivamente. Eles riam, choravam, se abraçavam, davam beijos, cantavam, e Vladimir foi se sentar em seu majestoso trono feliz observando seus filhos interagir com a caçula.

Não demorou muito para Lara chegar com seus sobrinhos no salão principal. Vladimir ficou observando sua expressão ao ver Anastásia. Ele não estava gostando da maneira que seu olhar se dirigia a sua filha caçula. Dentro dele, alguma coisa gritava que ela estragaria aquele momento de felicidade, estava se tornando um comportamento comum dela.

Lara se aproximou de Vladimir imediatamente, deixando seus sobrinhos desconfortáveis próximos à porta.

— Ousa acreditar que essa menina é sua filha? Nem mesmo sabe se é mesmo sua legítima filha, Vladimir. Por favor, não seja cego. Essa menina é uma oportunista. — virou-se e apontou para Anastásia. — Quantas Anastásias ao longo da sua vida disseram ser sua filha? Essa é somente mais uma querendo se beneficiar do que uma vida da realeza pode oferecer. Aposto que foi tudo de caso pensado. Essa farsante. — olhou para a menina com desprezo.

— Basta! — o czar se levantou do trono. — Anastásia, venha até nós.

Os irmãos se afastaram de Anastásia, e ela andou em direção a ele com um brilho de medo e raiva no olhar dirigido a Lara. Fez uma reverência diante dela e se voltou para o czar com uma postura perfeita.

— Eu conheci seus dois irmãos adotivos quando eu procurava o assassino da falecida czarina e seu sequestrador. — virou-se para Lara e retornou à atenção para Anastásia. — Eles se apresentaram como Alena e Daniel Tchecov. Estou errado?

— Não, Majestade. — respondeu prontamente.

— Gostaria de saber como foi adotada. — colocou a mão no queixo e começou a observar seus gestos.

— Meus pais me disseram que me acharam na floresta bastante machucada. — retirou do decote o broche. — Eu possuía muitas joias, eles venderam todas, essa eu escondi comigo e nunca mostrei a eles, pois tinha meu nome, data de nascimento, e com certeza poderia me levar para minha família biológica algum dia.

Um sorriso se formou no rosto de Vladimir, pegou o broche na mão da menina.

— Esse broche foi o presente da czarina Alexandra para todas as filhas. Tinha conhecimento disso?

— Não. — sentiu a sinceridade em suas palavras. — Para ser bastante sincera, eu nunca havia mostrado esse broche para ninguém. Quando eu tomei coragem para mostrar, escolhi Dimitri. Mas alguma coisa fez com que Vossa Majestade, a czarina, o chamasse para alguma coisa e eu não pude mostrar.

— Quem lhe disse que o broche pertencia a grã-duquesa Anastásia?

— Irina. Porém, quem viu primeiro foi Feodora. Ela ficou estranha quando viu e saiu correndo do meu quarto e pediu para que eu não saísse de lá até que voltasse com a governanta do palácio. E quando elas chegaram, Irina viu o broche e perguntou onde eu havia achado. Apenas disse a verdade, e elas fizeram uma reverência diante de mim.

— Satisfeita, Lara?

— Não estou convencida. — arqueou a sobrancelha.

— Apenas cale a maldita boca, Lara. — Alexander disse de repente. — Estou farto dessas brigas desnecessárias em família. Apenas fique feliz com a volta da sua enteada, certo? Que dúvidas ainda lhe restam? É ela, sempre foi! Observe os olhos dela, são iguais aos nossos. Os cabelos iguais ao do nosso pai! Agora vejo que até sua postura é igual ao do nosso pai. E posso ter esquecido um pouco a voz da minha mãe, mas se parece de certa maneira. Apenas deixe tudo em paz! É bom para você, seu filho e todos nós.

Todos ficaram atônitos com a súbita explosão de Alexander, principalmente seu pai. Vladimir sempre notou que Alexander era mais calado e refletia bastante antes de dizer alguma coisa. Era muito inteligente, e juntamente com Dimitri e Nikolai, aprendiam as tarefas de um czar muito bem. Sentiu-se orgulhoso do seu filho e esboçou um sorriso para ele satisfeito.

— Temos que oferecer um baile para a sociedade russa para conhecer nossa irmã e apresentá-la. — disse Tatiana. — Ela merece todas as honras depois de tanto tempo longe de nós.

— Certamente. — o czar afirmou empolgado. — Antes, quero ir até a sua casa antiga, minha filha. Tenho muita coisa para esclarecer com a família Tchecov.

— Meu pai adotivo está no hospital, peço que depois que ele receber alta, o traga até aqui ou o senhor pode ir até lá. Espero que ele não tenha nada com esse assassino.

— O que ele tem?

— Levou um tiro.

— Um tiro? Estranho.

— Estranho até demais. — Lara encarou Anastásia com superioridade.

O czar ignorou o comentário da esposa e abraçou Anastásia mais uma vez.

— Bem-vinda ao lar novamente, minha filha. Somente Deus sabe o quão esperei para tê-la em meus braços novamente.

A grã-duquesa perdidaWhere stories live. Discover now