Capitulo 4

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Capítulo quatro


Livro não revisado e sujeito a mudanças após revisão profissional.
Espero que gostem e compartilhem. Beijos!

H
onddra tinha algumas coisas bonitas mas Dexter comprou pequenos detalhes nessas revistas promocionais do Walmart. Ele dirigiu cem milhas para comprar essas coisas de decoração, pratos bonitos, copos, alguns talheres, forro de mesa e tudo que enche os olhos de uma mulher. Sim, Dexter fez isso por sua mãe.

"Eu vou fazer a comida que você mais gosta, Dexter. Uma lástima porque tenho esse sonho de um dia colocar uma mesa bem posta com velas e pratos bonitos. Eu lembro-me qual foi a última vez que eu comi em uma mesa assim toda enfeitada, foi na casa dos meus pais na Colômbia. Mas hoje temos que comer nesses pratos de plásticos mesmo, porém, prometo-lhe que vai ficar delicioso."

Disse sua mãe certa vez para ele. Dexter nunca mais comeu em pratos de plástico fazendo assim uma homenagem a mãe.
Ele colocou tudo perfeitamente na mesa e então foi para a sala chamar a desconhecida para jantar. Ele ficou atônito ao vê-la sentada e quieta no sofá olhando para seus pés. A iluminação da casa deixou o ambiente romântico, as tochas e candelabros, algumas lamparinas para dar o ar mais rustico, ele ficou orgulhoso de si mesmo por deixar a casa como sua mãe sonhara um dia. E Pétala em meio a essa iluminação, era somente a maldita coisa mais linda do mundo. Ela bateu para fora dele um sentimento que para ele era novo.
— O jantar está pronto. — Disse ele. Ela levantou a cabeça lentamente e olhou-o, e mais uma vez o deixou sem ar. Um movimento nos lábios fez seu corpo arrepiar e ele percebeu ali um pequeno sorriso tímido, mas o mais lindo que já vira. — A mesa já está posta. — Conseguiu concluir. Ela levantou-se devagar e aproximou-se ficando de frente para ele, mais não muito perto. Olhando um para o outro como se estivessem tentando desvendar o que se passava na mente de cada um, até que ela coçou a garganta para sair da distração e falou.
— Eu posso usar o banheiro antes?
— Claro, fica lá em cima. — disse ele apontando para a escada. — Tome cuidado ao subir. — Ela olhou em direção a escada e começou a andar, Dexter percebeu que ela estava sentindo muita dor mas mantendo-se firme para não demonstrar. Mancando ela continuou a andar, subiu o primeiro degrau com dificuldade, apoiar-se no pé machucado causava-lhe dor. Subiu o segundo e gemeu involuntariamente.
— Acho melhor eu ajudá-la a subir. — Disse Dexter logo atrás dela.
— Eu consigo. — Ela estava mentindo.
— Eu sei, mas posso facilitar para você não se machucar. Seu pé, sua escolha. — Disse ele. Ela virou-se olhando para trás e o viu bem próximo.
— Como você irá fazer? — Perguntou. Dexter não respondeu. Ele subiu o primeiro degrau e a pegou no colo sem fazer qualquer esforço, era como se ela não pesasse uma grama.
— Assim. — disse ele olhando os olhos arregalados e vendo-a prender a respiração pelo susto. — Você pode respirar agora, não vou lhe fazer nenhum mal. — Pétala o olhou com espanto. Ela não disse uma só palavra e ficou ali em seu colo completamente imóvel enquanto ele subia os degraus sem se preocupar com o peso em seus braços. Passaram pelo pequeno corredor e logo chegou à porta do único banheiro fora dos quartos, ele a deixou no chão e disse. — O banheiro é aqui, vou esperá-la na escada. — Ele se afastou e ouviu a porta fechar atrás dele. Dexter ficou encostado no corrimão de madeira feito por ele, abaixou a cabeça olhando para o chão e colocou as mãos no bolso e esperou por Pétala. Mas não foi nada como antes, o mesmo perfume que sentiu pela manhã quando a trouxe para casa, adentrou em seus sentidos novamente e tão intensamente que o fez vibrar o corpo por segundos.
"Deus! Como ela é linda. Está assustada, perdida em pensamentos, mas sua beleza é de tirar o meu equilíbrio. Ela vai embora amanhã e eu nunca mais à verei novamente." — Pensou pesaroso.
— Estou pronta. — Ela o tirou de seus pensamentos fazendo-o olhá-la rapidamente. Pétala colocou os cabelos no alto da cabeça. Sua mãe chamava esse penteado de coque, ele lembrava muito bem. Ficou olhando para ela de rosto limpo e cabelos amarrados, o contorno era como desenho feito à mão, seus olhos grandes e verdes, cílios negros e longos e ao se movimentarem quando piscava, era enfeitiçador. Como uma hipnose talvez. Ela olhou para o chão envergonhada de como ele a olhava, percebendo que fora indiscreto, ele falou.
— Depois do jantar eu vou lhe preparar um banho, você gostaria disso? — Perguntou Dexter.
— Eu vou agradecer muito por isso. — Disse e ele pode quase sentir o alívio em sua voz. Dexter a pegou no colo outra vez e desceu a escada e logo a deixou sentada no banco de madeira junto à mesa.
— Pronto, acho que agora podemos comer. — Ele sentou-se no banco do outro lado da mesa ficando de frente para ela.
— O cheiro está incrível. — Disse ela fazendo-o perceber a voz tremula.
— Você está com medo de ficar aqui, não está? — Perguntou ele. Pétala que estava olhando para o prato, levantou a cabeça e encontrou os seus olhos.
— Um pouco. — Disse ela. "Ela não mente, uma virtude." — Pensou ele. — Sei que não é culpa sua, eu fui descuidada e me machuquei. Mas ficar com um desconhecido na floresta realmente é assustador. — Disse ela com toda sinceridade. "Ótimo ponto se eu fosse um psicopata, amor." — Ele fez uma piada interna. Dexter se serviu do delicioso veado com legumes que tinha preparado, pegou o garfo e colocou um pequeno pedaço na boca, deixou o garfo no prato e colocou os cotovelos em cima da mesa entrelaçando as mãos no ar e lembrou-se que sua mãe sempre lhe chamava a atenção por isso. Mas velhos hábitos não podem ser mudados, às vezes.
— Eu entendo. — disse ele. — Se você quiser depois do jantar eu posso levá-la para um hotel na cidade. — Pétala que ainda estava olhando para ele ficou surpresa.
— Mas já está tarde e eu não quero dar mais trabalho.
— Não é trabalho algum, só não quero que se sinta desconfortável, com medo. — Disse ele.
— Eu... Eu não sei. — Falou confusa. Dexter abaixou os braços e continuou a comer. Ela se serviu e devorou tudo silenciosamente. Eles não trocaram uma palavra durante todo o jantar e quando terminaram ele começou a retirar as coisas da mesa.
— Eu vou ajudá-lo. — disse ela e quando tentou levantar-se, seu pé não a deixou com a dor que sentiu. — Ai, ai. — Dexter olhou preocupado.
— Fique sentada e não se preocupe eu estou acostumado. Mas o seu pé não está nada bem e disso tenho certeza. — Falou olhando para a expressão de dor que ela fazia.
— Eu também acho que não foi só uma entorse no tornozelo. — falou sentando-se novamente. — Eu estou tentando concentrar em outras coisas e esquecer essa dor que estou sentindo, mas não está funcionando.
— Eu sei. — Disse ele. Dexter organizou toda a cozinha enquanto Pétala ficou sentada. Ele se lembrou da sobremesa que tinha preparado um dia antes dela aparecer. Sua mãe gostava de doces após as principais refeições, parecia ser um vício. Ela dizia quando colocava uma sobremesa na boca — Deus, eu poderia morrer agora só por sentir esse sabor — e comia de olhos fechados todos os doces que preparava. Então Dexter a ofereceu.
— Você aceita sobremesa? Temos torta de queijo banhada com calda de licor e frutas vermelhas. — Pétala o olhou com uma interrogação franzida na testa. E foi a primeira vez por horas que ele a viu tranquila.
— Você é casado? — Perguntou ela.
— Não.
— Tem namorada?
— Não.
— Vive aqui sozinho?
— Desde os treze anos.
— Tem família que mora próximo?
— Não, eu não conheço ninguém da minha família.
— Tem vizinhos?
— Muito distantes, sou o dono de quase toda a região da mata, exceto por uma grande fazenda vizinha.
— Você recebe visitas?
— Nunca.
— Por quê?
— Porque eu não conheço ninguém, não tenho amigos.
— Impossível você não ter nenhuma namorada, você é simplesmente lin....
Ela parou imediatamente de concluir seu pensamento. Pétala ficou olhando para ele com olhos arregalados, mas logo voltou a seu estado interrogativo. Não antes de ele responder em seu próprio pensamento. "Obrigado pelo lindo, não é a primeira vez que ouço, mas... somente vindo de você é que fez ser importante." — Então, como você aprendeu a cozinhar tão bem? — ela foi rápida em mudar de assunto e olhou a sua volta. — E deixar essa cabana acolhedora como se fosse realmente um lar feliz? E... — ela o olhou novamente — Como você consegue viver assim, distante de tudo o que facilita sua vida? — Dexter deu um leve sorriso e não disse nada. Afastou-se e pegou dois pirex, colocou uma fatia de torta em cada um, pegou duas colheres e voltou para a mesa deixou-os em sua frente, foi até um pequeno armário próximo à lareira, pegou alguns cadernos grandes e voltou e colocou-os todos em cima da mesa.
— A minha mãe era uma grande cozinheira, ela inventava as receitas e quando dava certo escrevia nos seus cadernos. Isso, essa cabana e uma única foto são tudo o que eu tenho dela. Por isso sei cozinhar, eu apenas sigo as receitas. — Ele sorriu e sentou-se no banco à sua frente.
— Nossa, eu não esperava por isso. — ela pegou a colher e tirou um pequeno pedaço da torta, colocou na boca e fechou os olhos sentindo o sabor. — Deus do céu isso está divino. — Ela abriu os olhos e o encontrou sorrindo olhando para ela.
— Obrigado. E quanto às outras perguntas...
— Não precisa responder. — ela o interrompeu. — Eu fui muito impessoal, desculpe-me.
— Não tem problema, você falou que aqui parece um lar, e é, é o meu lar.
— Sim. Mas confesso que não entendo porque você não é casado. — Disse tímida.
— Por quê? — Perguntou ele.
— Ora porque, porque sim. Viver aqui sozinho não te deixa, triste?
— Não.
— Há! — respondeu ela. — Posso te fazer uma pergunta?
— Mais uma? — Ele disse sorrindo e terminando de comer a torta.
— Sim, mais uma. — Ela sorriu também.
— Faça.
— Quantos anos você tem?
— 33. — Respondeu Dexter. Pétala olhou para ele sem entender a sua solidão e não perguntou mais nada. Ela entendeu que ele era um homem de respostas rápidas e sem complementos a elas.

— Por que você perguntou a idade do papai, mãe? — Cattleya me interrompeu. Olhei para minha esposa e ela sentou-se para responder.
— Seu pai era o homem mais lindo que eu já tinha visto. Eu não achei normal ele viver sozinho e sem pelo menos uma namorada para lhe aquecer nas noites frias. — ela me olhou e sorriu. — Sorte a minha. Eu não queria admitir naquele momento, mas já estava perdidamente encantada por ele, mesmo sendo um estranho eu já não podia deixá-lo longe da minha vida. — Seus olhos brilham e eu amo como ela ainda me olha por todos esses anos.
— Eu amo a história de vocês. — Disse nossa filha.
— Sim querida. — falei olhando para ela. — E se você esperar a vida cumprir o seu curso certo, confiar no seu destino, você também vai ter a sua própria história de amor.
— Assim espero papai. Eu tenho duas versões para levar como lições em minha vida, a de vocês, e a de meus avós, seus pais. — Falou triste.
— Sim. — Pétala a olhou sem entender mas não disse nada.
— Eu quero muito continuar ouvindo mas estou faminta, vamos almoçar? — Perguntou Cattleya. Pétala olhou em seu relógio no pulso e disse.
— Nossa! Eu não vi as horas passar. Vamos todos para a cozinha, levante-se amor. — Ela saltou da cama sorrindo. A chuva lá fora estava forte e olhá-la da minha janela fez-me sentir o mágico momento em que vivo com minha família, e então não tem como pensar que, saúde, chuva, frio, cabana, mulher linda, filha adorada, natureza, do que mais eu preciso? Obrigado Deus.
— Acho que vamos comer os belos restos do jantar de ontem. — Disse Pétala enquanto descemos para a cozinha.
— Tudo bem para mim. — Falei.
— Para mim também. — gritou Cattleya abrindo a porta da cozinha. — Vou pegar algumas folhas para salada, quer mais alguma coisa mamãe?
— Não querida, tenho tudo que preciso aqui.
— Ok. — Ela saiu com o grande casaco de plástico e capuz para protegê-la da chuva. Pétala estava concentrada olhando dentro da geladeira, aproximei-me e a abraçei sentindo o cheiro suave de seu pescoço.
— Eu senti uma ponta de tristeza em sua voz, quando Cattleya falou sobre não termos mais filhos. — Sussurrei em seu ouvido. Ela encostou a cabeça em meu ombro.
— Às vezes penso porque não consegui ficar grávida novamente sendo que não faço uso de contraceptivos. Nossa filha vai fazer dezoito anos em breve. Estou com 41 anos e de agora em diante ficará mais difícil.
— Eu não acredito nisso. Nós passamos por muitas coisas, criamos nossa menina e nos amamos cada dia mais como se fosse a primeira vez. Pare de pensar nisso, na hora certa virá gêmeos. — Ela sorriu.
— Gêmeos?
— Sim, uma menina e um menino. Você não acredita em mim? — Perguntei. Pétala virou-se para ficar de frente para mim, passou os braços em meu pescoço abraçando-me carinhosamente. Eu a abracei pela cintura.
— Acredito. Acredito porque você é o único homem puro e verdadeiro que conheço então, eu acredito. — Seus olhos lacrimejaram.
— Bom, porque você vai ficar linda grávida aos 41 anos, meu amor.
— Eu te amo, Dexter. — Ela beijou-me, mas nunca é só um beijo. Seguro-a firme e minhas mãos alcançam seus cabelos negros e lindos. Sentir seus lábios é como tomar mel da própria colmeia, doce e suave. Meu corpo ganhou vida, principalmente um membro dele, então, lembrei-me que Cattleya estava no jardim e me afastei um pouco.
— Querida, nossa filha vai entrar a qualquer momento.
— Sim é verdade. — disse ela ofegante. — Coloque seu corpo longe do meu Dexter, você sabe como me deixa e eu estou sedenta para tê-lo. — Ela afastou-se provando ser mais forte que eu. Mas não antes de piscar para mim.
— Provocadora. — falei. — Eu estou achando Cattleya um pouco triste, você não acha? — Perguntei e me afastei deixando-a se mover pela cozinha.
— Eu não quis dizer nada para você, mas também percebi a mesma coisa. — Disse ela.
— Ela não te falou nada?
— Não, por isso estou preocupada e tenho uma suspeita do que seja, mas não vou dizer até ter certeza. — Disse ela fazendo biquinho para mim.
— Ela irá nos contar na hora certa. — Falei.
— Também acho. — Disse ela. Cattleya entrou porta adentro tremendo de frio. Essa época do ano começa o inverno, o vento é muito gelado e a chuva parece cair congelada do céu. Nós ajudamos Pétala a preparar o almoço com o que sobrou do jantar de ontem. Eu gosto desses momentos, não tive isso com os meus pais juntos na cozinha e tento passar o que sempre sonhei para Cattleya, que é esse ambiente amável entre pais e filhos. Isso para mim é saudável, então, eu também o chamo de felicidade.
Comemos em meio a risadas e piadas que nossa filha aprendeu com os primos, ela tem convivência com toda a família de Pétala, já que a minha eu não os conheço. Eu procurei saber deles não vou negar, a família de minha mãe poucos existem na Colômbia, a do meu pai, eu preferi manter-nos longe de todas as coisas que foram passadas a nós pelos advogados de minha mulher. Uma família complicada que era conhecida nos arredores do Texas por serem agressivos. Foram também acusados de assassinatos, então, quanto mais longe e protegidos ficarmos deles, melhor. Eles não sabem mesmo que êxito, meu pai foi embora fugindo de sua própria família por espancar o irmão levando-o quase a morte, por causa de uma lata de cerveja que estava na geladeira e que pertencia a meu pai. Foi fácil encontrá-los, são todos fixados na polícia.
Terminamos o nosso almoço, organizamos a cozinha, coloquei mais lenha na lareira, espalhei cobertores e travesseiros pelo grande tapete branco enquanto minhas meninas faziam chá. Corri até o meu quarto para pegar o diário e quando voltei, elas já estavam sentadas e cobertas, tomando chá e sorrindo de algo que estavam falando.
— O que vocês estão aprontando? — Perguntei.
— Que podíamos dar uma volta na mata, se a chuva deixar. — Respondeu minha linda mulher.
— Ótima ideia. — Falei e me acomodei ao seu lado.
— Maravilha, agora que concordamos com tudo e estamos alimentados, continue papai. — Disse a atrevida da minha filha.
— Por que você não grava as minhas leituras para ouvi-las depois? — Perguntei.
— E quem disse que já não estou fazendo isso? — Disse Cattleya. Eu a olhei com espanto. Ela colocou a mão dentro do bolso da calça de moletom e tirou de lá um pequeno gravador preto. Eu não esperava por isso.
— Você está gravando? — Perguntou Pétala.
— Tudo o que papai lê, não posso perder nada, como eu sei que vocês não vão me entregar os seus manuscritos, estou gravando.
— Você é uma peste, sabe disso, não é? — Falei.
— E você me ama, sabe disso, não é? — Falou com carinha de anjo a atrevida.
— Bom ponto o seu. — Eu sorri para ela.
— Obrigada, continue. — Falou gesticulando para o meu diário. E pela primeira vez eu ouço quando ela liga o pequeno aparelho. "Por que não percebi isso antes?" — Pensei. E comecei a ler novamente.

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