11. É SEMPRE RECONFORTANTE ESTAR PERTO DOS EXCLUÍDOS

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Na segunda-feira seguinte ao dia do velório de Eric, Lorenzo acordou e se levantou rapidamente. Depois de fazer as cortinas do seu quarto se abrirem e arrumar a cama – com magia, como sempre – ele tomou um banho quente, se secou rapidamente e vestiu uma calça jeans preta, uma camiseta da mesma cor e o blazer vermelho escuro com o brasão da escola: uma coroa sobre uma espada e um lápis unidos como se formasse um X e a sigla da escola, IER, logo abaixo. O uniforme completo era composto, além do blazer vermelho, por calça social preta, camisa social branca e gravata da mesma cor do blazer; mas ninguém usava o uniforme completo, no máximo o blazer e às vezes a camisa branca.

Lorenzo desceu a escada já com a bolsa nas costas e foi para a cozinha onde encontrou sua mãe e suas irmãs tomando café.

- Bom dia Enzo! – as gêmeas disseram juntas sorrindo.

- Bom dia meninas. – Ele disse e deu um beijo na cabeça de cada uma. – Bom dia mãe.

- Bom dia querido, não vai tomar café? – Ela perguntou quando Lorenzo pegou uma maçã na fruteira e começou á come-la.

- Nada de cafeína hoje, já estou animado o suficiente – ele falou sorrindo.

- E qual o motivo de toda essa animação?

- A escola me deixa animado. – Ele disse simplesmente. – Estou indo, até o almoço.

Lorenzo entrou na garagem e apertou o botão ao lado da porta para que ela abrisse, ele pegou sua bicicleta e saiu montado nela. Seu pai estava chegando com o carro quando ele desceu à calçada correndo.

Depois da cerimônia da Descoberta Lorenzo pedira ao seu pai um carro de presente por ter entrado na Aqua, mas seu pai disse que não lhe daria um presente por uma coisa que era sua obrigação – no dia que seu pai disse isso Lorenzo agradeceu bastante aos ancestrais por não ter lhe colocado na Aeris –, Lorenzo queria ser como Pietro que era nobre á ponto de acreditar que não era justo ser presenteado por causa de algo que queria tanto, mas na verdade tudo o que ele queria era que seu pai demonstrasse que ficara feliz por ele ter entrado na Aqua – e seria ótimo se seu pai demonstrasse essa felicidade o presenteando com um Fisker Karma novinho.

Depois de quinze minutos pedalando Lorenzo virou á esquerda em uma esquina e finalmente chegou à escola. O Instituto de Ensino de Rosalinda havia sido criado pelos Roseanos exclusivamente para que os garotos e garotas do clã pudessem ter o ensino normal dos excluídos, mas depois de alguns anos eles decidiram abrir as portas da escola também para os jovens sem magia e o Instituto acabou se tornando outro negócio dos bruxos. Hoje em dia todos os professores e a diretoria são excluídos e os bruxos apenas coordenam o financeiro da escola.

Lorenzo sempre se sentia bem ao ir á escola dos excluídos porque apesar de ser ótima toda a magia que a Casa da Magia emana, ele sempre se sentia muito pressionado por estar com muitos bruxos á sua volta, era como se a presença de mais magia ao seu redor lhe fizesse lembrar que, apesar de o ponto principal apontado pelos anciões de que todos do clã deveriam se ver e se amar como um só, havia muita competitividade entre as famílias elementares. Mas quando estava ali, perto de tantos excluídos, sem todo o material mágico que a Casa da Magia oferecia, ele sentia a sua mágica como a mais forte e isso lhe fazia sentir muito bem, mais do que ele admitiria para qualquer pessoa.

Depois de trancar a bicicleta em seu espaço especifico e entrar no prédio azul de dois andares, ele caminhou devagar em direção ao seu armário que ficava perto da sala de química e cumprimentou alguns de seus colegas no caminho, quando abriu a pequena porta de metal pintada com tinta azul-escuro seu telefone tocou, acabara de chegar uma mensagem... de Frederico.

Acabei de te ver indo para a escola,

pensei em te parar, mas fiquei com medo

de te assustar. Então, quando estiver

pronto para falar comigo me avise.

Lorenzo respirou fundo enquanto guardava o telefone no bolso; depois de pegar seu livro de matemática ele fechou o armário e tomou um sustou ao se virar e encontrar Pietro, Kaius e Alec.

- Você se assustou? – Kaius perguntou sorrindo.

- Claro que me assustei – ele disse enquanto os quatro iam andando pelo corredor. – Com essas caras horríveis que vocês têm.

Os três amigos riram.

- Fala sério – Lorenzo falou quando viu o caderno azul na mão direita de Alec. – Você trouxe mesmo isso para a escola?

- Ele disse que quer uma parte de nós – Alec falou calmamente. – Pode ser qualquer coisa, até passar um dia com um de nós.

- Claro, como se fosse um encontro – Lorenzo disse sorrindo.

- Porque o Alec é o profissional quando se fala de encontros – Pietro brincou.

- Não tenho culpa se a Amanda não sabe o que é um encontro exótico. – Alec falou rindo, uma vez ele convidara Amanda, uma prima de Kaius, para sair e a levara para o zoológico; o fato é que a menina tinha pavor de cobras e Alec decidira levá-la exatamente a sala de répteis, quando um dos caras que trabalha no zoológico apareceu trazendo uma jiboia no pescoço Amanda ficou tão assustada que acabou desmaiando. A menina nunca mais quis olhar na cara de Alec.

- Bom, com toda certeza ela sabe agora – Kaius falou.

Lorenzo e os amigos passaram um tempo no pátio conversando e quando o sinal tocou eles foram para suas salas. Apesar de se sentir meio nervoso com a mensagem do irmão, Lorenzo ainda se sentia muito bem por estar perto de tantos excluídos.

Pequenos Garotos Maus - Livro 1: PerdidosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora