30. GAROTOS ESPERTOS SABEM FAZER ESCOLHAS SOZINHOS

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Naquela mesma terça-feira Alec chegou á Casa da Magia e seguiu andando pelo corredor que levava para sua sala e se encontrou com Pietro que conversava com alguns colegas.

- Ainda bem que encontrei você – ele falou se aproximando de Alec. – Eu não sei de quem é a vez de ficar com o diário, então você fique com ele.

- Tudo bem, ele fez algo que te ajudou?

- Fez sim, vamos manter esse diário conosco o quanto pudermos. – Ele falou e então seguiu para sua sala.

Alec se sentou no seu lugar de costume na sala de aula e ouviu enquanto o seu professor, o Sr. Petram, explicava sobre a atividade que teriam que realizar em sala naquele momento: era uma poção chamada de Queimante que servia para curar ferimentos internos dos soldado integrantes da Ignis.

- Vocês vão precisar dos seguintes ingredientes – o Sr. Petram falou enquanto anotava no quadro. – Pó de casca de Árvore do Sono, fio de pena de Fênix, licor de Sangue de Coração de Enguia e cinza de uma página de um livro antigo.

- Onde vamos conseguir todas essas coisas agora? – Um dos colegas de Alec perguntou ao professor.

- Nós vamos realizar essa atividade no laboratório de nossa família – O professor falou e então todos os bruxos copiaram rapidamente o que estava escrito e saíram juntos indo em direção á biblioteca.

A biblioteca da Casa da Magia é enorme e os bruxos usam magia para disfarçar o seu tamanho para que os excluídos não fiquem ainda mais curiosos a respeito do lugar. No fundo do local existem quatro portas, cada uma com o símbolo de uma das famílias elementares marcada sobre a madeira escura.

- Lembrem-se, não podemos fazer bagunça dentro do laboratório. – O Sr. Petram parou em frente a segunda porta e se virou para os jovens bruxos. – Cada um de vocês terá uma bancada separada e um caldeirão pequeno para fazerem a poção, os ingredientes estarão sobre as bancadas.

Então ele acendeu uma pequena bola de fogo nas mãos e a colocou sobre o símbolo da chama na porta e ela se abriu no mesmo segundo. Todos correram para pegar uma bancada na parte da frente do laboratório e Alec acabou tendo que ficar no último lugar no fundo da sala.

Alec se sentou e olhou para os lados, o laboratório era simplesmente enorme e em cada parede tinha uma estante enorme com livros, poções, ingredientes estranhos para diferentes poções e muitas outras coisas que Alec ainda nem sabia o que era. Ele abaixou a cabeça e olhou para os ingredientes todos colocado sobre a mesa do lado de um pequeno caldeirão sobre um forno também pequeno; o licor de sangue de coração de enguia estava em uma taça avermelhada e o fio de pena de Fênix, assim como o restante dos ingredientes, estava dentro de um pequenino recipiente com rótulo identificando o que era cada um.

- Quando a poção atingir um ponto consistente vocês precisarão apagar a chama do forno e acender uma pequena chama dentro da poção – o professor passou a última instrução. – Se a poção ficar escura quer dizer que vocês fizeram algo errado, se ficar laranja vocês conseguiram atingir o ponto correto. Podem começar.

No mesmo instante Alec acendeu a chama do forno e esticou o braço para pegar o licor quando de repente ele sentiu uma sensação estranha de que deveria olhar o diário; ele pegou sua bolsa no chão e tirou o diário rapidamente abrindo-o. Havia uma mensagem na primeira página.

Coloque o pó da casca da Árvore do Sono primeiro no caldeirão e o deixe torrar.

Alec pensou por um momento e então fez o que Eric mandara; ele usou uma colher de madeira para mexer o pó dentro do caldeirão e assim que estava no ponto correto ele olhou para baixo – o diário estava sobre seu colo – e havia outra mensagem:

Agora acrescente a cinza e logo depois o licor, mexa-o enquanto espera que ele ferva, e depois coloque o fio da pena de Fênix.

O garoto seguiu as instruções e parou de mexer a colher quanto percebeu que p licor borbulhava, ele abriu o frasco com o fio da pena e o virou com cuidado dentro do caldeirão com medo de deixá-lo voar. Havia outra mensagem no diário:

Apague o fogo do forno e acende uma pequena chama com sua mão direita, mas é preciso que você sinta a chama vindo de seu coração. Deixe a chama cair dentro do caldeirão, e a poção estará pronta.

Alec se concentrou e então sentiu seu corpo se esquentando, ele levantou sua mão direita e sentiu a chama saindo de seu coração, passando pela parte interna de seu braço e então saindo por sua mão, a chama tremeluzia em um tom alaranjado enquanto ele a colocava dentro do caldeirão. Lá dentro ela se revolveu sem apagar e o liquido ficou em cor laranja.

O garoto guardou rapidamente o diário na bolsa e então levantou o braço chamando pelo Sr. Petram; o professor veio avaliar a poção de Alec e o parabenizou pelo trabalho bem feito.

No fim da aula Alec fora o único que conseguira fazer corretamente a poção e o professor o chamou a frente da turma para parabenizá-lo novamente, e o entregar uma medalha dourada na forma do símbolo da Ignis como prêmio.

Ao sair da Casa da Magia no fim do dia Alec se sentia triste por ter trapaceado.

- Ei Alec – Lorenzo o chamou quando ele pisou no estacionamento. – Como foi a aula?

- O diário me ajudou a trapacear em um trabalho na aula de laboratório hoje – ele falou. – Ganhei essa medalha.

- Ele também me ajudou na escola dos excluídos de manhã dessa mesma forma. Mas veja desta forma: estamos aprendendo agora para não precisar trapacear depois.

Alec encarou o amigo rindo.

- Você pode estar certo. – Ele pegou o diário na bolsa. – Toma, pode ser sua vez agora. Kaius veio à aula? Lívia terminou com ele.

- Ah, não! Ele me ligou dizendo que estava passando mal e que não viria, não sabia que era por isso.

- É, bem eu preciso ir agora, até depois. – Alec foi até sua moto e saiu pilotando-a.

Assim que chegou em casa Alec subiu correndo até o banheiro que ficava no corredor para fazer xixi. Assim que terminou ele pegou o telefone em seu bolso e sorriu ao ver que Nicole tinha mandado uma mensagem:

Se estiver livre podemos sair

hoje a noite

Alec começou a digitar que estava sim livre quando olhou para a pia a pia e percebeu que alguns frascos vazios de remédio estavam caídos debaixo dela, o garoto abriu o pequeno armário e se assustou ao ver que não havia mais nenhum remédio lá dentro.

Ele saiu apressado do banheiro e foi até o quarto de seus pais, sua mãe estava sentada no chão com vários frascos vazios perto dela.

- Acabaram todos – ela disse chorando e Alec correu para abraça-la.

Ainda abraçado a ela Alec olhou para o seu telefone com a mensagem pronta para ser enviada, ele não sabia o que fazer: ficar com sua mãe ou sair com Nicole? Logo ele desejou ter o diário ali para ajudá-lo a escolher a coisa certa.

Ele então apagou a mensagem que digitara antes e escreveu que naquela noite não poderia sair com ela e enviou rapidamente. Logo depois ele ajudou a mãe a se levantar e após deita-la na cama se deitou ao lado dela para lhe fazer companhia.

Talvez o melhor fosse ficar ali com ela.

- Vai ficar tudo bem,mãe. – Ele diz tentando convencer a si mesmo mais do que a ela. 

Pequenos Garotos Maus - Livro 1: PerdidosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora