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Ai, meu Deus, mamãe surtou.

Não o surto-mamãe típico. Surtou de verdade.

No surto típico, ela anuncia: "Vamos fazer essa dieta sem glúten ótima que apareceu no Daily Mail!" Então, compra três pães de forma sem glúten. É tão nojento que nossas bocas se retorcem com o gosto. A família entra em greve, mamãe esconde seu sanduíche no canteiro de flores, e, na semana seguinte, deixamos de ser adeptos da dieta sem glúten.

Isso é um surto típico. Agora, porém, ela está tendo um surto de verdade.

Mamãe está parada perto da janela do quarto que dá vista para a rua onde moramos, Rosewood Close. Não, parada dá a impressão de ser algo muito dentro do normal. Ela não parece normal. Está se balançando toda, debruçada sobre o peitoril, com um olhar ensandecido. E segura o computador de meu irmão, Sam equilibrando-o precariamente no parapeito. A qualquer minuto, vai espatifá-lo no chão. É um computador de 700 libras.

Será que ela tem noção disso? São 700 libras. Passa o tempo todo nos dizendo que não sabemos o valor real do dinheiro. Sempre fala coisas como "sabe como é difícil ganhar dez libras?" e "você não ia gastar eletricidade à toa se tivesse que pagar as contas".

Bem, o que diria sobre ganhar 700 libras e atirá-las propositalmente no chão?

Lá embaixo, no gramado, Sam, em pânico, corre de um lado para o outro, usando a camiseta da série The Big Bang Theory, segurando a cabeça e resmungando algo ininteligível.

—Mãe. — A voz transformou-se em um agudo alto por conta do medo. — Mãe, é meu computador.

—Sei que é seu computador! — grita ela histericamente. — Acha que não sei disso?

—Mãe, por favor, será que a gente não pode conversar?

—Já tentei conversar! — replica. — Já tentei adular, brigar, suplicar, argumentar, subornar... Já tentei de tudo. DE TUDO, Sam!

—Mas preciso do computador!

Não precisa do computador coisa nenhuma! — retruca ela, com tanta fúria que me encolho.

—A mamã vai jogar o computador lá de cima! — diz Felix, correndo para o gramado todo feliz, sem acreditar no que vê. É nosso irmão mais novo. Tem 4 anos. Ele encara a maior parte dos acontecimentos da vida com essa alegria. Um caminhão na rua! Ketchup! Uma batata frita mais longa que o comum! Mamãe atirando um computador pela janela é apenas mais um na lista dos milagres cotidianos.

—É, e o computador vai quebrar — responde Sam, com raiva. — E você nunca mais vai poder jogar Star Wars.

A expressão de Felix se transforma com a preocupação, e mamãe estremece com furor renovado.

— Sam! — grita ela. — Não provoque seu irmão!

Agora nossos vizinhos da frente, os McDuggan, aparecem para assistir à cena. O filho de 12 anos, Ollie, chega até a berrar "Nããão!" ao ver o que mamãe está prestes a fazer.

— Sra. Winchester! — O menino atravessa a rua correndo para chegar à nossa casa e olha para cima com olhar suplicante, juntando-se a Sam.

Ollie às vezes joga Land of Conquerors na internet com Sam, quando meu irmão está de bom humor e não tem mais com quem jogar. O menino parece ainda mais aterrorizado que Sam.

—Por favor, não quebre o computador, Sra. Winchester — suplica, trêmulo. — Todos os comentários de jogo de Sam estão salvos aí. São tão engraçados. —Virando-se para meu irmão, repete: — São bem engraçados mesmo.

À procura de Dean ✔️Where stories live. Discover now