3. sanity after madness

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Já era noite e Charlie estava me ajudando a tomar banho. Após eu estar vestido ela sentou ao meu lado na cama para conversar comigo.

- Castiel Shurley foi internado à mais ou menos duas semanas com diagnóstico de depressão grave e transtorno de ansiedade após uma tentativa de suicídio - meus olhos já lacrimejavam - eu não posso te falar exatamente o que ele disse para a doutora, mas Castiel tem melhorado e talvez, só talvez, ele tenha citado um certo moço de olhos verdes como motivo disso - eu sorri fraco. - Quando Castiel estava indo para o dormitório Billy, você conhece o Billy? - olhou para mim e afirmei com a cabeça - Então você sabe que ele tem alucinações e confunde pessoas que as vezes ele nem conhece com pessoas que o fizeram muito mal. Billy falou muitas coisas ruins para Castiel, que também conheceu gente ruim que fez mal para ele e... Bom, aquilo aconteceu.

Senti meu sangue ferver e fechei meu punho. Eu estava com raiva de Billy, mas no momento eu não tinha força ou disposição nem para matar uma mosca.

- Não foi culpa do Billy, assim como não foi culpa do Castiel não ter aguentado aquelas palavras horríveis e não foi culpa sua ter machucado aqueles enfermeiros.

Me lembrei do que tinha feito sentindo a culpa me dominar. Eu realmente estava envergonhado. Machuquei enfermeiros que só estavam tentando ajudar por causa de minha doença idiota. Gostaria de poder desfazer aquilo, mas o máximo que a vida me deixava era pedir desculpas.

Alguns minutos se passaram com Charlie me olhando aflita enquanto eu colocava meus pensamentos no lugar.

- Posso ver Castiel? - perguntei enquanto mentalmente rezava para que a resposta fosse sim.

- Pode, mas tente se controlar.

Charlie pegou uma agulha tampada que continha um líquido branco  - apesar de ser minha amiga, ela também era minha enfermeira - colocou a injeção de tranquilizante no bolso e me ajudou a levantar me levando para o dormitório de Cas.

Ao abrir a porta o moreno olhou para mim com os olhos marejados. Não exitei por um segundo antes de toma-lo em meus braços.

- Nunca mais faça isso comigo, nunca mais faça isso com si mesmo - eu disse com minha bochecha espremida conta a sua apertando mais o abraço.

- M-me desculpa - ele disse quando o soltei.

- Não precisa se desculpar só, por favor, não me mate do coração outra vez - Castiel deu uma risada nasal.

Percebi que estávamos sozinhos. Acho que o abraço durou mais do que pareceu.

Eu e Castiel ficamos nos encarando, sem saber o que fazer. Senti como se estivesse afundando no azuis de seus olhos enquanto as lágrimas que ele segurava bloqueavam por completo minhas vias respiratórias.

- Você sentiria minha falta se eu... - não o deixei terminar.

- É claro que eu sentiria sua falta. Teria que ser louco para não sentir falta de você - não percebi a ironia assim que falei, mas a risadinha de Castiel me lembrou que estávamos num manicômio - Não foi exatamente isso que eu quis dizer...

- Eu só... As palavras dele me machucaram tanto, e eu lembrei de coisas que eu deveria esquecer. As vezes é inevitável pensar que eu sou tudo o que eles dizem, só um desperdício de espaço e oxigênio, só... - desta vez o interrompi com um beijo.

Não sei porque fiz aquilo, mas foi a melhor coisa que já fiz.

Nossos lábios se tocaram num beijo calmo antes de Castiel me dar passagem . Não eram apenas nossas línguas se tocando, não só nossos lábios. Era um encontro de almas. Beijar Castiel foi mais calmante do que tudo que qualquer Buda poderia ensinar. Foi como um soco nocauteador de um buquê das mais delicadas flores. Quanto mais nossas línguas se entrelaçavam e se soltavam parecia que nos tornaríamos uma só pessoa naquele exato momento. Separar o beijo foi uma das coisas mais difíceis que já fiz, meus lábios suplicavam pelos de Castiel como meus pulmões por ar.

Acho que o de olhos azuis sentia o mesmo porque após tomar fôlego juntou nossos lábios novamente, e de novo, então foi minha vez. Nos beijamos até que o som da porta sendo aberta chamou nossa atenção. Charlie e Meg - enfermeira de Castiel - falaram que ele precisava descansar e eu também. Sabia que era verdade mas não queria deixa-lo.

Olhei para o de olhos azuis que tinha os lábios inchados e mais rosados do que o normal.

- Boa noite, Cas - sorriu ao ouvir o apelido.

- B-boa noite, Dean.

Beijei sua testa e saí.

Charlie me acompanhou até meu quarto; perguntou sobre o beijo, eu disse que não falaria disso, então ela disse que no outro dia serviriam sorvete de flocos e que daria um pouco para mim e Castiel mesmo depois do trabalho que demos, mas só se eu contasse. Contei tudo.

Ela apenas sorriu e me cobriu desejando boa noite.

Acordei de madrugada sentindo falta de algo. Automaticamente coloquei três dedos sobre meus lábios lembrando do beijo de Castiel.

memories // destielOnde as histórias ganham vida. Descobre agora