Epilogo?

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Epilogo? Epilogo.


Achar que séria seu fim foi um pouco precipitado para Joama. Mesmo depois de ter seu carro, novo em folha, destruído por um caminhão de melancias, ficar irreconhecível e repleta de arranhões, Joama permanece viva.

Não como todos esperavam, ou queriam. Em partes ela se mostrou a mulher forte e lutadora de sempre. Não deixou que um quase fatal acidente acabasse tão fácil assim com sua vida. Mesmo sendo difícil dizer que está em seu melhor momento, ela deve agradecer por ainda estar simplesmente viva.

Todos os médicos que a avaliaram, de diferentes especialidades, consideraram todo o ocorrido um verdade e significante milagre.

Depois de três anos seu rosto ainda continua irreconhecível. Ligada a aparelhos, que fazem com que ela se mantenha viva. Não é nada fácil para Joama passar por tudo isso, mesmo sem saber pelo que está passando.

Múltiplas fraturas pelo corpo. Traumatismo craniano. Uma vertebra quebrada perfurou seu pulmão, fazendo com que ela só respire, até hoje, três anos depois, com a ajuda de uma traqueostomia.

Por não ter família, ou parentes tão próximos e conhecidos assim, seus novos amigos de trabalho é que a visitam frequentemente no hospital. Os custos estão sendo pagos por Geromi, o cara que se sente culpado por tudo isso que está acontecendo com ela.

Mas de uma coisa Joama precisa: respostas. Será isso que ainda a mantem viva? A busca por respostas das coisas que a fizeram tomar um rumo que não se orgulha muito em sua vida?

Três anos em coma. Três anos dormindo. Três anos depois do terrível acidente quase a matou e Joama ainda está viva.

Geromi a visita quase todas as semanas. Não consegue não se sentir culpado por tudo isso. Não consegue ainda entender porque motivos tão bobos o fizerem a demitir. De fato ele se sente e é um tremendo idiota.

O escritório de Geromi faliu por causa dos outros advogados, que estavam o roubando, mas logo ele conseguiu dar a volta por cima e abrir outro, com o mesmo sucesso do anterior.

Pessoas, como os novos amigos de Joama, costumavam ir uma vez no mês, durante o primeiro ano, conversar com ela, com a esperança de que acordasse em qualquer momento. Porém isso nunca acontecia.

Paula, a mais intima de Joama, que literalmente conseguiu o emprego para ela, é a única que ainda mantem esse ritual, todo santo mês. Ela ainda se sente responsável por manter a amiga viva e nunca desistir de vê-la acordada.

A verdade? A verdade é que Joama está lutando com todas as suas forças para acordar. Há três anos vive em uma escuridão imersa por medos. Sente cada toque em seu corpo, mas não consegue escutar as vozes ao seu redor. Sente cada aroma, mas não consegue abrir os olhas e olhar em sua volta. Sente cada agulhada que recebe dos médicos e enfermeiras, mas não consegue mexer um dedo se quer.

Essa é a nova vida dela. Vegetando em cima de uma cama de hospital, sem esperança de viver.

Geromi chegou mais uma vez, como faz quase todas as semanas, e se sentou na poltrona ao lado da cama de Joama. Ele parece atordoado e sentiu algo novo ao tocar a mão da mulher deitado no leito.

Pode ter sido impressão dele, mas que sentiu sua mão mais quente que dos outros dias sentiu. Fitou o rosto dela e encontro-o um pouco menos pálido que o normal. Será que isso significa alguma coisa?

Geromi, institivamente, deu um pulo da poltrona e foi em direção a porta, mas antes que pudesse abri-la, a mesma se abriu rapidamente, dando espaço para uma mulher de cabelos pretos e olhos castanhos entrar no quarto.

Os dois se encararam por longos segundos, tentando analisar um ao outro. Nenhum fez questão de quebrar o contato visual que ali se estabeleceu. Mas Geromi ainda estava em êxtase e foi o primeira a pronunciar alguma coisa.

- Veja. - puxou Paula pela mão e a colocou em frente ao corpo moribundo de Joama. - Ela não parece mais corada? - pegou uma mão da mulher e a empurrou em direção a outra. - Toque nela.

Paula estranhou, logo de inicio, a reação de Geromi, mas quando constatou que o que ele estava tentando lhe mostrar e dizer soava, nesse momento, como uma esperança a mais fez tudo que ele lhe instruiu.

Tocou na mão de Joama e sentiu sua pele um pouco menos gelada que a da semana anterior. Olhou em seu rosto e constatou que realmente aparentava mais corado.

- Eles devem ter aberto as cortinas do quarto e desligado o ar-condicionado.

Geromi negou com a cabeça e fez pouco caso, relaxando as mãos na frente de Paula.

Os dois mal se esbarravam quando iam visitar Joama, nas poucas vezes que acontecia, sempre se cumprimentavam principalmente por educação.

Voltaram sua atenção para Joama e um barulho, vindo do aparelho ao lado da cama apitou. Os batimentos cardíacos dela estão aumentando. A pressão sanguínea está cada vez mais acelerada e o eu de fato não era esperado aconteceu: Joama abriu os olhos abruptamente.

A luz fez com fechassem novamente e dessa vez ela começou abrindo-o devagar, de modo que suas pupilas se dilatassem, para assim se acostumar com a luz. Pois foram três anos com os olhos fechados.

Paula correu para chamar os médicos e Geromi se aproximou de Joama. Pegou em sua mão e sentiu seus olhos se inundarem de água. Ela o encarava, sem entender nada do que estava acontecendo. Apertou sua mão, tentando reconforta-lo, mesmo sem saber o motivo de ele estar chorando.

Ela olhou para os lados e não encontrou nada familiar a sua frente. Tentou lembrar seu nome, quem era, o que fazia, porque estava ali e principalmente o que havia acontecido com ela.

E o fato foi confirmada: Joama não lembra de nada.

A vida pode até ser fácil para alguns, mas com certeza todos passaram ou passarão por momentos difíceis, que não sentem muita fé de que vão superar. Mas com Joama foi diferente. Ela se mostrou forte até em seu quase leito de morte e lutou pela vida.

Todos algum momento vão se perguntar se realmente vale a pena viver a vida que está vivendo e podem até chegar a conclusão de que o mundo é ingrato e não te merece, mas são casos como o de Joama, de superação e esperança que te levam a pensar que pode ter (e com certeza tem) pessoas que vivem de forma muito pior que a sua e estão vivendo, sem pensar no porque o ou no amanhã, só pensando no agora.

Vendo Nudes!Onde as histórias ganham vida. Descobre agora