Sorry, Lord. I'll tell your my sins

482 44 32
                                    

Perrie's point of view.

- Perrie, você sabe que não precisa fazer isso.

- Mas eu devo Jade. Há essas cartas... e elas vão me contar a verdade. Hayes merece saber a verdade.

- A única coisa que Hayes deve saber é que o pai morreu lutando pela pátria. Você não acha que o garoto já está confuso o suficiente?

- Nós merecemos a verdade, Jade.

Foi essa conversa que me levou ao presente momento. Para as vibrações que meu corpo sentia cada vez que o trem passava pelos trilhos; a paisagem lá fora, antes admirada por mim, agora nunca me pareceu tão insignificante.

Certa vez me disseram que quando alguém especial em nossas vidas morre, você perde toda a sua essência e o seu brilho, você também perde a vontade de viver. Você não olha mais seu reflexo ou dorme sorrindo, você não faz nada mais para você, você apenas continua vivendo... diferente.

Mas para mim não era assim. Quando Zayn morreu, eu perdi o meu chão e comecei a duvidar da minha capacidade de cuidar do nosso filho sozinha. Eu estava prestes à entrar em depressão, mas isso nunca aconteceu. Hayes parecia saber que eu precisava dele e quase nunca me deixava sozinha para chorar, mas quando deixava... eu chorava até não ter mais lágrimas.

Contudo isso foi passando, dia após dia, como uma flor desabrochando. Eu não fiquei tão mal quanto deveria, ainda sentia aquela dor, mas tentava me manter forte.

Eu agia como se Zayn ainda estivesse no Afeganistão, lutando pela pátria. Agia como se sua morte não passasse de uma viagem. Era difícil aceitar sua morte, e eu acabei não fazendo isso, o que foi pior para mim, pois eu sabia que dessa viagem Zayn nunca voltaria.

Minhas noites dormindo agoniada fizeram falta, agora eu mal dormia, e quando conseguia, a dor me corrompia. Eu morria de agonia quando Zayn estava na guerra, morria de medo de um dia receber uma ligação no meio da noite, eu não estava preparada emocionalmente, mas mesmo assim um dia eu realmente recebi essa ligação.

Eu tenho uma filosofia, que diz que tudo na vida têm um preço, até mesmo as coisas que pareçam mais insignificantes para você, lhe cobram muito caro mais tarde. E acho que meu noivo esteve descobrindo isso por conta própria.

Sete. Esse número me perseguia todos os dias e me assombrava todas as noites. Hayes tinha sete anos, e nunca conheceu de verdade o pai. Quando Zayn pegava licença do exército e passava míseros meses conosco, ele contava histórias de guerra para o nosso pequeno. Mas ele nunca chegou a contar a verdade.

Ele também não chegou a contar que nunca lutou de verdade.

As vibrações em meu corpo por causa dos trilhos que o trem passava me fizeram acordar do transe, e voltar a encarar a carta de sinceras condolências do Exército.

Porém, junto com essa carta, haviam várias outras empilhadas ao lado, na mesa em que eu apoiava meus cotovelos.

Haviam cartas que o Exército mandou para a minha casa; cartas que o Zayn escreveu dia após dia contando seus dias e suas histórias. Cartas que eu faria questão de ler cada uma dia após dia e assim sucessivamente.

E mesmo depois de toda a sombra que minha vida se tornou, meu novo motivo para sorrir e voltar à minha essência se encontrava naquela pilha grande de cartas, e apesar de tudo, eu estava feliz, pois hoje eu começaria a ler cada carta. Haviam exatas trinta cartas, e eu sabia que elas seriam as razões para eu conseguir sorrir por pelo menos um mês.

send my love » zerrieOnde as histórias ganham vida. Descobre agora