CAPÍTULO 04

11 1 2
                                    

― E o que você anda fazendo nesses últimos dias? ― perguntou o meu psicólogo. Desde que minha mãe morrera, o que já fazia algum tempo eu tinha que visitá-lo pelo menos uma vez no mês, do contrário ele apareceria na minha casa. E acredite, isso não é nenhum pouco legal.

Fiquei pensativo, será que eu poderia contar sobre a investigação? Provavelmente não, mas contaria sobre as duas irmãs.

― Conheci duas garotas, na verdade, duas irmãs.

Dr. Callis me olhou cuidadosamente enquanto levantava uma de suas sobrancelhas.

― Oh. Faz um bom tempo que não lhe vejo falar de garotas... — havia um certo entusiasmo em sua voz, mas havia também algo do qual não consegui identificar.

― Eu não costumo sair muito de casa.... Sabe disso. ― cruzei os braços.

― Sim, sim. É mais interessante ficar em casa olhando coisas sobrenaturais e macabras, certo? ― preferi não responder correndo meu olhar para a sua sala. Fileiras e mais fileiras de livros chatos sobre como dizer se uma pessoa é louca. ― Então, porque agora está andando com elas?

― Não sei.... Elas são... interessantes.

― Huum... Bom, muito bom. ― eu nunca sabia o que pensar quando ele dizia isso. ― Monsier Bridegt, poderíamos passar a nos vermos de 15 em 15 dias?

― O que? Por quê? ― questionei indignado. Já era insuportável ter que aparecer aqui uma vez por mês imagina de 15 em 15 dias.

― Nada, acho que será melhor para o senhor. ― disse cruzando as mãos enquanto me olhava por cima daqueles óculos quadrados. ― Concorda?

Eu odiava quando ele fazia isso. Sempre sentia que se por acaso recusasse eu iria acabar em um manicômio.

― Ok. ― resmunguei de cara fechada.

― Ótimo! ― falou se levantando enquanto sorria. ― Nos vemos daqui quinze dias, Monsier.

Ele me estendeu a sua mão e eu a apertei. Saindo do escritório do meu psicólogo me dirigi à saída encontrando Alícia e Carmem me esperando no estacionamento. Olhei para trás e vi que o Dr. Callis nos observava pela janela de seu escritório. Não gostava daquele olhar dele, era como se estivesse me analisando o tempo todo. Resolvi ignorar e seguir o caminho.

Cheguei à minha casa em meio aos suspiros. Ontem no restaurante não conseguimos descobrir nada o que deixou Alícia bem chateada. Carmem ficou de animá-la, mas, sinceramente tudo o que eu queria era um descanso. Sem falar na máquina que ligou sozinha, nós nem tocamos no assunto, aquilo parecia maluco demais...

— Acho que vou me deitar. Vocês não vão para a casa de vocês? — fui em direção à porta do meu quarto. As duas me olharam como se eu tivesse contado uma piada, percebi que não adiantaria expulsá-las, já que as mesmas não iriam embora e provavelmente dormiriam novamente na minha casa.

Joguei-me na cama e fui pego rapidamente pelo sono.

Eu corria desesperadamente. Olhava para trás constantemente, sentia o perigo atrás de mim mesmo eu não conseguindo ver nada. Só sabia que precisava correr como se minha vida dependesse disso.

Meu coração estava acelerado, a respiração pesada, as pernas já doloridas pelo esforço e o desespero consumia a minha mente.

Depois de um tempo correndo cheguei à um local onde identifiquei sendo uma cozinha. Ouvi um barulho atrás de mim e resolvi me esconder por detrás de uma das máquinas que ali estava.

BrouillardOnde as histórias ganham vida. Descobre agora