Capítulo 4

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CARL

Vir a esse lugar pode não ter sido a melhor das minhas ideias. Aqui sempre fora o lugar que eu preparei para viver com Sam, para quando ela quisesse compor... Quando comprei a propriedade eu tinha algo em mente, queria um lugar bonito, calmo e perfeito. Quando vi a casa com o pequeno lago, não pensei duas vezes, eu queria esse lugar pronto para quando ela voltasse. Contratei um paisagista e arquiteto para deixar o lugar ainda mais perfeito. Só que, antes de terminar a obra, recebi aquela carta de Sam e tudo desmoronou ao meu redor. Tudo ficou inacabado até alguns anos depois, quando eu saí das forças especiais e vi que tinha uma propriedade sem uso. Ir até lá era doloroso, pois os planos que tinha feito para viver já não eram possíveis. Mas eu decidi terminar com obra. Poderia sempre vender se quisesse, mas nunca tive coragem de me desfazer do lugar.

Depois de anos, vir a essa casa é como gravar uma adaga afiada em meu peito. O lugar era decorado para parecer rústico. Mas um rústico requintado, decorado com elegância e classe. Eu almejava o melhor para minha Sam. Era rodeado por hectares de terras além do lago, era perfeito e calmo. Eu estava demasiado ferido para aproveitar o lugar quando não foi possível viver aqui os nossos planos.

Eu nos imaginava aqui. Seus cabelos soltos na brisa vindo do lago, sua voz chamando meu nome em um sussurro rouco, seu riso que sempre trazia alegria ao meu coração, me sentia orgulhoso por ser o cara que a fazia rir. Imaginava seus olhos claros e risonhos em uma cor indefinida que me cativava sempre. Imaginei-a aproveitando o deque em um piano compondo suas músicas, mas tudo não passou de um sonho de minha parte. No fim, a única coisa que proibi o decorador de não colocar aqui foi um piano. Esse item foi riscado da lista. De todas as coisas que já ouvi umas das mais certas é: as pessoas que você mais ama são as mais difíceis de manter por perto. Amar demais, às vezes, pode ser a ruína de um homem.

Eu não sei se o que sinto por Samantha ainda pode ser chamado de amor, já se passou tanto tempo, mas vê-la hoje foi tão doloroso! Pode ser uma obsessão? Por ela me abandonar, isso virou uma obsessão?

Droga, Carl O'nell , você está completamente ferrado. Nem sabe que dia é hoje e isso é apenas o começo, seu trocha. Dou-me um tapa mental para voltar a realidade.

Deixando de lado minha besteira sentimental, coloco minha coisas no quarto e vou até a cozinha verificar os suprimentos. Vejo que terei de ligar para o caseiro pedindo que trouxesse suprimentos amanhã. Bato na minha testa lembrando que deixei o celular para trás. Droga. Bem, posso ir de carro comprar.

Voltando para a sala me jogo no sofá de aparência desconfortável, e é realmente. Gosto deles confortáveis, mas esse é esquisito para o meu gosto.

Devo ter cochilado porque acordei com a luz tênue do amanhecer se infiltrando pela janela. Minha cabeça dói. Deve ter sido o uísque que bebi ontem. Levantando vou para a cozinha onde acho pó de café e começo a preparar uma xícara. Como um velho hábito, procuro meu celular outra vez e balanço minha cabeça quando lembro que não o tenho. Movimento errado a fazer quando sinto como se meus miolos fossem sair do crânio. Deixo a água no fogo e saio à procura de uma aspirina. Vasculho o armário do banheiro e encontro uma caixa com advil e pego um. Volto para cozinha e engulo o remédio antes de começar a tomar meu café.

Carl - Série Guarda-Costas #3  DISPONÍVEL NA AMAZONOnde as histórias ganham vida. Descobre agora