Capítulo 1

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    LUKE

"Às vezes, coisas ruins acontecem,

e não há nada que você possa fazer

sobre isso. Então, por que se preocupar?" — Rei Leão

A tarde de hoje tem tudo pra ser apenas uma como outra qualquer na minha vida. Ainda não aconteceu nada que não seja comum para um astro da TV e do cinema como eu: Luke Showalzer. São seis da tarde e eu estou sentado em minha cama king size, na suíte que meu agente reservou para mim no Plaza. O hotel onde escolhi me arrumar para o Baile de Gala do MET.

A camareira já entregou o meu smoking devidamente passado e eu consegui atingir o barbeado mais rente que de toda a minha vida. Já mencionei o meu perfume? Meu perfume é simplesmente sensacional. Some isso aos meus olhos azuis e meus cabelos pretos cuidadosamente despenteados e você tem a definição de visual perfeito.

Pelo menos foi o que a Teen Vogue falou sobre mim no último red carpet.

O problema é que, nesta equação perfeita, existem várias imperfeições que ninguém nunca nota. Em parte, porque aprendi a escondê-las com o passar do tempo, em parte porque ninguém realmente procura por elas.

Você só enxerga aquilo que quer ver.

A minha equipe, por exemplo, neste momento está focada em resolver o que parece ser o maior problema da noite: a ausência da minha limusine.Ela saiu do status "elegantemente atrasada" para pior serviço prestado na face da Terra há meia hora. E ninguém nem se deu ao trabalho de entrar em contato para avisar o que está acontecendo!

Eu sei que deveria me preocupar, fazer alguma coisa, mas a animação que eu sinto com a ideia de ir ao baile de gala do MET é praticamente zero.

Tá bom, está mais negativa do que a minha conta bancária no início da minha carreira como ator.

A coisa toda é que eu tenho um pressentimento gigante de que algo muito ruim vai acontecer. E não é só por eu ter metido os pés pelas mãos, provocando a ira de uma das poucas pessoas capazes de fazer com que a minha ruína seja tão certa quanto a morte.

A sensação é esmagadora e paira ao meu redor como uma nuvem carregada, prendendo todo medo e nervosismo a mim.

Encarei o teto por mais meia hora, tentando contar o número de lâmpadas e rococós, pensando se alguém realmente notaria se eu não aparecesse, quando um telefone foi jogado no meu colo por um de meus assistentes.

Acho que eles finalmente decidiram que é socialmente aceitável ligar para tirar uma satisfação.

Conforme esperava a chamada ser recebida, comecei a me sentir um pouco irritado comigo e com a situação toda. Não quero perder os spotlights do red carpet nem as melhores fofocas da noite, mas também não quero abrir mão da proteção que as paredes do hotel me oferecem.

"Todo mundo sabe que só os fracassados chegam por último, quando já não tem mais ninguém esperando para assistir". Eu consegui escutar a voz debochada de Carson recitar de novo e de novo.

Talvez isso me custe meu emprego na série... talvez ninguém mais me queira nem em comercial de supositório.

— Limusines do Moe, em que posso ajudar? — disse o atendente com o inglês carregado com um sotaque hispânico.

— Boa tarde, eu solicitei uma limusine para me buscar aqui no Plaza há, pelo menos, duas horas. Eu gostaria de saber como anda a situação, se ainda vai demorar muito? — perguntei enquanto andava de um lado para o outro no quarto, tentando reunir toda a calma que me restava.

Caindo na Real [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora