Capitulo 3

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            - Desculpa, mas no momento não estamos precisando de funcionários. - A gerente da loja me olhou com dó e sorriu profissionalmente.

             - Tudo bem, sem problemas então - peguei minha bolsa do banco e minha pasta de currículos enquanto ajeitava meu casaco. - Me liga caso apareça uma vaga então.

             - Pode deixar, vamos guardar seu currículo, e assim que precisarmos te dou minha palavra que nos lembraremos de você.

            Algo no tom que ela falou me dizia que aquilo não era verdade, que ela iria jogar meu currículo no lixo assim que eu saísse de lá, aquela típica frase de: "Vamos nos lembrar de você.", era só um jeito de incentivar a não desistir. Concordei com a cabeça de modo profissional e me virei saindo da loja.

         Já era quarta- feira, faziam cinco dias que eu havia me mudado para New York e ainda não tinha conseguido um emprego.

       Eu sabia que não seria fácil, principalmente para alguém que só carregava uma  única experiência no currículo, mas não pensei que seria tão difícil assim. Eu estava a três dias entregando currículos e até agora não tinha recebido nem uma ligação para entrevistas.

        Abri a porta de casa aliviada, estava tentando fugir de dona Lucinda desde nossa última conversa, pelo menos isso estava dando certo. Era uma missão bem arriscada, já que ela descia três vezes por dia apenas para olhar a rua pelo vidro da porta do prédio.

          O som do salto dos sapatos dela já estava parecendo um alerta de ameaça, era fácil ouvir de longe, e cada vez que descia um degrau da escada ficava mais alto, anunciando o grau de proximidade da ameaça.

          Joguei minha bolsa junto à pasta de currículos no sofá e fui para a cozinha. Do jeito que as coisas estavam indo, não demoraria muito para eu ficar doente se dependesse da minha alimentação, pelo fato de que eu trabalhava em restaurante, nunca me preocupei em aprender a cozinhar, eu almoçava lá, e sempre levava uma marmita para jantar em casa. Nunca pensei que sairia de lá, e agora isso estava fazendo muita falta, viver de Fast Food não é algo recomendado e nem saudável.

           Peguei um X- burguer congelado, coloquei- o no micro-ondas, que era meu melhor amigo nos últimos dias e voltei para a sala.

              Reli meu currículo mais uma vez, ele estava bom, tudo bem que eu só tinha um único emprego, que era o restaurante de Izac, mas ele havia feito um texto de recomendação muito bom e se as pessoas se preocupassem no mínimo em ler, talvez aumentasse minhas chances de arrumar um emprego logo.

            Quando eu estava relendo meu currículo pela terceira vez, fui interrompida por uma explosão vindo da minha cozinha. Merda. Merda. Merda!

              Corri até lá me deparando com meu micro-ondas pegando fogo por dentro. Meu único amigo estava consideravelmente morto. Que Ótimo!

           Eu entrei em pânico sem saber o que fazer, se eu o abrisse o fogo poderia sair e incendiar meu apartamento inteiro, e se mesmo assim eu não morresse, Lucinda com certeza faria esse serviço por mim.

           Decidi então fazer o que parecia ser menos arriscado, que seria tirar o micro-ondas da tomada. Claro que a essa altura minha cozinha já havia sido tomada por fumaça, não só ela, como meu apartamento inteiro e se eu não fosse mais sortuda, não demoraria nada pra Lucinda sentir o cheiro.

            Tirei o cabo do micro-ondas da tomada com todo cuidado e lentidão possível, rezando mentalmente para não ser eletrocutada.

           - Você precisa de ajuda moça? - Me virei assustada soltando um curto grito por uma voz que não parecia nada com a de Lucinda, e soltei mais um grito ao ver que era uma garotinha me olhando curiosa.

 Mudança faz parte, reviravoltas a parte.Where stories live. Discover now