Capítulo 31

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" Duvida da luz dos astros,
De que o sol tenha calor,
Duvida até da verdade,
Mas confia em meu amor."

~William Shakespeare

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Acordei atordoada, pois finalmente lembrei do menino que brincou anos atrás comigo. Eu não posso acreditar que é Hunter. Só pode ser uma brincadeira de muito mal gosto. Quem podia imaginar que o garoto que foi meu amor da infância era o cara que eu odiava até um tempo atrás. Acho que no final das contas estávamos destinados a ficarmos juntos, pois não tem outra explicação.

Soltei uma risada que encheu meu coração de felicidade. Mas que durou apenas alguns minutos antes da terrível constatação que talvez eu nunca mais reveja Hunter, seus amigos idiotas, minha tia Haile, Elisa e Dean.

Suspirei pesadamente, pois eu não sei quantos dias se passaram, ou que horas são. Eu só sei que estou definhando um pouco a cada vez mais.

Minha cabeça dói e meus olhos pesam. Collin me traz comida uma vez ao dia. É somente nesses momentos que ele solta as amarras dos meus pés e mãos. Não tomei um banho digno desde que chequei nesse inferno. Eu só queria ter notícias de como Elisa e o pessoal estão.

Levo mais um pedaço de pão à boca e fito a janela com grades ou melhor a única coisa que me faz ver se é dia ou é noite....

Não sei se às vezes estou ficando louca, mas eu imagino Hunter me resgatando. Eu sei, parece estúpido, mas é o que me motiva.

Será que ele está me procurando? Ou ele já seguiu em frente...

Acho que estou ficando paranoica e esses pensamentos me deixam doente.

É melhor esquecer. Fito o quartinho imundo aonde estou infiltrada. Uma pequena cama de solteiro com lençóis que fiz questão de retirar, pois creio que algum dia já foram brancos...Um pequeno banheiro com um chuveiro e uma privada. E um espelho, quer dizer, metade de um espelho. Aonde eu vejo a decadência que me tornei.

- Clary?

Faço o meu melhor sorriso falso e vou em direção a pessoa que mais odeio na face do universo.

- Estou aqui, Collin.

Seu sorriso doentio brotou em seu rosto. Mas seus olhos estavam desprovidos de qualquer emoção.

Meu estômago embrulhou pelo forte perfume adocicado de mulher. Seus lábios, assim como seu rosto estavam sujos de batom vermelho.

- Linda como sempre, Clary. - fez menção de se aproximar, mas eu me afastei.

- Isso é um ótimo elogio. - menti enjoada.

- Vejo que estava com companhia. - falei debochadamente.

- Elas não se comparam à você, Clar. - Collin disse com uma expressão estranha. - São apenas putas, elas são pagas para isso. Mas eu estou disponível de corpo e alma para você.

Controlei-me ao máximo para não manda-lo para que o raio que o parta.

- Eu fico imensamente grata, Collin. - eu deveria ganhar um oscar por mentir na maior cara se pau. - Eu sei que somente eu tenho um espaço no seu coração.

Ele abriu um sorriso que me deu um calafrio na espinha.

- Eu fico muito feliz que você saiba, Clary. Somente você e só você.

No mesmo instante a porta foi aberta por uma mulher seminua.

- Collin baby, você estava demorando e eu vim checar o que estava tomando o seu tempo. - a vadia olhou como se quisesse me matar.

Inevitável AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora