A cura para o desejo secreto.

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Querido diário!

Desde que me aconteceu o ataque, minha vida mudou completamente, meu pai e eu nos mudamos para um apartamento, num bairro vizinho ao que morávamos, e ele contratou um segurança para me vigiar quando eu saísse de casa, eu não sabia quem era.
Achei melhor.

Para esquecer o que me aconteceu, ou tentar pelo ao menos, comecei a estudar muito, então foram longos trabalhos e provas para terminar o semestre, terminei o semestre e estou de férias. Foi bom porque ocupou minha mente de forma extraordinária, estou fazendo a terapia com o psicólogo, está sendo bom. Estou conseguindo me entender melhor. Meu pai ficou três meses comigo, e aproveitei para ajudar em seus projetos, conversamos bastante a respeito da Lana, do seu caso com ela, e descobri várias coisas a respeito de meu pai, que jamais imaginei. Afinal de contas ele é ser humano cheio de falhas assim como eu. Me disse que se arrependeu de ter traído minha mãe, mas ele se apaixonou por aquela mulher, enfim não quero falar dela. O perdoei isso é o que importa. Falamos sobre o Edson e ele não aceitou de forma alguma meu relacionamento com ele, disse que prefere morrer a me ver com ele. Eu contei ao seu Henrique que o Edson é uma pessoa de quem gosto, mas sabia que não teríamos chance uma vez que fiquei com ele mais por vingança, eu o considero vítima, meu pai não. Sei que ainda vou encontrar ele, e conversaremos.
Eu e meu pai agora estamos sempre juntos em workshops, feiras, estou indo nas obras com ele, conheci a rotina do seu escritório, a Lana foi eliminada dos projetos, eu conheci vários engenheiros, jovens e lindos mas só um me chamou a atenção, mas ele não é engenheiro. Aliás ele foi contratado no escritório pelo meu pai. Meu pai disse que é o arquiteto que ficou no lugar da Lana. Mas ele tem uma coisa que me intriga, ele quase não olha pra mim. Quando vou até lá, coisa frequente agora, ele me dá bom dia secamente, frio igual gelo. Depois do estupro, eu me esforcei para esquecer a violência sexual sofrida, para que isso não me atrapalhasse no sexo, e confesso que fiquei sem vontade um tempo, devido ao trauma, mas não associo o trauma, ao meu gosto por sexo, é totalmente diferente, enfim, o nome do arquiteto jovem e moreno dos olhos negros iguais oliva é Lucas, senti que depois de conhecer ele, minha vontade de fazer sexo voltou.
Desde quando o vi pela primeira vez, senti algo diferente de tudo o que havia sentido por outros homens, eu fico tímida cada vez que ele se aproxima.
Sei que tenho que falar sobre o Greg e o Caio.
Então... Vou contar como ficaram nossas situações. O Greg foi à China, ele recebeu um convite para fazer um curso de artes marciais. Estamos mais próximos do que antes, ficamos muito amigos, então não posso falar de relacionamento, por enquanto,não há nada definido, nos falamos frequentemente pela internet, tenho um sentimento especial pelo Greg, devo minha vida a ele, quando ele voltar, se voltar, acredito que ficaremos juntos, mas não sei...
Não cobro nada dele, e nem gosto de ser cobrada.
Eu e o Caio conversamos depois num encontro, até trocamos beijos, mas...
Parece que tudo o que me aconteceu antes do incidente, é como chamo a tragédia que me aconteceu, perdeu a graça.
Falamos principalmente sobre o Edson e confesso que minha conversa com meu ex professor precisará acontecer de qualquer jeito só não sei quando.
Disse ao Caio que não estava preparada para nada e ele não poderia contar comigo para transas casuais, que é o que ele queria, senti um pouco no início por ele ter uma sintonia maravilhosa com meu corpo, e ser lindo, mas resolvi deixa ele para que o mesmo encontre seu caminho.
Mas o Lucas...
Ah! esse me intriga e me deixa extremamente excitada.
Hoje pelo fim da manhã fui ao escritório de papai levar uns documentos que ele esqueceu em casa, ao chegar lá, meu pai havia saído,e estava o Lucas em sua sala, quando cheguei fui direto para a sala, e quando abri a porta deixei os papéis caírem devido a visão com a qual me deparei.
Ele estava sem camisa, de costas, limpando o chão percebi que ele deixou cair molho de tomate na camisa e no chão, suas costas largas e fortes me molharam a calcinha de uma tal forma, que quase o abracei por trás. Ao se virar e me ver abaixada pegando os papéis ele me cumprimentou secamente, e saiu, me deixando abaixada pegando os papéis, sem nem ao menos me ajudar. Confesso que fiquei furiosa pela descortesia, mas a visão de seu peitoral moreno com pelos macios e aparados me deixaram louca. Deixei os papéis sobre a mesa e fiquei sentada na mesa de meu pai, olhando meus emails, fiquei um tempo na sala e me distrai , o Lucas entrou na sala já com outra camisa de cor preta com os punhos fortes à mostra, e meu coração disparou, então se dirigiu a mim:
- Oi Júlia seu pai ligou!
Que voz....
- Ele me pediu pra ir com você ao shopping em construção onde está seu novo projeto, ele quer te mostrar.
-Vamos?
Pode ser que eu esteja ficando louca, mas vi seus olhos brilharem quando levantei da mesa e ele olhou para minhas pernas à mostra. Eu estava com uma saia de couro justa preta na altura dos joelhos, uma blusa verde escura regata, levemente transparente,salto altíssimo, ele parou de olhar meu corpo coisa que dificilmente fazia, se virou sem aguardar minha resposta e eu saí logo atrás dele. Descemos para o estacionamento no elevador do prédio que ficava no décimo andar de um prédio comercial, chegando ao estacionamento eu falei:
- Meu carro ou o seu?
Ele me fuzilou com seus olhos negros e respondeu:
- No seu, eu não tenho carro.
Eu fiquei vermelha, de raiva e de vergonha, e juro que pude ouvir ele resmungar baixinho antes de entrarmos no carro.
-Patricinha...

Fiquei furiosa, e pensei...
"Eu nunca fui patricinha, odeio esse estereótipo,não tenho culpa de ter um carro."
Ele me tirou dos pensamentos e resmungou:
- Vamos Julia!
Fiquei sem graça novamente e pedi desculpas, coisa que raramente fazia a um homem machista.
Dirigi em silêncio, ele também mudo sem dar uma palavra.

Tentei conversar com ele...

-Lucas...
-Sim. Ele respondeu com aquela voz...
-Você tem namorada?
Ele me olhou incrédulo, e respondeu:
-Claro!

Foi como um soco no estômago, estava chegando no farol e pisei no freio com força. O Lucas veio com o corpo para frente, mas o cinto o segurou.

Eu nunca havia sentido ciúmes de homem nenhum, mas pela primeira vez na vida eu fiquei com ciúme e inveja da garota que estava com ele.

-Calma Ju. O Lucas falou.
Ele sorriu, pela primeira vez naquele dia e que sorriso...

Mas acredito que minha feição estava tão fechada que ele desviou os olhos sem graça.
Chegamos ao shopping em construção, passamos pela inspeção, coloquei o EPI necessário e subimos onde estava seu Henrique, e pude perceber o quanto meu pai gostava dele. Papai me beijou no rosto saiu com o Lucas um pouco e fiquei observando a obra. Seu Henrique voltou rápido sem o Lucas, e me mostrou o projeto era de um mini parque dentro do shopping, com direito a chafariz.
Eu observei o projeto e tive uma ideia de colocarmos um aquário pequeno de uns 90 cm num canto que ficaria vazio. Meu pai adorou a idéia, chamou o Lucas para mostrar, ele voltou e gostou também, e falou:
-Ela puxou ao pai, boas idéias.
Piscou para mim, fiquei vermelha mas olhei dentro dos seus olhos negros, ainda não havia esquecido a raiva por ele ter namorada, olhei seus olhos negros, sua pele morena seus traços lindos, sobrancelhas escuras, boca delineada vermelha grande, dentes perfeitos. Não resisti, sorri para ele também.
- Pai estou com fome, vamos almoçar?
- Vamos sim, já almoçou Lucas?
-Ainda não, tentei...
-Mas estraguei o almoço, vamos sim.
Saímos. Fomos num restaurante próximo a construção nos sentamos pedimos, e fiquei observando, os dois conversarem, descobri a idade do Lucas, trinta e dois anos, de repente, uma morena linda entrou no restaurante e abraçou o Lucas por trás, dando um beijo em sua bochecha, ela era mais velha do que ele, mas linda.
Meu coração disparou quando o Lucas a abraçou e sorriu de orelha a orelha .
Meu pai levantou da mesa com os olhos brilhando.
-Que surpresa boa! Senta conosco!
-Claro! Ela respondeu e senti meu rosto corar tamanho ciúmes senti dela com o Lucas.
Meu pai a apresentou ,ela se chama Lívia ela é arquiteta, está num outro projeto do meu pai. Detesto confessar, mas gostei dela, simpática educada e linda. O almoço foi agradável, mas eu tomei uma garrafa de vinho inteira, e fiquei quieta o restante do almoço.
Meu pai me ajudou a levantar no almoço, estava embriagada, saímos do restaurante fomos direto para a construção, foi difícil chegar lá, mas mantive a pose. Meu pai me levou a sala de descanso e acabei dormindo lá.
Quando acordei de ressaca, estava com um lençol branco sobre meu corpo e o Lucas estava lá dentro comigo, já tinha escurecido. E o silêncio era total...

Continua.

O Diário de JuliaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora