Capítulo 1

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- Você tem certeza que não querer ir com a gente Carol? - Verônica pergunta enquanto escolhe entre as dezenas de pares de sapatos qual será o felizardo da noite.
- Não, obrigada. - me acomodo na cama para confirmar. - Eu mal conheço suas amigas e quero terminar de ler o livro, tenho que devolve-lo amanhã.
Verônica para de mexer no armário e olha para mim, incrédula com a troca, na sua opinião, absurda que eu estou fazendo.
- Nossa! Tem certeza que vai deixar de ir a uma festa pra ler um livro?
A verdade é um pouco mais do que isso. Conquistar minha liberdade tem sido uma longa e exaustiva batalha que travo com todos a minha volta, não foi fácil provar que estou pronta para "viver" novamente, mas eu consegui. Isso não significa que eu estou pronta para ir a festas e me divertir. Eu apenas estou dando um passo de cada vez, e nesse momento ir a festas não está nem perto do que consigo fazer.
-Tenho sim Vê. - respondo convicta da minha decisão.
Verônica tenta mais alguns minutos, descrevendo alguns dos pontos que me farão pular da cama em busca do vestido perfeito para a noite, mas estou irredutível e ela desiste bufando e reclamando.
Veronica é uma boa companheira e com o passar dos tempos se tornou uma grande amiga, agitada e baladeira, ela é na maioria das vezes divertida e sua alegria as vezes balanceia meus altos e baixos, nem sempre ela percebe, mas se não fosse por ela, talvez eu já estivesse de volta para aquele lugar.
- ... Aliás elas são muito legais e você também não facilita muito a convivência não é Carol?
- É verdade eu admito sou um monstro! - respondo ignorando suas reclamações.
- E ai o que você acha? - Verônica se vira de um lado para o outro para que eu possa analisar seu modelito. - Tá legal?
- Linda, com sempre. - admito extraindo um sorriso espetacular do seu rosto de boneca. - Viu só, mais um motivo para eu não ir nesta festa, seria uma humilhação pública, você está maravilhosa Verônica,
Verônica dá um gritinho de excitação, essa festa tem um sabor especial, ela tem certeza que dessa vez vai conseguir ficar com o carinha de quem ela tanto fala e eu estou rezando para que isso aconteça, não aguento mais ouvir falar sobre esse tal rapaz.
Neste momento seu celular toca e ela corre para a porta me jogando um beijinho no ar.
- Minha carona já chegou estou indo. - ela esfrega os lábios um no outro e faz um biquinho para o espelho. - Tem certeza que você vai ficar bem?
- Ficarei ótima, não esquece do combinado.
- Pode deixar, bye bye. - ela sopra alguns beijinhos em minha direção, e sai batendo a porta do nosso apartamento como se fosse uma garotinha de seis anos empolgada para ir ao Zoológico.
Assim que ela se vai o silêncio se apodera do apartamento, e minha primeira reação ao silêncio ainda continua a mesma. Uma onda de agitação se forma em meu estômago e me contorço tentando afastar o mal estar. Por mais que eu tente, não consigo me livrar disso, mesmo com toda a disciplina e controle que aprendi a utilizar.
Levanto-me e vou até a cozinha, coloco uma música para tocar e aumento o som, permitindo que o barulho preencha cada canto do apartamento e me faça sentir que não estou sozinha. Preparo um sanduiche e como ali mesmo de pé enquanto deixo a música expulsar de meu corpo os fantasmas do passado.
Acordo três horas depois com uma dor nas costas horrível por ter dormido de mau jeito no sofá, e quando percebo que Verônica ainda não mandou nem uma mensagem sinto um calafrio na espinha. Merda! Eu preciso parar com isso ou me tornarei uma mulher paranoica. Passo um bom tempo roendo minhas unhas e olhando para o celular, até que não resisto mais e faço a ligação. Verônica atende no quarto toque.
- Pelo amor de Deus me fala que você tem um bom motivo pra ter esquecido de me ligar? - esbravejo sentindo meu coração acelerado no peito se acalmar. Ela está bem.
- Alô? Carol? - Verônica sussurra baixinho no telefone.
- Eu só quero saber se você está bem.
Ouço o som de beijos enquanto ela tenta falar comigo.
- Okay amiga... Valeu pela preocupação. - Verônica diz com a voz rouca, ouço uma respiração pesada ao fundo, quase um gemido que se aproxima do telefone. - Vai dormir, está tudo bem. - ela responde e sei que sua atenção está sendo requisitada, pois ela tem dificuldade em falar, seu parceiro se aproxima do celular e ouço algo que se parece com um gemido... Dessa vez mais alto como se ele quisesse chamar a atenção de Verônica, e consequentemente a minha... Puta merda! O som é tão alto que sinto como se ele estivesse fazendo esses sons aqui ao meu lado, no meu ouvido. Meu rosto aquece e meu coração disparar no peito como uma bomba prestes a explodir. Agora sou capaz de compreender toda a obsessão de Verônica em ficar com esse rapaz. Encolho-me no sofá e mesmo sabendo que estou sozinha no apartamento me sinto constrangida.
- Tá bom se cuida. - falo com a voz fraca e envergonhada, Veronica não me responde e fico aguardando ela desligar.
Mas ela não desliga... E eu cometo o meu primeiro erro.
O certo seria desligar a chamada e deixar o casal em sua privacidade, mas por algum motivo que eu não sei explicar, simplesmente não sou capaz de fazer isso e aguardo em silêncio por mais, fico quieta, fecho meus olhos e me concentro nos sons que ouço através do celular.
Os sons aumentam, palavras sem sentido, beijos, o farfalhar dos lençóis. Alguns gemidos de prazer enfraquecidos pelo êxtase do momento e muitos, muitos palavrões.
Quando dou por mim, estou ofegando, minhas pernas estão bambas e eu estou... Eu estou excitada!
Deus do céu. Isso é tão constrangedor... Eu estou ouvindo minha amiga transar com um cara e isso está me excitando.
Os sons se intensificam a medida que o casal chega ao clímax, e ao sons de "porra", "mais forte", " mais fundo", "ah meu Deus" embarco na mais absurda e louca experiência de minha vida. Eu ouvi um casal fazer sexo!

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Galerinha...
Que situação hein?

Estamos começando essa história e estou super ansiosa para saber a opinião de vocês,  portanto não esqueçam de me deixar um comentário,  isso me deixa muito feliz.
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Então é isso.
Um beijão e até sexta que vem

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