Final Alternativo

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Banir Kile foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz. Ouvi-lo dizer que me amava e dizer que abria a mão do seu sonho para ficar comigo, quebrou meu coração de uma forma que eu nunca achei que fosse possível. Ahren me fez acreditar que eu poderia ser rainha e também amar, meu pais criaram a era de ouro de Illea, entretanto, para mim o "felizes para sempre" não era tão fácil assim de ser alcançado. Eu era a rainha, mas não teria tudo, meu país viria na frente das minhas necessidades, dos desejos do meu coração.

Henri era a melhor opção, teria que ser ele, por mais que Eikko tivesse tocado meu coração – a paixão que surgiu em meu coração pela sua bondade, e seu altruísmo –, por mais que todos aqueles rapazes agora fossem uma parte da minha vida, eu teria que escolher um. E não poderia prender Kile a mim, não era justo acabar com os sonhos da pessoa que eu mais amava. Aquela revelação doía, eu amava Kile, talvez sempre soubesse por isso a indiferença dela a mim e ao palácio antes me causasse tanta raiva. E por amá-lo eu o fiz ir, Kile merecia as melhores coisas no mundo, mesmo que eu não estivesse no pacote. Com Henri, entretanto, seria fácil, pelo menos uma amizade nós já possuíamos, pelo menos era o que eu esperava, esse pensamento era a único fiapo de esperança que eu ainda tinha. Entretanto, a incerteza consumia o meu coração, e as decisões de uma rainha não poderiam ser preenchidas com incertezas, talvez receio, mas nunca incerteza.

Sentada na frente do espelho, eu observava o meu reflexo, estava pálida, mesmo com a maquiagem, e meus olhos revelavam as incertezas do meu coração. Como eu poderia convencer o meu país, se eu não conseguia convencer nem a mim mesmo? Eu não poderia me apresentar no Jornal Oficial daquela forma, não poderia mentir para o meu país no primeiro mês do meu Reinado. Acima de tudo, para ser a rainha que Illea merecia.

- Majestade, você tem 15 minutos. – Anunciou Eamon, um dos organizadores do Jornal. Assenti, e ele se retirou.

Posicionei a coroa na minha cabeça, e no mesmo instante que fitei meu reflexo no espelho, percebi que meu coração havia tomado uma decisão. Ahren estava certo, para ser rainha eu não tinha que ignorar o meu coração. Também não deixaria que uma ameaça sobre a minha coroa causasse uma mancha tão profunda sobre a minha vida. Afinal, eu era Eadlyn Schreave. Levantei-me rapidamente e fui até o estúdio do jornal, onde encontrei meu pai.

- Papai, papai. – Chamei-o, sem me importar com os olhares que me seguiam. – Pode me acompanhar, por favor? – Pedi, puxando-o pelo braço, sem dar tempo para que ele pudesse responder.

- O que está acontecendo Eadlyn? – Meu pai perguntou, ajeitando os óculos na ponte do nariz. Fechei a porta atrás de nós, e respirei fundo tomando coragem.

- Eu não posso fazer isso papai, me desculpa. – Confessei. – Eu não posso terminar A Seleção casada, eu conheço os riscos para a Coroa. Para ser uma boa rainha eu preciso me manter fiel ao meu coração, o senhor me ensinou isso.

Meu pai me encarava, em choque talvez, suas sobrancelhas arqueadas, fazendo com aquele segundo durasse uma eternidade. Temi que ele falasse que eu estava sendo inconsequente, que não mostrava nenhum respeito pelo trabalho da família Schreave.

- Por favor papai, me diga o que fazer. Me diga que está tudo bem, que eu posso terminar essa seleção. – Implorei, pegando as mãos do meu pai.

— Nós todos sabemos que você queria fazer isso rápido por causa de Marid, e eu acho que há um valor na sua linha de pensamento. Mas você não pode deixar que um valentão decida o resto de sua vida. Confie em mim. Você não tem que anunciar nada hoje. – Respondeu meu pai, parecendo atordoado pela notícia.

The Crown - Final AlternativoWhere stories live. Discover now