Epílogo.
Estava na minha sala, endossando uma lei criada pelo parlamento. Um ano e meio havia se passado, e a transição de monarquia estava se concluindo com sucesso. O povo aceitou a nova forma de governo. Marid fora completamente esquecido, nos primeiros meses algumas rádios ainda o ouviam, mas depois de discursos infundados e histórias estúpidas até os tabloides mais sensacionalistas desistiram de ouvi-lo. Lady Brice, agora Brice Mannors, primeira-ministra, estava lidando tão bem com a posição que era a favorita do povo para assumir a posição depois das eleições que aconteceriam em seis meses.
Meus pais finalmente tiraram suas merecidas férias, e estavam mais felizes do que nunca. Tio Aspen e sua esposa Lucy, adotaram um menino de três anos que vivia nas ruas de Carolina, e eu poderia afirmar sem dúvidas que era a criança mais amada de Illea. Os Woodworks estavam bem, madame Marlee finalmente havia me perdoado por ter banido Kile, senhor Carter andava fazendo vista grossa para Kaden, agora que ele e Josie eram namorados. E Kile, havia construído inúmeras vilas para desabrigados no sul do país. Casas ecologicamente corretas e que suportavam eventos naturais. Ele havia se tornado um dos arquitetos mais requisitados de Illea. Cada vez que ouvia sobre ele no noticiário, meu coração se enchia de orgulho. Eu sentia falta dele todos os dias, do seu cabelo desarrumado, do seu péssimo senso para moda, seus esboços, cada parte dele, mas saber que ele estava seguindo o seu sonho acalmava meu coração.
Passei para o próximo documento deixando meus devaneios de lado, quando uma batida na porta ressoou, chamando a minha atenção.
- Majestade. Um homem está requisitando uma audiência imediatamente. Disse que é um assunto de extrema importância. – Anunciou Marvin, fazendo uma mesura. Franzi a sobrancelha me levantando.
- Que homem? Não tenho nenhuma audiência agendada essa semana. – Perguntei, desconfiada.
- Desculpe, majestade mas... – Pobre Marvin não conseguiu completar a sentença, pois o tal homem invadiu a sala, tirando o cabelo da testa.
- Eu nasci aqui, desde quando preciso ser anunciado? – Perguntou aquela voz tão familiar para mim. Senti meus joelhos falharem, e me segurei na borda da mesa.
Kile Woodwork havia voltado.
- Kile... – Sussurrei. Um misto de alegria e surpresa, tomava conta de mim.
- Majestade. – Sorriu ele. Parando a certa distância respeitável. Queria correr até seus braços, queria bater nele, ele não devia ter voltado! Queria beijá-lo.
- O que você está fazendo aqui? – Perguntei, ajeitando a minha postura e dando um passo na direção dele.
- Estou seguindo o meu sonho. – Respondeu ele, prontamente, dando outro passo em minha direção e diminuindo cada vez mais a distância entre nós dois, como se fossemos imãs.
- Não seja estúpido, seu sonho está lá fora. – Retruquei.
- Só porque é a rainha isso não te faz uma sabe tudo. – Provocou ele, dando um de seus sorrisos tortos. – Eu tenho um novo sonho, Eadlyn, na verdade, tive esse sonho por um longo tempo.
- E que sonho é esse? – Perguntei. Estávamos frente a frente agora. Eu podia ver seus olhos azuis, sua pele agora bronzeada, todos os pequenos detalhes do seu rosto, da sua boca.
- Você. – Respondeu Kile em um sussurro, me tomando em seus braços, e me beijando. Não relutei, apenas me entreguei a aquele beijo que havia sonhado e sentido falta, impregnando todo meu amor, toda a minha saudade. Atacando um ao outro com todo o amor de nossos corações e com todos os dias perdidos. Suas mãos agora caleijadas seguravam a parte de trás do meu vestido com força, enquanto as minhas se agarravam em seu couro cabeludo. E eu percebi que era ali, nos braços de Kile Woodwork que era o meu lugar. Nosso beijo foi uma batalha travada de todo aquele orgulho, de todo aquele altruísmo que nos separou. Quando nos separamos, com a respiração pesada e lábios inchados, Kile encostou a testa na minha. – Você é o meu novo sonho, Eadlyn. E por favor, me deixa realizar esse sonho.
- Não é o que eu sempre faço? – Perguntei, mordendo o lábio inferior, tentando esconder um sorriso. Kile arqueou uma sobrancelha e se afastou de mim. Quando percebi o que ele estava fazendo levei a mão ao peito em choque.
Kile se ajoelhou no chão, tirando uma caixinha do bolso, abrindo-a na minha frente.
- Eadlyn Schreave, esse mero plebeu, que possue um sonho no coração, um sonho de ser feliz, e amar e ser amado pela mulher mais especial, bela, inteligente e incrível desse mundo. Esse mero plebeu que esteve em todos lugares, e fez tantas coisas nesses últimos 18 meses, mas ainda assim era incompleto, porque sabia que a única pessoa que o faria completamente feliz estava dentro desses muros. Eadlyn, esse palácio um dia pode ter sido uma prisão para mim, mas no minuto que meu coração conheceu o seu amor, não existiu mais paredes, nem grilhões. Por favor, me concede a honra de se tornar a minha esposa?
Eu estava chorando e nem sequer havia percebido. Poderia uma pessoa se sentir tão feliz assim? Meu coração parecia que ia sair pela boca, mas nada mais importava. Porque só havia uma resposta que eu poderia dar.
- Sim!
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The Crown - Final Alternativo
Short StoryUm final alternativo para o livro A Coroa. Com um epílogo diferente. Notem que algumas partes permanecem iguais a do livro. Espero que gostem!
