Welcome 2005

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Sheffield- 1 de janeiro de 2005.
Lizzy on.

Uma garoa persistia.

Eu podia sentir as gotas de água correrem por meu rosto e corpo, me deixando gelada.

Se foi apenas um pesadelo, o que estou fazendo aqui?

Abri os olhos. A claridade era tão forte que estava à ponto de me cegar.

Eu sentia meu rosto quente e inchado, e, ao tocá-lo, meu dedo manchou-se de sangue.

Tentei levantar, mas foi em vão. Não tinha forças. Mas pude ver que estava sem roupa. E sangrando muito.

Minhas genitais sangravam e a dor era latejante.

Naquele momento eu chorei como uma criança.

Aquele seria meu fim, eu iria morrer ali.

Flashes da noite anterior passaram em minha cabeça.

Lembrava de ser puxada por dois caras para essa ruela onde me encontava. Lembrava de apanhar até desmaiar. E lembrava de Alex...

De como ele disse que queria me ajudar.

Estava convicta de que morreria e pronto.

Toda aquela vida de lamento acabaria, toda angústia acalmaria. Mas dor latejante percorria meu corpo, lembrando-me de ainda estar viva.

Em prece à um Deus que pouco acreditava, pedi para que aquela tormenta acabasse de um jeito ou de outro.

Talvez se eu morresse, iria revê-lo.

Ao meu lado, estava o retrovisor do carro de Alex.
Lembrei do que vivemos e rezei baixinho por ele.

Deus, faça com que ele me perdoe por não tê-lo amado do jeito que ele merecia. Eu nunca soube demonstrar todo o amor que sinto por ele.
Pai, me leve, para que essa dor passe. Também faça com que Alex encontre alguém que possa lhe amar incondicionalmente, assim como eu o amo, alguém que possa demonstrar esse amor do jeito que eu nunca soube. Que ele possa encontrar alguém para viver com ele a vida que tanto desejei. Se esse é meu fim, que acabe logo com toda essa dor.

Como alguma intervenção divina, um rapaz que passava na frente da ruela me viu, e de prontidão veio me socorrer.

Eu chorava enquanto um completo estranho- e bondoso- tentava desesperadamente ligar para emergência.

Após vários minutos, uma ambulância chegou ao local onde eu me encontrava.

Meu corpo era apenas como um lixo. Usado e jogado fora.

Eu sentia que já não havia aquela conexão entre meu corpo e alma. Era como uma casca vazia.

Após algum tempo- que pareceu uma eternidade- recebendo todos os cuidados necessários no hospital, fui medicada com sedativos.

*

Depois do que pareceu longos anos, eu acordei de um sono profundo e dei de cara com minha mãe sentada em uma poltrona no canto do quarto de hospital em que eu me encontrava.

Ela parecia acabada, e me doía saber que tudo aquilo era por minha culpa.

Ao falar comigo, sua voz saiu com um rouco sussurro.

- Nós voltaremos para Nova Iorque- meu coração parou por um segundo e minha respiração ficou pesada- Vamos pergar o último voo dessa noite.

Logo o desespero tomou conta de mim.

E Alex? Meu inconsciente perguntou.

E então, ao cair a ficha de que talvez não nos veríamos mais, meus prantos rolaram, e eu já não me importava em parecer fraca.

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