Capítulo 1

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Doze anos depois da nossa última conversa, no mesmo dia que liguei à primeira vez, nunca mais ouvi fala de Felipe. Mas com razão. Eu quem causei tudo isso só porque ele tinha ido brincar com a nova vizinha dele. Fiquei com ciúmes e pedi para nunca mais ligar para mim. Mas sempre esperava por sua ligação... Até hoje.

Me formei na faculdade de administração no mês passado. Agora estou trabalhando na empresa Stewart, já que na empresa do meu avô, tem admistradores demais. Então o Sr. Stewart me deu uma vaga que estava vazia.

- Sr. Stewart.- bati na porta de seu escritório.

- Entre.- pediu.

Abri a porta e entrei. Sr. Stewart estava focado em umas papeladas em cima de sua mesa e assinando algumas.

- Com licença.- disse indo até sua mesa.

- Sente-se querida!- pediu indicando a cadeira há sua frente com a mão.

- Obrigada!- disse me sentando.

- Trouxe o que pedi.- diz.

- Oh, sim Sr...

- Já disse para me chamar apenas de Nikki, não me faça lhe obrigar!- falou sério... Mas logo riu.

- Ok... Nikki, aqui estão os arquivos que pediu.- entreguei uma pasta amarela para ele com um monte de folhas dentro.

Nikki já não é mais aquele homem de aparência jovem quando eu tinha oito anos. Seus cabelos estavam grisalhos, ele usava óculos, por cima deles, avistava várias rugas em sua testa. Mas não no caso de deixar sua pele caída. Até parece que fez plástica alguma vez.

Ele me aparentava ter seus setenta anos de idade. Mas nada que o deixa para baixo, ele até gosta dessa sua nova fase. Sempre diz que tem mais valor há vida agora do que antes.

- Está sabendo da novidade Alice?- perguntou Nikki me tirando do transe.

- Não... Qual?- perguntei curiosa.

- Ele...

- Sr. Stewart, - a secretária de Nikki apareceu na porta- ele chegou!

- Ótimo!- diz ele levantando com um sorriso enorme no rosto.

- Hã?

- Venha! Você jaja vai saber do que estou falando.- diz indo em direção a porta.

Segui-o para fora de seu escritório. Nunca o vi assim tão elétrico, a não ser quando ele encontrava seu neto. Será que... Não. Impossível isso! Ele não vai mais voltar, ainda mais agora que não nos falamos mais. Talvez seja apenas um cliente que ele queira me apresentar.

Fomos para uma sala no final do corredor. No lado esquerdo, havia uma sala vazia. Mas as luzes estavam acesas. Nikki abriu e correu para abraçar duas pessoas que estavam em pé em frente à uma mesa vazia.

- Quantas saudades de vocês.- Nikki abraçou os dois de uma vez.

Era um casal, lindos. Parecem irmão de tão parecidos que estão... Tirando barba do homem que acabou de me olhar. Dei um olhada para trás achando que poderia ter alguém atrás de mim mas... Não, ele estava mesmo olhando para mim. Sorriu.

Esse sorriso, eu conheço de algum lugar... Caio... Oh meu Deus... Fiquei de queixo caído ao ver que está mudado. Mais lindo do que antes. Tio Caio largou seu sogro e veio até mim.

- Pulga ruiva, como você cresceu!- diz e me abraçou em seguida.

Pulga ruiva? Sério? Ele ainda me chama assim. Tinha até me esquecido deste apelido que me deu quando eles ainda morava aqui doze anos atrás. Eu não saia da casa deles. Por isso do pulga... E, ruiva... Puxei minha mãe.

- Achei que tinha esquecido!- bufei, mas ri.

- Nunca, - me olhou mais uma vez- você é a princesa do tio.- diz me abraçando, mas desta vez, enterrando minha cabeça em seu peito.

- Solte-a...- diz Caroline nos separando- minha vez agora!- diz fazendo a mesma coisa que meu tio, enterrando minha cabeça em seus peito...

- Madrinha!- Abracei-a bem forte, nem liguei para seus seios na minha cara.

- Como você cresceu... Que orgulho!- diz Caroline choramingando.

Me soltou.

- Só de saber que estamos envelhecendo...- comentou Caio deixando a frase no ar.

- Mãe... Tô com sono,- uma garota que aparentava ter dez anos, parecida com Caroline, apareceu do lado dela esfregando os olhos com sono- você disse que iríamos pra casa!- se queixou.

A garota me olhou e sorriu, mas logo ficou com a cara de sono. Mas ao ver seu avô, correu até ele e abraçou bem forte... Um barulho de alguém correndo interrompeu meu pensamentos. Mas não só do sapato do ser, mas gritos de mulheres atrás também... Fecharam a porta.

- Vamos sair daqui logo... Essa mulheres não pode me ver que já saem correndo para me atacar!- bufou o ser da voz mais linda que já ouvi.

- Vamos, mas...

- Mãe,- o garoto abraçou Caroline - Porque me fizeram tão bonito assim... Eu sofro bullying sabia!- reclamou. Sua mãe riu.

Ele só poder ser o... Não... Quero sair daqui. Ele não pode me ver. Recuei um passo para trás, na tentativa de sair daqui... Mas acabei batendo as costas em um corpo de alguém. Olhei para cima. Tio Caio, tem que ser!

- Conheço esse cheiro...- disse Fe seguindo o cheiro até mim.

Nosso olhos se encontraram e todo aquele sentimento que achei que havia ido embora com o tempo, voltou para me assombrar. Um brilho surgiu em seus olhos, aquele brilho que sempre tinha ao me olhar doze anos atrás. Achei que tudo ia ficar bem, mas ele ficou sério e fechou a cara.

- Acho que me enganei!- diz e se afastou em seguida.

- Felipe, não está reconhecendo a Alice?- perguntou Caio confuso.

- Não! Quero ir embora daqui...- falou- Ah, Oi vô, desculpa a falta de educação.- foi comprimentar seu avô.

Sai da sala cabisbaixa, não sabendo onde enfiar minha cara. Não queria que ele voltasse, não agora. Entrei na minha sala correndo para não chorar perto das pessoas que trabalham comigo.

Sentei na cadeira de frente à minha mesa e desabei no choro. Uma dor que carregava durante todos esses anos, só veio se manifestar agora. Eu tentava ser forte e não chorar, sempre guardava para mais tarde. Mas desta vez eu não consegui.

- Oh, querida... - Me assustei com a voz da minha madrinha Caroline.- ele não fez de propósito!- veio até mim, agachou na minha frente e me abraçou.

- Fez sim!- disse chorando mais ainda.

- Tá, ele fez... Mas não fica assim, ele só está magoado com o jeito que o tratou a última vez que ligou para ele.- diz acariando meus cabelos.

- Mas o bom é que...- me afastei dela- vão voltar para Nova Iorque e... ninguém mais precisa sofrer!- disse enxugando minhas lágrimas.

- Não vamos não querida. Aqui é nossa casa agora... Na verdade sempre foi!- disse.

Eu não acredito nisso! Por que não vão embora! Não quero ficar aqui para ser ignorada pelo Felipe. E se ele for vir trabalhar aqui... O que será de mim?

A porta se abriu. Caroline e eu nos levantamos. Virei de costas para secar minhas lágrimas e caminhei para a minha cadeira, atrás da mesa. Em vez de sentar, descasei minha mão no encosto da cadeira e com a outra, fingi mexer em algo no computador usando o mouser.

O ReencontroHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin