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"I'd give anything again to be your babydoll!"


Fabrízio e Raquel


Fabrízio sentia-se mal por não estar mal.

Claro que ele ficou um tanto quanto surpreso com o pé na bunda que levou de Luíza, e o que ele dissera a morena mais cedo, de não conseguir mais viver sem ela, fora a mais pura verdade; como ele conseguiria viver agora sem ser lembrado todas as noites de fazer as listas de exercício de matemática?

Mas ele não se sentia mal. Não, definitivamente a fossa não o pegou em cheio. Os sintomas ainda não haviam aparecido, e ele desconfiava que nunca iriam.

O baixista estava esparramado no chão da sala, jogando GTA e pensando na vida. A sua mãe lavava a louça na cozinha e o seu pai trabalhava no escritório; um típico dia inútil.

Mas uma coisinha o incomodava naquele dia tedioso: o seu celular estava em cima do colo, e parecia bem mais pesado do que o normal.

Pare com isso, ele pensou, lançando um olhar irritado ao aparelho. Depois, o moreno atropelou alguns pedestres no jogo só por diversão, mas nem aquilo o acalmou.

Pare com isso, filho da puta, eu não vou ligar pra ela, ele se levantou, deixando o celular cair no chão. O barulho alto fez a sua mãe gritar da cozinha.

- O QUE FOI ISSO? FABRÍZIO, O QUE VOCÊ QUEBROU?

O morena suspirou, revirando os olhos.

- Nada - ele resmungou, sentando-se no sofá para ficar o mais longe possível do celular.

- O QUÊ? FABRÍZIO, VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO?

- EU NÃO DERRUBEI NADA, MÃE! Caralho, velha chata... - ele completou bem baixinho.

- ENTÃO O QUE FOI ESSE BARULHO? FABRÍZIO PONTES, SE VOCÊ QUEBROU O MEU VASO CHINÊS EU JURO QUE...

- QUE GRITARIA É ESSA AÍ, FABRÍZIO? - foi a vez de seu pai entrar na discussão. - O QUE VOCÊ FEZ PARA A SUA MÃE?

- SANDRO, O FABRÍZIO QUEBROU O MEU VASO CHINÊS! - a sra. Pontes berrou de volta, irritada.

O som do jogo estava alto e Fabrízio derrapava com o carro enquanto ouvia a gritaria. A sua irmã aumentou o som do andar de cima e a casa virou uma loucura só.

- FABRÍZIO, VOCÊ QUEBROU O VASO DA SUA MÃE? - o sr. Pontes berrou, nitidamente não interessado no assunto.

Fabrízio respirou fundo, fixando os olhos na TV. Agora as prostitutas berravam com ele no jogo.

- FABRÍZIO, VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO?

- PUTA QUE PARIU! EU NÃO QUEBREI PORRA NENHUMA, FOI O MEU CELULAR QUE CAIU NO CHÃO! - ele berrou a plenos pulmões, jogando o controle longe. - VOCÊS PODEM, POR FAVOR, CALAR A BOCA AGORA?

A casa inteira ficou no mais total silêncio. Até a sua irmã abaixou o som. A única coisa que se podia ouvir era o personagem principal do jogo exclamar "give me back my fucking money!".

A sua mãe colocou a cabeça para fora da cozinha, de boca aberta.

- Isso é jeito de falar com a sua mãe, Fabrízio? - o pai apareceu no topo das escadas.

- Vocês estavam me acusando de uma coisa que eu não fiz! Olha ali o seu precioso vaso, mãe - Fabrízio apontou para o vaso em cima da mesa enquanto pegava irritado o celular do chão.

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