0 2 | D r e a m s

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Ele estava próximo. Próximo demais.

A cada novo passo eu sentia como se Evan estivesse invadindo um pouco mais de mim. Seus olhos cinzas nunca foram tão enigmáticos como naquele momento. Eu estava tentando recuar, mas seu olhar parecia me enlaçar e me levar para ainda mais perto.

_Você está ficando vermelha. - diz ele cada vez mais próximo de mim.

Meu coração está batendo em total descompasso, se Evan der apenas mais um passo eu já não tenho para onde ir.

_Impressão sua, idiota. - murmuro tentando movimentar o corpo para trás, mas como se pudesse adivinhar minhas futuras ações, Evan segurou-me pela a cintura impossibilitado de vez uma fuga.
Eu encarei profundamente seus olhos, Evan era dono de uma beleza resplandecente, chegava a causar tontura. Eu queria sair dali, mas meu corpo simplesmente não me obedecia.

Por que diabos eu estava agindo assim?

E antes que eu conseguisse encontrar repostas, ele migrou sua cabeça para ainda mais perto da minha, meu peito explodiu e foi tarde demais para não me entregar a um beijo amargamente doce que acabava de fluir.

Acordei assustada e me sentei na cama com o corpo todo molhado de suor.

Estava escuro, mesmo com os raios de luminosidade entrando pela a janela transmitidos do poste que ficava do outro lado da rua meu quarto ainda era frio e altamente sombrio. As cortinas brancas voavam com a gélida corrente de ar e eu realmente não sabia se estava arrepiada pelo vento ou pelo o pior; o sonho.

Permanecia sentada na cama de forma com que ainda conseguisse sentir a presença de Evan aqui.

Sonhar com ele nunca me aconteceu tão intensamente em toda a minha história, mas tudo parecia tão real que eu posso jurar que o perfume dele ainda estava impregnado no meu ar.

Como se em cada cantinho do meu quarto, do fundo do meu ser tivesse um pouco dele e o pior é que eu não entendia o porquê dessa estranha sensação.

O relógio marcava exatas duas horas e quarenta minutos da madrugada, contudo, minha noite estava falida e voltar a dormi seria me entregar a uma nova possibilidade ainda mais assustadora de descobrir como aquele sonho terminaria. E eu não queria de forma alguma saber como aquela cena iria se desenrolar.

Um pavor ganhava vida dentro de mim, ainda que não entendesse já que fora só um sonho. No entanto, a possibilidade de Evan Bates me beijando me causava calafrios.

Eu simplesmente o odiava por ser tão babaca assim a tal ponto de aparecer em meus sonhos só para me perturbar. Talvez a culpada fosse eu, sonhos representam desejos proibidos... Então será que ele é o meu desejo?

Preferindo não pensar nessa possibilidade insana eu me arrastei até a janela que esqueci aberta antes de dormi. Apoiei os cotovelos no batente e encarei a rua lá embaixo deserta e sem vida.

O ar gelado fazia bagunçar o meu cabelo preto, e minha pele pálida talvez já estivesse retornando a sua cor natural.

Eu gostaria muito de poder saber a quem herdei tais traços da fisionomia - dona de cabelos pretos que iam até abaixo dos ombros, altura mediana, olhos escuros e uma boca bem definida. Mas fui abandonada logo cedo naquele orfanato e não tive nem chances de gerar suposições de como seria meus pais.

Uma mix de indignação e raiva às vezes flora em mim.

Boa parte do meu ser gostaria de ter conhecido as pessoas que me deram a vida, mas dentro de mim não se sabe se esse sentimento gera dor ou desconfiança. Agradeço muito por ter um pai tão zeloso como Ascoli, mas não entendo por que ele se nega tanto a falar quando pergunto do meu passado.

Lost Frequencies - degustação. Onde as histórias ganham vida. Descobre agora