CAPÍTULO 17

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Sofia

— Eu sou o quê? — pergunto num fio de voz.

Meu coração bate desesperadamente no peito, pois não consigo acreditar no que acabei de ouvir.

As duas mulheres que mais admiro na vida estão paralisadas a minha frente e tudo que eu quero é poder sumir neste momento.

— É isso mesmo que você ouviu, Sofia. — tia Lisa é a primeira a falar. — Eu sou sua mãe!

— Cala a boca, Lisa! — mamãe grita. — Meu anjo, eu...

— Não! — digo com voz trémula levantando a mão para impedi-la de continuar. — Eu não quero ouvir mais nada.

Dou dois passos para trás saindo do apartamento daquela que sempre acreditei ser a pessoa mais confiável do mundo e corro em direção ao elevador, que para minha sorte ainda não desceu.

Assim que entro com as lágrimas já tomando meu rosto, vejo-as vindo chamando meu nome, mas graças a Deus a porta se fecha a tempo.

Eu não acredito que toda a minha vida foi uma mentira.

Como isso é possível? Se ela diz ser minha mãe, isso quer dizer que ela me teve quando ainda era só uma adolescente.

Tantas coisas fazem sentido... Agora sei por que mamãe nunca teve uma fotografia grávida de mim, porque ela nunca me gerou. Porque por algum motivo bizarro ela me criou ao invés daquela que me colocou no mundo. Aquela que acreditei ser minha tia por todos esses anos. Enfim nossa semelhança física está explicada, e por causa disso David a fodeu.

Fodeu.

Eu nunca mais vou me esquecer dessa palavra e o modo como ela foi pronunciada por tia Lisa.

Não!

Minha mãe.

Sinto repulsa ao me lembrar disso.

Meu peito se incha com a dor e tudo que quero é morrer ou fingir que isto é só um pesadelo e que logo irei acordar.

A porta do elevador se abre e percebo que isto está longe de ser apenas um sonho.

Apresso meus passos para poder conseguir respirar longe deste maldito prédio. Eu nunca mais quero voltar aqui.

Assim que dou o primeiro passo para fora da calçada, uma mão segura meu braço com força e me puxa de volta.

— Tá querendo morrer, porra. — ouço a voz de David gritar e um carro passa buzinando em minha frente.

Minha mente finalmente volta à realidade e sou tomada pela ira.

— Eu não acredito que você já veio procurá-la, seu desgraçado. — grito e lhe ataco, socando seu peito com força. Minhas mãos doem, mas foda-se. Preciso colocar minha raiva para fora de alguma maneira. — Eu te odeio, David... Te odeio por ter fodido ela!

Não reconheço minha própria voz. Mas a verdade é que o amo e o odeio por ter fodido com ela. Fodido com a mulher que me colocou no mundo.

David segura meus pulsos imobilizando meus golpes.

— Não! Eu estava te seguindo. Não consegui ficar tão longe depois do que houve. Me desculpa. — diz desesperado. — Eu nunca mais vou cometer este erro, meu Anjo... Acredite em mim!

— Nunca mais me chame assim! — digo agressivamente e ele solta meus pulsos.

Encaramo-nos como dois desconhecidos. Eu, com um olhar assassino. E ele, como o de um cão sem dono.

Doce Exceção (CONCLUÍDO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora