três | c i g a r e t t e

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Eu precisava fumar um e, por mais que eu odiasse admitir, eu gostava do fato daquele cigarro em particular ter estado em seus lábios alguns segundos antes.

Peguei o cigarro de sua mão.

Você observou com atenção enquanto eu o colocava nos lábios e então puxou um maço de cigarro do seu bolso traseiro e pegou um. Eu quis rir, você era tão cara de pau.

— Achei que era seu último. — Eu disse, erguendo as minhas sobrancelhas.

— Acho que eu me enganei. — Você respondeu, dando de ombros.

Rolei os olhos.

— Sai comigo, Charlie. — Você soltou de repente.

Meu coração deu um pulo. Sua voz era grave e confiante.

E novamente, você não estava perguntando.

— Não. — Eu disse rapidamente.

— Por que não?

— Eu nem te conheço.

— Nós dividimos um cigarro, acho que nos conhecemos o suficiente.

Eu parei de andar e me virei em sua direção. Você me encarou e esperou.

— Eu te conheço há dez minutos e já não gosto muito de você.

— Você vai gostar.

— Duvido muito.

— Janta comigo e eu vou te provar. — Você disse, sorrindo torto, aquele mesmo sorriso que você havia me lançado na lanchonete. Não deixei de reparar no duplo sentido da frase.

— Não. E não importa o que você fizer, não vai funcionar. Eu não estou interessada.

Você sorriu ainda mais e me encarou por um breve momento.

— Eu te dou um mês para estar completamente apaixonada por mim.

E então foi a minha vez de sorrir.

— Uau, você é convencido. Isso não vai acontecer nem em um milhão de anos. E você acabou de me fazer gostar ainda menos de você.

— Eu não sou convencido, anjo. Eu só sei das coisas.

— Não me chame de anjo — repreendi, irritada com o apelido.

— Tudo bem, linda.

Eu te fuzilei com o olhar e você apenas sorriu.

— Você é um cafajeste, Kellan, e eu não sou idiota para me envolver.

Você franziu as sobrancelhas e fingiu ficar ofendido.

— Por que você acha que eu sou um cafajeste?

— Você está me convidando para jantar, mas vai sair com uma amiga minha hoje à noite.

— A garota que me ligou ontem é sua amiga?

— É — respondi.

— Tanto faz. Eu cancelo com ela. E agora, sai comigo?

Eu te encarei um pouco chocada. Você descartou Natalie em questão de segundos. Eu odiei a parte de mim que te adorou por isso.

— Não. E eu não quero que cancele com ela.

— Foi você que deu meu número a ela? — Você perguntou.

— Fui.

— Não te incomoda que eu a leve para sair?

— Nem um pouco, você é livre para sair com quem quiser.

— Acontece que a pessoa com quem eu quero sair não quer sair comigo.

Eu sorri.

— Você não está acostumado com isso, não é? — perguntei a você.

— Com o quê?

— Com garotas te dando fora.

— Você não está me dando um fora, anjo. Você vai sair comigo. Talvez não hoje, talvez não amanhã. Mas eventualmente vai. E quando isso acontecer, você vai amar cada segundo.

Você estava errado sobre muita coisa, mas estava certo quanto a isso. Eu saí com você eventualmente e amei cada segundo.

Dito isso, você sorriu e foi embora, me deixando sozinha com seu cigarro entre meus lábios.

E essa é a terceira razão para eu te odiar:

Seus cigarros.

Porque o que eu não sabia naquela época é que você podia ser mais fatal do que qualquer cigarro que eu já coloquei em meus lábios.

Instagram: LoudChaos

Com amor, CharlieOnde as histórias ganham vida. Descobre agora