dois | f a t e

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" Eu te amo porque todo o universo conspirou para que eu chegasse até você. " - Paulo Coelho

Peguei o celular e o encarei por vários segundos. Uma batalha acontecia dentro de mim. Uma parte sabia que eu não deveria, mas a outra não conseguia deixar de pensar sobre isso desde o instante em que você escreveu aquele número na minha mão.

Você causou confusão em minha vida desde o momento em que entrou nela, Kellan.

Depois de alguns segundos me perguntando se deveria ligar ou não, suspirei e tomei uma decisão.

Disquei seu número no meu celular e esperei.

Um toque. Três toques. Seis toques.

Você não atendeu.

Desliguei o celular e me deitei na cama. Eu deveria ficar decepcionada por você não ter atendido, mas na verdade eu fiquei um tanto aliviada.

Eu não tentei te ligar novamente naquela noite e senti que havia tomado a decisão certa.

Você não era bom, Kellan.

Não daria certo.

Eu era uma garota cética, eu não acreditava em energias, na sorte ou nas forças do universo. Mas naquela noite eu realmente acreditei que por alguma razão o universo havia me ajudado, não te deixando atender aquela ligação. Ele havia me ajudado a ficar longe de você. E aquilo só podia ser um sinal.

Mas acontece que o universo já tinha tudo planejado para mim.

Todo o meu caminho traçado.

E o que eu não sabia na época, Kellan, era que você estava em grande parte desse caminho. E não adiantava negar, se esconder ou fugir.

Eu sempre seria levada a você.

(...)

— Você ligou para ele? — perguntou Megan.

Ela tinha um pequeno sorriso nos lábios.

— Liguei, mas ele não atendeu.

— Você ligou de novo? — Ela perguntou.

— Não.

— Por que não? — questionou Natalie, chocada.

Dei de ombros.

— Você pode me passar o número, então? — Ela perguntou, esperançosa.

— Eu achei que você tinha um namorado. — Eu retruquei, me sentindo um pouco incomodada por ela pedir seu número na maior cara de pau.

— Bem, mais ou menos. Mas é de Kellan Dawson que estamos falando, pelo amor de Deus, eu posso abrir uma exceção. — Ela disse, sorrindo maliciosamente.

Dei de ombros e passei seu número para ela.

Eu não tinha direito de ficar irritada. Eu não planejava ter nada com você, então ela podia te ligar, certo?

— Divirta-se — falei a ela enquanto tirava um maço de cigarros da bolsa.

Natalie sumiu com o seu número, deixando eu e Megan a sós.

— Isso vai deixar sua pele horrível, Charlie — repreendeu Megan quando eu coloquei o cigarro na boca.

— Você não deveria se preocupar com isso. É a minha pele que vai ficar ruim, não a sua. — Eu disse, acendendo o cigarro.

— Não precisa ser grossa, eu só estava tentando ajudar. — Ela resmungou.

Suspirei.

Eu não queria magoar Megan. Apesar dos defeitos, ela era uma boa prima e se preocupava comigo, mas eu não estava em um dia bom. Além do mais, era assim que nosso relacionamento funcionava. Ela aguentava as minhas merdas e eu tolerava sua vaidade e suas amigas insuportavelmente chatas.

Natalie voltou com um sorriso enorme estampado no rosto.

— Adivinhem quem vai se encontrar com o Dawson amanhã à noite? — Natalie perguntou quase dando pulinhos.

— Não acredito! — disse Megan, sorrindo de volta.

— Juro! — Natalie sorriu e jogou o longo cabelo louro para trás. — Eu mandei uma mensagem e nós conversamos...

Natalie ficou mais uma hora falando sobre você e sobre a conversa de vocês. Eu não deveria ficar irritada ou frustrada com o fato de Natalie sair com você, eu não tinha esse direito e não fazia o menor sentido.

Mas eu fiquei.

Eu odeio admitir isso, Kellan, mas no fundo eu fiquei.

Tentei ignorar isso, como eu tentei ignorar tudo relacionado a você. Mas como eu disse antes, você era grande parte do caminho que o universo havia traçado para mim.

E esse é a segunda razão pela qual eu te odeio:

Você foi a parte mais importante do meu caminho, mesmo eu não querendo que fosse.

Com amor, CharlieOnde as histórias ganham vida. Descobre agora