Capítulo 1

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Dias atuais.


Acordo suado e tremulo.

Mais uma vez as lembranças que eram para ser de um episódio bom e feliz voltam em pesadelos para me atormentar. Tem sido sempre assim desde aquele dia, fico revivendo o antes e o depois. Tento ficar o máximo sem dormir para não ter que reviver isso de novo e de novo, mas chega um ponto que não consigo não fechar os olhos e apagar, mesmo cansado nada impede de os pesadelos aparecerem.

A única coisa que me mantém em pé é o trabalho, e minha luta de ter meu Yego novamente. Levanto-me do sofá e sigo para o banheiro, ainda estou vestido, cheguei do trabalho e me alojei no sofá o que não deveria ter feito. Retiro minhas roupas pelo caminho, deixando as peças espalhadas, o silencio reina em minha casa há muito tempo, e isso depois de um sono ruim é perturbador.

Entro no banheiro já nu, a água fria causa arrepios em minha pele, fico ali para que o choque da água me desperte do cansaço, não quero voltar a dormir... A lembrar.

Passo o sabão pelo meu corpo demoradamente, ando frustrado com as investigações, as coisas estão lentas demais e a cada minuto vou perdendo um minuto na vida do meu filho. Finalizo o banho e me enrolo na toalha, vou em direção ao guarda-roupa pegar uma cueca Box.

Escuto o toque abafado do meu celular e vou até a sala para pega-lo, o encontro no sofá onde estava cochilando há pouco.

— Alô? — o numero descrito é do DEPARTAMENTO.

— Preciso que esteja aqui em vinte minutos! — A voz de meu chefe é neutra e clara.

— O que esta acontecendo? — pergunto seguindo para meu quarto e pegando a primeira roupa que vejo. Uma calça jeans e uma camisa polo branca.

— Quando chegar aqui irei explicar. — ele esta sendo evasivo e isso não é bom.

— Estarei ai em quinze minutos. — coloco a roupa e o coturno, em seguida pego minha arma, carteira e vou em direção à saída, as minhas chaves está no aparador perto da porta de entrada, saio tranco a porta e vou em direção ao estacionamento em velocidade máxima.

Há quase dois anos atrás as coisas que arruinaram a minha vida aconteceram. Perdi minha esposa na sala de parto e após dois meses meu filho, melhor, eu não o perdi tiraram-no de mim.

Giovana teve hemorragia e não conseguiram conter o sangramento, ela morreu após o parto, o mais perturbador foi presenciar tudo, ver o amor da minha vida me deixando para sempre e eu não pode fazer nada, absolutamente nada.

Às quarenta e oito horas seguintes aquelas foram às piores, de olhos fechados ou abertos a imagem da minha mulher sem vida não saiu da minha cabeça. Não tive forças de ficar perto de Yego na primeira semana, estava perturbado demais e ele me trazia lembranças dolorosas, apesar da minha mãe já ser de idade me ajudou com tudo em relação ao meu filho, preparativos para funeral, casa e coisas básicas para Yego.

Na segunda semana eu comecei a participar mais, sabia que Giovana gostaria disso, dormia com Yego em nossa cama, ou melhor, eu o via dormindo tinha medo de dormir e esmagá-lo em uma virada inofensiva.

Na terceira semana já não conseguia desgrudar dele já sabia trocar suas fraldas e me aventurava em dar seus banhos, somente na hora de amamentar minha mãe assumia, ainda tinha muito medo dessa função básica, e a verdade que não sabia explicar bem o porquê.

Meu trabalho me solicitava assim como os afazeres da minha mãe a chamava de volta. Então tive a ideia que destruiu a minha vida por completo.

Contratei um baba para ficar com meu filho em quanto estava no trabalho, há primeira semana minha mãe a acompanhou e explicou como tudo funcionava na segunda já deixava meu filho sozinho com a desconhecida de currículo impecável e simpatia inigualável.

GAEL - SUPERANDO ATRAVÉS DA DOROnde as histórias ganham vida. Descobre agora