Um poder escondido

Novas Inimizades

-Está bem, mas da próxima a vítima é minha! - Marzira estava enfurecida.

Elas nos levantaram e eu permaneci todo o "encontro" com os olhos fechados, pois ainda estava paralisada, e não tinha como me defender se alguma delas resolvesse fazer algo. Eu abri um pouco um de meus olhos apenas para espiar por onde elas estavam indo, e claro, nos levando. Não era bem um caminho, era uma caverna, úmida e fria, sim eu tinha noção de sensação térmica, estava paralisada não morta, e por sinal elas tinham hálito de grama recém cortada. A cada passo que as mulheres davam eu ficava mais apreensiva, não sabia o que elas iriam fazer comigo e com Vena, bom ela ainda estava desmaiada com seus cabelos arrastando junto ao vestido azul surrado de Sarilda, enquanto Marzira ia atras, praguejando contra Dridare, eu estava completamente desconfortável, estava sendo carregada nos ombros de uma mulher extremamente alta cabelos roxos e desgrenhados e uma veste cinza, ela cheirava a flores e nozes.

-Nossa, essa elfa é muito pesada, só parece magra - Dridare estava ofegando - Mas ainda bem que estamos chegando...

Passou-se um tempo até eu abrir meus olhos e ver onde estávamos entrando, já conseguia mexer minhas mãos, era um palacete dentro da caverna, não consegui visualizar muito bem mas era enorme.

-Duche'thala AMANZUR - As três conjuraram um feitiço, acho que era de proteção, uma redoma roxa circundou a entrada da caverna.

-Rápido, leve-as para a Yant, diga que achamos na floresta, perto do lago de Mithal - Marzira falou para as duas e elas assentiram.

A entrada do local era cheio de cogumelos laranja com dois cães que não consegui identificar, não vi em nenhum livro sobre fauna, eram cheios de espinhos e dentes afiados, pelagem cinza e roxa, olhos amarelos e estavam parados na frente da porta.

-O que está trazendo ai? - O primeiro cão falou - Sinto cheiro de magia ancestral...

-Sim... É uma elfa? - O segundo aproximou-se de mim, senti um cheiro de carniça e enxofre - Uma elfa da ilha, interessante, Yant ficará satisfeita. E a outra? Uma humana - O cão cheirou Vena - Arcano? Muito bem, leve-as.

Os cães saíram de frente da porta e ela abriu-se e as duas bruxas entraram na "casa". O local era bem... remoto, não tinha uma decoração que você iria querer em sua casa, a não ser que goste de espinhos potes com fragrâncias não muito cheirosas e um chão coberto de musgo.

-O que trouxeram para mim? - Uma voz firme e fria como um sopro falou, era Yant - Coloquem-nas aqui.

As duas nos soltaram no chão.

-O que a humana traz no bornal? - Yant questionou e Sarilda tirou o orbe o livro e a varinha de Vena. Yant pegou o livro e folheou algumas páginas - Arcano... Muito bem, e a outra?

-É só uma elfa, achamos com a humana, os caltalan disseram que ela veio de uma ilha... - Dridare falou rapidamente olhando pouco para Yant.

-Ilha... Não pode ser, ela traz algo? - Falou como se eu tivesse uma praga que mataria a todos.

-Não, nada - As duas bruxas completaram a fala uma da outra.

Yant fixou seu olhar em mim observando cada detalhe como se soubesse que os cabelos na minha cara escondessem meus olhos entre abertos, senti ela aproximando-se e seus pés ficaram visíveis perto da minha perna. Ela era diferente das outras bruxas, era branca, e suas unhas dos pés pintadas de vermelho-rubi e um cabelo enorme e ruivo, tão grande que encostava no chão.

-Peguem o oráculo, quero saber da vida das duas - Yant ordenou às servas, as duas saíram correndo para o lado de fora - Digam aos caltalan que estão dispensados. Hoje teremos um dia agitado...

Ela andou à passos largos para pegar algo da prateleira perto de seu assento, deu uma leve risada e despejou um líquido no chão, no local do líquido despejado subiu uma espécie de pedestal. As duas bruxas voltaram correndo com um boneco todo rasgado destruído, a face que um dia foi de porcelana, agora estava quebrada e encardida o corpo e as vestes de pano estavam sujas e podres.

-O oráculo - As duas puseram o boneco no pedestal recém evocado e os olhos demoníacos do boneco acenderam numa luz verde fantasmagórica, nesse ponto eu já estava recuperando todos os meu movimentos e estava cogitando sair correndo dali com Vena nos braços, não sabia se ela estava acordada ou não - Menthalan Aziran Tuothera Manthur - O feitiço fora evocado pela Yant que agora estava de joelhos como as outras duas frente ao boneco.

-DIGAM O QUE QUEREM, SERVAS! - O boneco soltou as palavras como se elas tivessem acordado-o de seu sono de beleza - FALEM LOGO!

-Senhor -Yant ainda ajoelhada frente ao recém evocado falou - Ó grandíssimo solicitamos a tua presença para descobrir os segredos da elfa da ilha ali - Yant apontou para mim - E da humana que manipula a magia para loucos, o Arcano.

-Muito bem - O boneco pronunciou algumas palavras que nem eu sabia o que era, demoníaco? Talvez - A elfa vem das terras além da névoa... Ela, é uma descendente dos titãs, mas não consigo descobrir qual, nem de quem é filha... - O boneco fitou-me, nesse momento eu já estava eufórica - Interessante... É tudo que consegui decifrar dela - O boneco girou no ar - A humana é Verinna uma simples aldeã de Manthur, a terra dos humanos, foi abandonada ainda criança e um mago a adotou, manipula o arcano não? - Eu conseguia mexer todos os meus dedos, mas não sabia se conseguiria carregar Vena e correr - Agora deixem-me voltar... Tenho assuntos pendentes com demônios inferiores - As velas do local apagaram-se e o boneco apagou-se os olhos voltaram à cor encardida de antes e as vestes não exalavam mais nenhuma fumaça verde.

-O que vamos fazer com ela senhora - Perguntaram as duas bruxas.

-Eu... Eu.. Não sei, não podemos deixa-las aqui. O que puseram nelas? - Yant ainda ajoelhada frente ao pedestal que não tinha dissolvido-se.

-Preparado de Thalken e veneno de escorpião - Marzira entrou na casa à passos largos - O efeito deve durar por mais um bom tempo nas duas...

Eu peguei no braço de Vena me levantei rapidamente coloquei-a em minhas costas e passei pela porta o mais rápido possível, ela acordou atrás de mim e falou.

-A barreira, deixe que eu cuido dela - Vena pulou e lançou uma onda de magia para a parede, um arco esbranquiçado passou pela barreira e a destroçou, parecia vidro - Vamos RÁPIDO!

-NÃO SUAS PESTES - Yant praguejava atrás de nós lançando poções que dissolviam o lodo no chão e as três bruxas tentavam nos acertar com suas varinhas - PEGUEM-NAS AGORA!

Nós corremos em direção a caverna por onde entramos quando os dois cães viram que estávamos escapando e correram em nossa direção. Vena tentou para-los com uma explosão mas os dois pareciam feitos de ferro.

-Deixe eu tentar - Falei enquanto tentava criar vinhas para trancar a saída e um monte de raízes subiram e taparam a caverna - Corra, não sei quanto tempo isso vai aguentar!

Corremos até chegar na saída, nós duas estávamos exaustas.

-Como você conseguiu acordar? - Eu perguntei ainda com a imagem de Vena lançando aquela magia contra a barreira.

-Proteções minha cara amiga - Falou ela jogando-se no chão - Teria colocado uma em você se tivesse dado tempo, mas parece que aquele preparado não afetou você.

-Sou uma elfa - Falei procurando fôlego - Sou meio que imune a magias da natureza.

-Precisamos ir... - Vena ainda estava preocupada com alguma coisa, mas não perguntei - Já está anoitecendo, essas bruxas vão nos perseguir quando sua barreira cair.

-Certo, mas antes vamos colher algumas frutas, estou morta de fome...