Capítulo 60

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   Estava nervosa, parada de frente para a porta onde havia uma escadaria, Valentina respirava fundo várias vezes. Era noite de sexta feira, tentou sair o mais cedo possível da fábrica para pegar estrada, porém se atrasou mais do que o esperado. Pensou em ir com o avião particular, mas a viagem era curta, seria um grande gasto desnecessário. Atrasada ou não, ali estava, o endereço era exatamente aquele o número também, não haviam dúvidas. Era sim o pensionato de Antônia, que Joana havia dado o endereço. Ao mesmo tempo em que estar ali fazia parte de uma difícil decisão, também estava ansiosa, ansiosa em ver Antônia, em falar com ela, em saber como seria sua reação com a proposta que estava prestes a fazer. Uma viagem feita em velocidade normal levaria em média seis a sete horas de Cântico até Curitiba, mas o anseio fez Valentina chegar em cinco horas e meia. Tão rápido, sequer parou no meio do caminho, mas agora estava estática na frente da porta cuja escada poderia leva-la diretamente a Antônia.

-Paulo, eu estive pensando na proposta que você me fez – Falava pelo celular, andava inquieta pela sala, há minutos atrás estava totalmente tranquila, agora queria resolver tudo para ontem, era como se de repente Paulo encontrasse um outro comprador para seu restaurante exatamente naquele momento e ela perdesse sua chance de ouro – Será que nós podemos conversar amanhã cedo? No meu escritório?

-Claro – O homem parecia empolgado – Claro que sim, amanhã no primeiro horário eu estarei la.

E estava mesmo, com uma expressão esperançosa, reparou Valentina, ele chegou alguns minutos antes do que ela. O convidou para entrar em sua sala e tal qual o dia anterior Paulo sentou-se na cadeira que ficava de frente para ela. Ela, por sua vez, foi até o canto da sala onde ficava a cafeteira e pegou a jarra.

-Vou passar um café pra gente, saí de casa com o estômago vazio.

Paulo assentiu esfregando as mãos nas pernas, estava tão ansioso quanto ela, porém Valentina tentava disfarçar. Passou o café e serviu uma xícara para si própria e outra para o homem ansioso a sua frente. Sentou-se em sua cadeira

-Paulo, eu pensei em sua proposta – começou ela calmamente e antes de continuar se serviu de café – e quero aceita-la.

O homem abriu um sorriso de orelha a orelha, ficou rapidamente radiante, sabia que poderia contar com Valentina.

-Você vai fazer um excelente negócio Valentina, não vai se arrepender – De repente ele diminuiu um pouco o sorriso – Eu só tenho uma condição.

Valentina arqueou uma das sobrancelhas desconfiada.

-Sim? Qual seria?

Paulo respirou fundo

-Gostaria muito que você mantivesse o emprego das pessoas que já trabalham no restaurante. São poucas pessoas e são pessoas trabalhadoras, acredito que fariam qualquer outra coisa.

Valentina se levantou da cadeira, enquanto Paulo falava ela finalizou seu café, e serviu-se de mais um pouco. Estava forte, quente. Depois se aproximou da janela e respondeu olhando a paisagem

-Eu pensei nisso também, vou admitir que não sei exatamente como será o futuro do restaurante, mas vou sim conversar com os funcionários atuais e se for da vontade deles posso realoca-los enquanto decido o que fazer.

Paulo sorriu aliviado, levantou de sua cadeira e também foi até a janela ficando de frente para Valentina.

-Muito, muito, muito obrigado Valentina, eu sabia que poderia contar com você. Hoje mesmo peço para meu advogado adiantar a documentação e o contrato e você faz as verificações necessárias.

Destino Insólito (Romance Lésbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora