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O despertador tocava insistentemente, até Isis decidir desligá-lo.
Apesar de ter acordado, continuou na cama, olhando para o teto.
Passou tanto tempo com o olhar fixado no local que até pensou que seria bom colocar uma frase de encorajamento ali.
Ela nunca foi de refletir muito sobre a vida, mas algum dia, teria que fazer isso.
Quem nunca se pegou olhando pro nada sem nem perceber, e acabou pensando em tudo?
Pensando no passado, presente e futuro...
Pensando no que foi, no que é, e no que será.
Não adianta relembrar o passado, se quando faz isso sente rancor.
São as lembranças boas que valem a pena; os momentos que não foram registrados em fotos, mas ficaram registrados na alma.
Lembranças sempre serão lembranças, elas não mudam.
-Isis, você vai se atrasar. -A mãe da garota entrou no quarto sorrindo, interrompendo seu curto momento de reflexão e questionamento.
Como resposta, ela sorriu e saiu da cama.
Aquele seria um bom e longo dia.

-
Em seu quarto, Milena relia as cartas de Aline, que Celina escondeu durante todos esses anos.
Eram diferentes remetentes... e diferentes datas.
A cada a mês que a garota completava, a cada ano de vida, novas cartas eram enviadas.
Todas sem respostas.
Segundo a tia, seu pai nunca soube desses acontecimentos.
Mas Milena não queria ouvir nenhuma desculpa ou nenhum argumento, Celina havia mudado vidas inteiras.
Olhou mais um pouco as enumeras cartas espalhadas pela cama, as palavras ali escritas pareciam muito sinceras.
Estava tudo decidido: iria procurar Aline o mais rápido possível.

-

Arthur observou Julia entrar na sala de aula e sentar ao seu lado, sorrindo.
Como todos os dias, só que dessa vez estava atrasada.
Assistiram com (im) paciência a longa aula de Matemática, que fez aqueles 45 minutos transformarem-se em horas.
-Hoje é sexta. Sabe o que isso quer dizer? -ele perguntou em meio ao barulho do sinal.
-Que amanhã é sábado. -Julia concluiu como se fosse algo óbvio.
O que não deixava de ser verdade.
-Que? Não. -riu- Vai pra algum lugar?
-Não.
-Quer sair comigo?
-Cara, chega aqui! -Um garoto se aproximou, puxando Arthur para o lado oposto o impedindo de ouvir a tão esperada resposta.
Depois de alguns minutos ele aproximou-se novamente.
-Onde a gente estava?
-"Quer sair comigo?" -Julia repetiu suas palavras.
-Nossa, nunca pensei que você me chamaria pra sair, Ju.
-O que? Eu...
-Tá, eu vou, não precisa insistir.
-Eu não tô insistindo. -Riu.
Levantou os olhos e os direcionou mais uma vez para o garoto parado a sua frente.
Os fios escuros quase escondiam a sua azul maneira de enxergar.
Sorriu sem saber exatamente o porquê.
Arthur era a única pessoa que a fazia sorrir assim.

O Recomeço #Wattys2016Onde as histórias ganham vida. Descobre agora