Capítulo 04 - Ainda existe uma saída

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— Claro que pode, eu não costumo trazer mulheres pra minha casa a toa — brincou.

     Quando percebi, já estava rindo.

— Posso ligar pra minha casa? — questionei ainda assustada.

— Isso não é um cárcere privado, se quiser ir embora fique a vontade, mas não acho prudente sair agora. Se quiser ligar pra sua casa tudo bem também, não precisa me pedir permissão, apenas ligue.

— Até que você é legal — disse, enquanto levantava.

     Voltei para o quarto e peguei meu celular, disquei o número de casa, então Jussara atendeu.

— Alô?

— Jussara, aqui é a Malu...

— Minha filha! Onde você está? Já são quase três horas da manhã, não para de chover e você ainda está na rua. Me diz onde você está que eu vou te buscar.

— Calma, Jussara, não precisa se preocupar. Eu acabei tendo um pequeno probleminha, mas já foi resolvido. Onde eu estou é longe de casa, então é melhor ficar aqui até amanhã do que enfrentar essa chuva.

— Mas me diz onde você está. Que problema é esse? Pelo amor de Deus, filha, assim eu não vou conseguir dormir!

— Já disse que está tudo bem. Eu vou dormir em um lugar seguro hoje, não precisa se preocupar. Amanhã te conto tudo, tá bom?

— Não tem outro jeito, né? Tudo bem então. Fica com Deus, minha filha.

— Tchau, beijo.

     Desligo o celular e coloco em cima da cama novamente. Olhei pela porta a fim de saber se o homem estava por perto, ao ver que estava sozinha ali, caminhei pelo quarto olhando suas coisas. Definitivamente ele não era nada não que estava imaginando, apesar do quarto estar desarrumado, havia bastante coisas interessantes ali. Achei um faixa preta, aparentemente de judô, no cantinho da cama. Em cima do criado-mudo tinha um livro bem grosso e na escrivaninha uma pilha de papéis bem organizados. Em uma das prateleiras na parede, alguns CDs e DVDs de artistas desconhecidos por mim. Em outra parede, perto da cama, havia várias fotos coladas em um quadro preto, olhei uma por uma. Foi engraçado a sensação de poder conhece-lo através das fotos. Em algumas delas ele fazia careta, então deduzi ser uma pessoa engraçada. A que mais me chamou atenção foi uma que ele e alguns amigos então com bíblia nas mãos. Ele é crente, concluí.

— O que está fazendo?

     Olho por cima dos ombros e o vejo parado perto da porta.

— Não me diz que você é um desses crentes chatos? — indaguei, virando-me para ele.

— Tem algum problema com crentes chatos? — cruzou os braços.

— Não — respondi. — Vocês que tem problema comigo.

— Que tipo de problema eu teria como você?

— Todos! Não viu a minha roupa?

— Vi sim — deu de ombros. — Ela é curta demais, mas eu não tenho nada a ver com suas roupas. O corpo é seu e você faz dele o que quiser.

     Paralisei onde estava. Essa não era exatamente o tipo de resposta que imaginei.

— Olha, eu preciso dormir — continuou depois de um tempo. — Você fica com a cama e eu vou dormir no sofá.

— Posso saber o seu nome? — questiono.

— Leonardo.

— Malu — ok, ele não perguntou meu nome, mas eu disse mesmo assim. — Na verdade é Maria Lúcia, mas pode me chamar de Malu.

Irresistível AmorWhere stories live. Discover now