Prólogo

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Era uma linda manhã de Sábado! Eu podia ouvir o canto dos pássaros bem próximos à minha janela e uma fina frecha de luz do Sol invadia o meu quarto sem permissão tocando-me a face. Olhei pela janela semi-aberta, o céu estava com um tão lindo tom de azul que me perdi durante um longo tempo admirando-o.

Acorda garota! Disse para mim mesma. Era o tão esperado dia em que iríamos ao parque. Depois que meu pequeno irmão Albert nasceu meus pais não tinham tempo para fazer todos os passeios que fazíamos antes. Não importava, o que interessa é que esse dia tinha finalmente chegado. No espelho eu vi uma garota magricela, de longos cabelos castanhos, pele clara e que já não era uma criança. No fundo eu sabia que logo deixaria minhas brincadeiras de bonecas de lado e pensaria em outros tipos de coisas, precisava aproveitar cada momento.

— Camille, o café da manhã está pronto! — Minha mãe gritava para eu descer.

— Já estou indo mãe! — Eu respondi — Na verdade eu nem estava metade pronta.

Minha relação com minha mãe era a melhor possível. Ela trabalhava em casa fazendo vários tipos de artesanatos enquanto meu pai trabalhava no mar e só o víamos a cada quinze dias, mas acredito que ele compensava durante o tempo que ficava conosco.

Eu podia sentir que algo estava estranho, fora do normal, como um presságio. Mas quem dá bola para isso quando se está com tanta vontade de sair? Se eu pudesse voltar no tempo eu daria! Foi a última vez que eu estive em casa. Tudo ia bem, colocamos tudo que eu gostava de comer na cesta de piquenique, eu estava usando uma saia azul que tinha ganhado no meu aniversário e estava doida para estrear. Dei uma última olhada na casa, como se adivinhasse o que aconteceria. Nossa casa tinha dois andares, era branca com o telhado colonial clássico e na parte da frente uma grama de um verde tão intenso que contrastava com as flores coloridas que minha mãe plantava no canteiro, terminando em uma cerca branca bem baixinha.

Tudo aconteceu muito rápido! Não consigo me lembrar se estávamos no carro da minha mãe ou no do meu pai. Albert estava em seu bebê conforto brincando com um pequeno boneco do Homem-Aranha, ele acabou deixando-o cair. Eu tentei de todos os modos pegar o brinquedo antes que ele começasse a chorar, mas o cinto de segurança não me deixava, decidi então soltar o cinto apenas por um segundo. O boneco parecia ter sumido embaixo do banco, mas quando me abaixei eu senti tudo girar ao meu redor, eu já não comandava o meu corpo, eu já não conseguia ver nada, não conseguia sentir nada, apenas solidão e medo.

Quando finalmente abri meus olhos eu estava no que parecia um quarto de hospital, sem saber o que tinha acontecido, sem ninguém por perto para perguntar.

Onde estava minha mãe?

Eu chorei por tanto tempo que nem me lembro. Ninguém vinha me ver, bati na porta, gritei,... Olhei pela janela, as pessoas nem prestavam atenção em mim.

Agora que contei a minha história estou na janela do meu quarto, que fica no quinto andar, decidindo se pulo ou não.

Apenas uma leve inclinação para frente é o suficiente.

Foi bom conversar com você!

Adeus!

Antes de AcordarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora