– Claro mãe. Nada de rua. Direto para casa – Célia imitou um robô, sentando-se no banco de trás do carro.

– Sabe que estou fazendo isso para te proteger...

– Eu sei, mãe, não precisa se preocupar. Farei isso, voltarei para casa na hora certa. Se houver alguma coisa ligo para a senhora ou vou para a casa de Hillary – sorriu. Célia sabe do ódio de sua mãe por Hillary, mas o que ela pode fazer se Célia estaria sempre segura ao lado da briguenta da Hillary?

Sienna assentiu, desconfortavelmente, e finalmente ligou o carro para que pudessem sair da frente daquela casa.

As ruas de Londres continuam as mesmas, seu jeito vintage sob as nuvens cinzentas de um dia nublado. Célia encostou a cabeça no vidro da janela. A Néon Dance agora é uma cafeteria chama Coffee D'Luet, a fachada luminosa deu lugar a vidraças, o balcão do bar agora é onde os cafés mais enfeitados são produzidos.

O apartamento de Zayn agora está desocupado e revirado, quase como o coração de Célia.

– Lembra do que eu te disse – Sra. Montês apertou um dos botões e a porta fez um click.

– Eu já sei, eu já sei!

Célia pulou fora do carro, acenando com uma mão até ver o carro sumir e soltar um incrivelmente grande e sonoro “uffa”.

Célia normalmente anda um pouco mais para chegar ao prédio onde é atendida. Ela desceu a rua, olhando para as vitrinas das lojas e as roupas exuberantes e incrivelmente caras nos manequins pálidos e imóveis.

O prédio estava próximo agora, Célia abriu o portão de entrada e sorriu para o rapaz sentado numa das poltronas do hall, lendo uma revista de automóveis, e se dirigiu para o elevador.

– Célia! – o homem de jeito divertido, com cabelos cacheados e a pele morena, cor chocolate, parecia espantado ao ver a menina.

– Ah, olá Stanley. Tudo bem?

– Claro, muito bem e você? O que está fazendo aqui? Dona Sienna ainda não acredita que você não é uma psicopata? – ele apertou um dos botões.

– Talvez eu seja – Célia sorriu pressionando o número do andar onde ela ficaria.

– Olha garota, você não me assuste! Estamos trancados em um elevador que vai continuar fechado por tempo suficiente para que possa me matar – ele ergueu as mãos.

– Só estou brincando – ela apertou os olhos ao sorrir.

– Graciosa – ele disse, passando as mãos para os bolsos de seu jeans negro super apertado.

– O que disse?

– Nada – as pesadas portas metálicas abriram –, você está linda hoje!

Ele saiu e andou em direção a uma das salas. Ela tentou não rir.

Célia desceu do elevador dois andares acima e entrou na primeira porta que viu.

– Boa tarde, Célia – Célia acenou sentando-se num grande sofá negro de três lugares, mas que cabe confortavelmente cinco Célias.

– Boa tarde, Charles.

Célia admirava os olhos verde-água daquele rapaz que parece simplesmente jovem de mais para cuidar de sua mente.

– Bom, já que você não tem nada de errado nessa cabecinha linda, mas Sra. Montês praticamente me obriga a fazer isso, vamos fazer um trato – Charles lançou uma piscadela e fez Célia se interessar. – Você está liberada. Eu não digo nada e você não diz nada.

MORE THAN WRONGWhere stories live. Discover now