Célia se escondeu atrás de Zayn ao ver o rapaz tão furiosamente determinado a atirar. Os dedos trêmulos sobre o gatilho pareciam dançar esperando a hora certa de dizer que o jogo de alguém acabou.
Harry, por outro lado, parecia convencido, dedicado a encarar Zayn de maneira desafiadora.
– Ora, ora. Porque a demora? – bufou. – Por acaso nunca atirou em alguém?
Zayn silenciou-se um pouco mais.
– Oh – sorriu vendo que sua inútil brincadeira surtiu grande efeito – você nunca matou? – entrou em uma profunda gargalhada.
Zayn segurou o revólver com as duas mãos, firme.
– Cala a boca!
– Hohow – emitiu um som, uma irônica risada. – Então atira!
– Não me obrigue a fazer o que eu não quero, Harry – Zayn desceu dois degraus de uma só vez, e mais dois.
– Você não vai atirar, eu sei – Harry continuava com as mãos acima da cabeça.
Zayn respirou fundo, o toque de Célia, tentando se manter protegida, em suas costas, o fazia pensar se era mesmo preciso matar para acabar com tudo isso. Mas... E se for preciso? Se ele tiver que matar para se manter vivo, para manter Célia viva – o motivo pelo qual ele está se arriscando tanto –, ele iria vacilar? Se negaria a pressionar um gatilho que tiraria sua vida do risco? Se negaria a matar, quem quer que fosse, por medo?
Zayn encarou Harry como se vesse a si mesmo.
“Qual sua resposta, Zayn? Sim, ou não? Decida!” uma espécie de ódio lhe subindo as veias. Provocou a bile. Zayn estava enlouquecendo em si mesmo, por si mesmo, para si...
Harry pareceu perceber o conflito, movendo-se lentamente, tentando apanhar sua arma com a ponta dos dedos, atônito.
– Zayn... – o sussurro de Célia o fez pressionar o gatilho.
“Eu escolho 'Sim'!” uma explosão dentro de si, como se recebesse uma dose de adrenalina.
O barulho surdo do tiro ecoou pela sala. A porta onde Crown esconde seu “teatrinho” profano se abriu revelando um dos homens de terno que ali estava, esse se fez boquiaberta. Zayn o encarou momentaneamente como se fosse seu alvo, uma gazela veloz que a pouco, afoita, corria, mas resolveu parar. O atingiu em cheio.
– Mantenha essas mãos no alto, Harry, ou eu não errarei mais nenhum único tiro! – rugiu, voltando o rosto ao rapaz trêmulo. Harry engoliu em seco, medo transbordando de seus olhos.
Dois guardas enormes entraram porta a dentro. Zayn atirou. Infelizmente uma bala não pode ser dividida em duas e atingir as duas gazelas.
Zayn estaria perdido.
– Célia! – ele a arremessou para trás de uma grande poltrona verde quando o homem que sobrou de pé puxou sua arma, uma mais potente, mais precisa. Mantendo-a em baixo de si, Zayn tocou a pele de Célia de maneira fugaz, como se para sentir que ela estava ali.
As balas rugem, atingindo vasos e vidrarias que logo se partiam em pedaços minúsculos.
– Zayn, o que faremos agora? – a garota perguntou assustada.
Ele encarou o vazio, tentando pensar, manter-se ligado ao barulho das balas, caso cessasse, e proteger Célia ao mesmo tempo.
Sua resposta saiu como um miado de um gato preso ao lado de fora da casa – talvez estivesse chovendo:
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MORE THAN WRONG
Action"As drogas em seu corpo causaram isso. Era noite, e a noite não deveria ter chegado ao fim. Vamos, pegue um pouco da minha vida... Beba-a sem pressa e enlouqueça como fez da primeira vez." Por conta de sua família tradicional e religiosa, com dific...