A volta de um amigo

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Uma semana depois...

Estávamos almoçando no andar de cima, e comecei a comer a comida que eles me ofereciam. Se soubesse que era tão boa! Zack está sentado do meu lado, com o braço enfaixado e com uns roxeados das surras que recebera. Ele abre a boca na minha direção, como se fosse um bebê pedindo aviãozinho, mas eu enfio o bolinho de arroz na minha boca, rindo.

-Ei! Me alimente! 

-Por quê eu? Você pode segurar seus próprios talheres, seu folgado. Aliás, por que seu braço ainda tá engessado? Já faz uma semana. Você não toma cálcio suficiente.

-Está curado, mas ainda dói! 

-Que bonitinho. "O solo se fortalece depois da chuva."-diz Steph, rindo de nós, enquanto comia um bife.

-É como dizem... Quanto mais doce for o chá, melhor para o amor.-continua Chris, tomando chá.

-Não, não dizem.-ri Steph, enfiando mais um pedaço de bife na boca.

-E então, Zack, o que você vai fazer?-pergunta Chris, que faz uma cara engraçada porque quimou a boca com o chá quente.

-Com o quê?-pergunta mal humorado para Chris depois que disse a ele que maçãs raladas são gostosas.

-Com a Julie Smith.-Zack e eu nos entreolhamos, meio imóveis. O que fazer?

-Venha, rápido, sua pilantra!-ouvimos gritos do andar de baixo do Refeitório. É  voz de Angeline, a líder do AKA, empurrando junto com as outras Julie. Fico observando sua reação.

-Essa é você, não é?-debocha ela, mostrando o álbum de fotos da época de criança. Realmente... Julie, Deus que me perdoe, mas ela era horrível. Ela arranca o álbum da mão de Angel, mas todas elas riem debochadamente. Julie parece envergonhada.

-Como uma horrorosa que nem você se transforma com tanta cirurgia plástica, não?-a outra exclama, rindo feito uma hiena. Julie não aguenta tanta humilhação e cai de joelhos, sussurrando "feia" para si mesma. Posso ser uma erva-daninha... mas não sou uma planta carnívora.

- E o que é que tem?-pergunto, séria, empurrando as três patricinhas de uma vez. Não vou defendê-la, mas... -Vocês também não compram o que querem com dinheiro? Usar dinheiro para comprar beleza... O que tem de errado nisso, suas ratazanas?-esbravejo. Todos estão olhando para mim. Nem eu esperava essa minha reação. As três se viram e ão embora, murmurando coisas que não pude ouvir. Viro- me contra Julie. Ela está diminuída, de joelhos no chão. -Isso não significa que perdoei você. Sinto tanta raiva que nem ia adiantar você se ajoelhar diante de mim, agora. Seu perdão não muda em nada em mim.-não me ouso olhar em seus olhos. -Mas você disse que os bolinhos de arroz da minha mãe eram gostosos. Porque aquela, provavelmente, foi sua única palavra verdadeira. -encaro-a friamente nos olhos, e ela chora, pedindo desculpas, e saindo do Refeitório. Sou surpreendida depois por um abraço espontâneo vindo de trás de mim, e levo um susto.

-Você é demais! Tem a minha barriga de aprovação!-ele me agarra, e fica bagunçado meu cabelo, enquanto os estudantes gritam e riem em resposta.

-Espera aí, espera aí! Você quer dizer "selo de aprovação", e não "barriga de aprovação"! Quer outro braço quebrado, é?-ameaço. -Ei, seu braço já tá melhor!-vejo que o gesso escapou de seu braço, quando me abraçou por trás.

-Merda, ela descobriu.-diz olhando para os lados.

-O que você quer dizer com "merda, ela descobriu"?-berro, empurrando-o para longe. Ele tropeça e cai, e dou uma risada.

-Você deve sua vida a mim, o que você tá fazendo?-ele tenta argumentar. 

-Eu devo minha vida a você? Idiota!

A filha da empregada- EM REVISÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora