Alice - Uma jornada além da vida

Capítulo 3 - A casa no campo

Já havia anoitecido quando chegamos, não deu para ver muito como era o lugar, mesmo dormindo no caminho eu ainda estava cansada, Dona Helena, estacionou o carro ao lado da casa e fomos logo entrando.

Era uma casa muito bonita e também muito grande, quase todas as paredes eram decoradas com quadros, havia quadros de todos os tamanhos e formas, mais um em especial me chamou a atenção, era um quadro muito grande e nele havia a pintura de um homem negro, seus olhos eram tristes, ele estava muito magro, em um certo momento eu me senti dentro da pintura, eu podia sentir o sofrimento daquele homem, mais tarde Dona Helena, me contou que era um escravo.

Eu nunca havia estado em uma casa tão grande e tão bonita, eu nem conseguia acreditar que aquele lugar seria o meu lar, agradeci a Deus novamente por tudo o que estava acontecendo, eu fiquei tão feliz, que novamente comecei a chorar, e foi então que Dona Helena, veio e me deu um abraço, quando ela me abraçou, me senti a pessoa mais segura do mundo, eu sentia que havia muita luz em Dona Helena.

- Não chore Alice, você está em casa agora. – Disse Helena enquanto me abraçava.

- Eu estou muito feliz Dona Helena, obrigado por tudo, eu nem sei como te agradecer.

- Você não precisa me agradecer Alice, eu que devo te agradecer, em toda minha vida eu sonhei em ter uma filha.

- Muito obrigado mesmo, eu também sempre sonhei em ter uma mãe.

Pela primeira vez em minha vida eu me senti especial, eu nunca havia me sentido assim, é incrível como as coisas acontecem nos momentos certos em nossas vidas, mais tarde iremos descobrir que nada acontece por acaso.

Dona Helena, me levou até o meu quarto, para chegar lá tivemos que subir as escadas, era um quarto muito bonito, a cama era muito confortável, assim como o resto da casa havia quadros nas paredes, no canto também havia uma estante com muitos livros, eu estava muito cansada, me deitei na cama e logo cai no sono.

Já era 7h da manhã quando acordei, raios de sol atravessavam o vidro da enorme janela, me levantei e fui em direção a janela, quando cheguei lá me surpreendi com a paisagem, havia muitas árvores, e não muito longe eu pude avistar um enorme lago, era tudo muito bonito, o meu novo lar era o paraíso.

No meu quarto havia um armário enorme, onde Dona Helena havia colocado várias roupas para mim, escolhi um vestido branco, me vesti e desci até a cozinha, de onde vinha um delicioso cheiro, quando cheguei lá, Dona Helena, estava preparando panquecas.

- Bom dia Alice, você está muito linda com esse vestido. – Disse Helena, assim que me viu.

- Bom dia Dona Helena, eu gostei muito também do vestido.

- Venha Alice, sente se na mesa, vamos tomar o café da manhã, hoje será um dia longo, irei te mostrar todos os lugares do seu novo lar.

- Ebaaaaa. – Respondi alegremente.

O café da manhã estava muito delicioso, Dona Helena cozinhava muito bem, eu ainda estava muito feliz, havia muita paz naquele lugar, eu me sentia como se já conhecesse aquele lugar, algo me chamava a atenção mais eu não sabia o que era.

O meu novo lar era uma casa de campo, era um lugar muito grande, primeiro Dona Helena me mostrou o jardim, era muito lindo, haviam muitas flores, de todos os tipos, depois me levou até o bosque, era um lugar muito calmo e sereno, e por último me levou até o lago, onde pela primeira vez em minha vida eu andei de canoa.

Foi um dia muito bom, me diverti muito, quando a noite chegou, sentamos de frente com a lareira, pois estava muito frio, Dona Helena me contou algumas histórias de sua vida, a que me deixou mais emocionada foi de como conheceu Miguel, o seu falecido marido.

Ela havia me perguntado se eu sabia quem era a minha mãe, só que quando eu fui deixada no orfanato eu era apenas um bebê, nunca tiveram noticia dela, eu também não me importava muito com isso, já que ela havia me abandonado.

Desde o dia que Dona Helena me adotou eu fui muito feliz, foram dias muito especiais, eu aprendi muitas coisas com ela, ela era uma pessoa muito boa, foi com ela que eu aprendi o significado do amor, pois ela me amava como se eu fosse a sua filha biológica, e eu amava ela como a minha verdadeira mãe.

Muitas coisas aconteceram depois daquele dia, foram todos momentos felizes, não irei contar todos, iria tomar muito tempo, mais foi oito anos depois que as coisas começaram a dar errado.