Capítulo VIII - Queda d'água (parte I)

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- A gente desce e olha o que é?

-Mas o que? Você tá doida? -Cristy perguntou ligando a lanterna no rosto de Dina, que por sua vez não mostrava rendição quanto ao ato de descer e olhar o que seria aquilo que reluzia tão fortemente de cor azulada no tronco de uma árvore que estava a poucos metros dali. - E correr o risco de você acabar de quebrar a perna?

-Então desce você e olha lá.

- Sem chances.Amanhã quando estiver claro nós duas vamos até lá e vemos o que é aquilo.

De repente Dina começou a rir, assim, do nada, Cris ficou incomodada com a situação e virou o rosto (que ainda estava olhando para a árvore aparentemente fluorescente) e começou a encarar a garota que já não ria mais, mas parecia um porco morrendo afogado.

-Qual é o seu problema?

-Você é tão fraca quanto eu, ou talvez seja mais fraca. -Cristy parecia não entender a situação- É que sabe, um dia desses a noite eu te falei que tinha medo do escuro, você falou que não tinha. É engraçado que não queira descer da árvore agora, mas tudo bem.

***

A discussão adolescente acabou, os olhos de Dina começaram a pesar, de repente veio um flashback do Brasil, seus amigos de lá, ela não tinha muitos, mas aqueles, mesmo que poucos eram seu tesouro, lembrou-se dá sua cachorrinha Mery ( assim, com "y"), ela teve que doá-la para um petshop, não aceitavam nenhum tipo de animal na ilha para a "saúde física e mental dos convocados", de repente uma lágrima formou-se nos olhos de Dina, sua alma transbordava saudade e seu corpo sono e cansaço. Cris agora já dormia, Dina perguntou-se se sua mãe já estava dormindo, se ela não sentia-se mal por trazer os filhos para um presídio disfarçado, pensava também em seu irmão, ela não tinha certeza se ele a deixaria para trás, mas "foi por um motivo de força maior", sua consciência por mais incrível que pareça não acusava-a de nada, talvez o cansaço.Seus olhos fecharam, Dina finalmente despediu-se de seus pensamentos.

***

Fragmentos. Era tudo o que ela conseguia ver naquele momento, sua mãe estava chorando, e Cristy não parava de gritar:

-Você não vai fazer nada? -Ela não parava de repetir aquela frase.

-Fuja agora Dina, não ligue para mim, fuja!- Parecia que sua mãe estava chorando a horas, sua voz saiu falhada.

De repente a cena estendeu-se: seu irmão, Júnior, estirado no chão, imóvel, Dina ajoelhou-se perante ele, no começo não imaginava que existisse probabilidade de morte, mas assim que ela pôs a mão no rosto dele, sentiu que estava gelado (mais do que o normal, pelo menos), seu corpo de imediato repeliu-se, encolhendo a mão. Sua mãe começou a sacudi-lo, esperando alguma reação, e Cristy gritava cada vez mais alto. Seu mundo girou e Dina não aguentou a pressão.

-Parem!Por favor, parem!

***


Seus olhos abriram-se e Dina percebeu que Cris a encarava com uma expressão de preocupação no rosto, ainda era de noite, o brilho azul ainda continuava lá, parado.

-Qual é o seu problema?Não é legal acordar suas amigas gritando, sabia? Sem falar que ainda são quatro e quinze da manhã, -Ela diz isso olhando para o relógio que estava no pulso da amiga- o sol nem nasceu, e você já tá perturbada das idéias? Brincad...

-Você e seu ótimo senso de humor.

Uma pausa.

-Foi um pesadelo, não foi?

-É, e dos piores. Eu, você, minha mãe e meu irmão.

-Isso é normal, sabe, ontem foi meio estressante, e você provavelmente está muito ansiosa para encontrar os nativos.

-Acho melhor a gente sair daqui.

-Acho melhor a gente dormir. - Cris fala num tom irônico, fechando os olhos.

Dina conseguiu dormir de novo, dessa vez sem pesadelos.

***

-Já são seis e meia Cris acorda.

-Acho que seria desnecessário perguntar qual o seu problema.

- Você está com um bafo horrível.

-O seu não está dos mais cheirosos também não.

Assim que as duas comeram em silêncio (umas sementes que Dina não conhecia, mas tinham um gosto parecido com comida de passarinho) desceram o mais rápido que puderam em direção a árvore. Quando chegaram lá puderam contemplar o que seus olhos tanto passaram a noite olhando e olhando: uma espécie de gosma grudenta azul, que ainda reluzia, mas sem tanta iluminação devido ao sol, lá estavam "colados" e imóveis alguns gafanhotos. Dina abriu a bolsa, tirou de lá um vasilhame transparente, com a tampa cor-de-rosa e foi cuidadosamente colocando o que se parecia até então uma lanterna natural dentro da vasilha. Cris observava tudo calada, estava com olheiras enormes, desde o pequeno incidente das quatro e quinze da manhã, ela também parecia estar preocupada/triste com alguma coisa.

Assim que a geleia/gosma/pregadora de insetos já havia completado o vasilhame, Dina fechou-o e o pôs de novo dentro da bolsa, talvez servisse para emergências, agora seus olhos admiravam algo além da árvore, Cris nem ligou-se para ver o que era, abriu o mapa, as duas já estavam chegando perto dos nativos.

-Segundo isso aqui,- ela falava sem tirar os olhos dele- já estamos perto. Vamos logo, quanto mais cedo vamos, mais cedo chegamos lá. -ela dá uma pausa e aproxima o rosto para do mapa- Só uma coisa que não está batendo, ou melhor, um desenho...

-Hum, só me diz uma coisa; segundo o mapa tem alguma cachoeira aqui por perto?

-Mas o quê? -Cris começou a procurar para onde Dina estava olhando, não foi muito difícil perceber o que ela tanto admirava, uma queda d'água, que vista daquele ângulo parecia ainda maior do que seu tamanho original.


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Helooooo, como vocês estão??? Espero que não tenham morrido de tanto esperar o capítulo VIII, rsrsrs <3 Meus zamores, me perdoem por demorar tanto pra postar viu?! MASSS, pra recompensar vocês esse capítulo foi mais longo, rs <3 Enfim... NÃO SE ESQUEÇAM DE VOTAR E COMENTAR VIU PESSOAS??? Xauzinho, e amo todos vocêss <3


Beijinhos Isa <3

Sobre VoarWhere stories live. Discover now