Capítulo 14

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— Assim que ela despertar me chame, Dolores. Não deixe que ninguém fale com ela antes de mim.

— E se os policiais...

— Eu disse ninguém fala com ela antes de mim! — novamente Theo foi áspero com a pobre e assustada Dolores que passaria o resto daquela noite vigiando a ruiva adormecida.

Theo pegou as amostras de sangue e correu realizar os testes que precisava para saber se realmente ela havia ingerido aqueles comprimidos e consumido álcool, enquanto esperava ficarem prontos cuidou do corpo do rapaz.

Ao fazer tal procedimento, a lembrança veio como e um fantasma. Recordou da noite em que perdeu outro rapaz. A diferença é que aquele havia sido por sua culpa e nunca aquela negligência sairia de sua alma, levaria por toda a sua existência a culpa de sua imprudência e arrogância. Deixou o relatório pronto para os policiais que veriam logo cedo pela manhã.

Algumas horas antes das autoridades locais chegarem estava em suas mãos os testes de sangue de Lilian indicando o que ele esperava.

— Por que quis se matar? —   a observava da porta do quarto —   Não entendo por que queira fazer isso? Na verdade entendo, tive muitas vezes essa mesma vontade.

Conversava sozinho ali vigiando a moça ruiva enquanto Dolores descasava do susto que levou. Quis que ela se afastasse, afinal desejava estar a sós com ela quando acordasse então sugeriu que a enfermeira se recolhesse e assim ela fez, desejando que aquele dia horroroso acabasse o mais rápido possível e assim poderia voltar para sua casa e abraçar o seu filho, um rapaz de idade compatível a aquele que ela viu a vida indo embora.

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— Não está me pedindo, sou eu quem está sugerindo. Faça o que te falei. — Theo sai do quarto deixando Lilian sozinha, não quis prolongar mais aquela conversa, tinha que se preparar para receber as autoridades e teria que ser convincente.

Definitivamente aquela mulher exercia nele algo inexplicável, cresceu nele uma necessidade de proteção, a expressão no olhar, os movimentos daquele pequeno corpo, tudo indicava o quão abandonada estava.

Parecia um animal indefeso com medo de tudo. O relato dela sobre o que havia acontecido naquela ponte mostrou que o menino não deveria estar ali, apenas ela que deveria ter ficado para assombrar aquele pedaço de metal que ligava uma margem à outra sobre aquelas águas geladas.

Os policiais levaram mais tempo que ele havia pensado, tornou a medicá-la não queria que ela acordasse, não podia deixar que ela falasse com eles naquele momento, certamente estragaria tudo.

Theo manteve Lilian adormecida o tempo que pode até ele conseguir relatar o que aconteceu e conhecendo os policiais do local, principalmente o xerife que era um dos seus "amigos" de pesca sabia que teriam o que dissesse como verdade sem contestar; e de fato foi assim.

— Como está se sentindo? — Theo voltou para o quarto assim que Dolores informou que Lilian havia acordado novamente.

— Minha cabeça ainda doí. Quando vou poder ir embora?

— Gostaria que passasse a noite aqui para observação.

— Por favor, não.

— É procedimento que devemos tomar em caso de tentativa de suicídio.

— Pode ficar tranquilo que não tentarei novamente. Cansei de fracassar com isso também.

— Então não foi à primeira vez.

— Quando a policia virá falar comigo? — Lilian mudou de assunto não desejava que ele soubesse o que aconteceu em seu passado, era algo que jamais revelaria.

— Você deve se apresentar na delegacia amanhã pela manhã. É melhor ir senhorita Stall.

— Eu irei, tem a minha palavra. Por favor, deixe-me ir para casa. Prometo que não vou fazer nenhuma bobagem.

— Sei que vou me arrepender... — Theo suspirou — Toma esses remédios, irão aliviar a dor que está sentindo, se aumentar deve correr para cá, entendeu? — esperou que ela respondesse e nada —Perguntei se entendeu?

— Entendi.

— A pancada que levou foi séria...

— Eu prometo fazer tudo que me pedir.

— Assim que terminar com os policiais amanhã quero que venha aqui novamente para voltar a lhe examinar.

— Estarei aqui.

— Toma cuidado.

— Tomarei — Theo ia deixando arrependido o quarto — Obrigada por tudo, Dr. Isaac. — Lilian enfatizou o tudo e Theo a deixa sozinha.

Assim que ela deixou o hospital, Theo e Dolores também entregaram seus turnos. Este não dormiria tranquilamente a imagem daquela mulher seguiria em seus sonhos. Não devia ter lhe dado alta, sentia que ela poderia fazer algo de errado novamente e seu coração apertou quando no dia seguinte ela não compareceu para a consulta e nem no dia seguinte e no próximo.

Sem alternativa senão ir atrás dela onde estivesse Theo pegou sua ficha na recepção do hospital em um momento que ali ficou ali sozinho. Constavam seus dois endereços: o da residência e do trabalho.

Esperou que seu turno acabasse e foi atrás da moça. Se ainda estivesse em Nova York jamais agiria daquela forma, também não era esse tipo de atendimento que oferecia, mas agora não era mais um cirurgião, acabava sendo mais. Sentiu que precisava se envolver, sentiu que deveria ajudar como fora por Eileen e também algo nela lhe atraia inexplicavelmente.

Estacionou sua caminhonete do outro lado da rodovia próximo a loja de ferragens. Dali conseguia ver o interior da lanchonete e a ruiva andando de um lado para outro atendendo as mesas. Olhou no retrovisor e foi ao seu encontro, pela primeira vez estava ansioso. Um sentimento novo para o decidido Theodore Isaac. 

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Ciclo do Theodore está fechado. Chegamos ao ponto de partida. Domingo entraremos na história de quem causou tudo isso: Lilian Stall, espero vocês lá! Beijos!!!

Amargos Segredos [Completo]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant