3° capítulo - Visita no hospital + Ela ...

486 31 2
                                    

Acordo ótimo, melhor impossível, sentiram a ironia? Levanto e vou direto pro quarto da minha mãe, vou ter que ir no médico.

- Mãe - chamo ela da porta.

- Fala filho.

- Me leva no médico? Não to muito bem.

- Claro, vai lá acordar o Ryan, que eu vou deixar ele na vizinha.

Mal viro as costas, caio no chão, a única coisa que eu vejo antes de apagar, é a cara de assustado do Ryan, e minha mãe gritando pelo meu nome.

"Eu não sinto nada, é como se eu estivesse caindo em queda livre, sinto o meu corpo caindo, caindo, e tá tudo escuro, até que eu sinto o meu corpo se chocar com algo"

Abro o olho, mas a luz me deixa cego, fecho novamente os olhos, e quando abro, já sei onde estou, esse lugar se tornou muito familiar para mim.

- Vejo que acordou.

Assim que viro pra ver quem é a dona dessa voz, me sinto paralisado, ela é linda.

- Estou muito tempo desacordado? - falo com a voz rouca.

- Você ficou desacordado durante umas três horas.

- Meu novo recorde - digo sorrindo - Você não é muito nova pra estar trabalhando num hospital?

- Sou, mais eu não trabalho aqui, só sou voluntária, venho de 2 a 3 vezes no mês.

- E como eu nunca te vi aqui? Praticamente aqui virou a minha segunda casa.

- Eu fico mais na ala infantil. Mas e você, porque você está aqui? Sua mãe me disse que fazia um tempo que você não passava mal desse jeito.

- Bom, eu fui dar a louca de viajar de carro, sem ver como está a minha imunidade, acho que ela deve ter terminado de cair, e resultou, nisso, eu num hospital.

- Você é louco sabia?

- Louco não, só gosto de aproveitar o máximo que eu posso.

- Mais que tipo de câncer você tem?

- Leucemia.

Ficamos conversando durante um tempo, até os dois saquinhos de soro com nutrientes acabar. Assim que o soro acaba, posso ouvir o som das trombetas, odeio tomar soro, como eu sou branco, fica roxo o meu braço. Ligo pra minha mãe, a Emanuelle (a menina que eu estava conversando) falou que ela teve que voltar pra casa por causa do Ryan.

Vou pra sala de espera, deito minha cabeça no banco, e espero minha mãe chegar. Depois de umas meia hora, vejo a Emanuelle saindo correndo do hospital.

- Ei Manu? O que foi?

- Tenho que pegar o ônibus agora, se não só pego daqui a uma hora.

- Vamos esperar minha mãe chegar que ela te deixa na tua casa.

- Não quero incomodar.

- Não incomoda.

Ficamos conversando até a minha mãe chegar, assim que ela estaciona o carro, o Ryan salta do carro e vem correndo e se joga nos meus braços, tenho que fazer uma pequena força pra me equilibrar, já que o impacto foi forte.

- Tio, cê tá bem tio? Tá bem mesmo? - ele faz um monte de perguntas enquanto seca algumas lágrimas com aquelas mãos pequenas.

- O tio tá bem, ei não precisa chorar, o tio tá bem já. - digo me ajoelhando e dando um abraço nele, que envolve os bracinhos pelo meu pescoço.

- Vamo pra casa tio? Pra gente assistir filme? - ele diz e aquele sorriso está de volta.

- Mãe, você deixa a Emanuelle em casa, ela ficou aqui me fazendo companhia, enquanto você não chegava.

- Claro, vamos.

Dou a mão pro Ryan que não desgrudou de mim durante todo esse tempo, e seguimos em direção ao carro.

- Onde você mora Emanuelle ?

Ela passa o endereço pra minha mãe, e eu fico fazendo carinho na cabeça do Ryan.

- Obrigado pela carona senhora Casanova.

- Não precisa agradecer. - diz minha mãe carinhosa.

Quando a Emanuelle disse que morava dó outro lado da cidade ela não estava mentindo, se de carro nós demoramos quase 1hr, eu imagino se ônibus.

Desço do carro, e me despeço dela, com um abraço e um beijo no rosto. E entro novamente no carro só que dessa vez ocupando o lugar que antes a Manu estava.

Coloco fones de ouvido, e seguimos pra casa.

"Eu estou no quintal de uma casa, e tem uma menina do meu lado, e ela chora muito, tento de todo o jeito a ajudar, só que ela não me vê, cada vez eu vou ficando mais longe, até ela se tornar apenas um borrão"

- Filho acorda, chegamos.

Abro os olhos lentamente, até perceber que eu estou em casa, fico um tempo aéreo.

- Ryan? Vai entrando que a gente já vai.

Vejo o Ryan entrando correndo dentro de casa. E minha mãe de vira pra mim, com uma expressão séria.

- Temos que contar pra ele filho, você não tem noção de como ele ficou hoje, eu não fiquei com você no hospital, porque ele está muito assustado, tive que ficar com ele. Você não imagina como ele ficou filho, converse com ele.

- Eu vou conversar com ele mãe.- digo esfregando as minhas duas mãos no rosto.

- Ok, vamos então.

Descemos do carro, minha mãe vai pro quarto dela, e eu vou pro meu, encontro o Ryan sentando na minha cama.

- O tio pode conversar contigo?

- Claro tio.

Me sento do lado dele, e vejo aquele olhos verdes vibrantes me olhando. - O tio tá doente Ryan, muito doente.

- Mais você vai ficar bem não vai tio? - ele pergunta, e vejo o seus olhos ficam marejados.

- Não Ryan, o tio não vai ficar bem. Mais eu preciso que você seja muito forte, preciso que você se torne o homem da casa, pois a tia vai precisar muito de você. Posso contar com você?

- Pode sim pai - ele me olha sorrindo, porém chorando, e uma lágrima traiçoeira cai do meus olhos.

- Eu te amo muito viu pequeno? O prometo que vou cuidar de você sempre.

- Eu sei, pai, eu sei.

Ele me abraça, e assim acaba mais um dia.

**********

Acho que de todas as partes do livro, mais difícil de escrever, foi essa conversa deles. Espero que vocês gostem, até o próximo.

Prometo te amar até o seu último suspiro.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora