EXÚ

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Mensageiro dos Orixás, ele é o primogênito do universo no mito da gênesis dos elementos cósmicos

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Mensageiro dos Orixás, ele é o primogênito do universo no mito da gênesis dos elementos cósmicos. É o resultado da integração água e terra, masculino e feminino, sendo o terceiro elemento. Cultuado entre os Orixás, apenas por seu intermédio é possível adorar as Yabás-Mi (as feiticeiras). Traçar e abrir caminhos é uma das suas principais atividades, pois ele circula livremente entre todos os elementos do sistema. É o princípio da comunicação, está fortemente representado no Opon-Ifá (tábua adivinhatória de Ifá -Deus da Adivinhação) pelos triângulos e losangos. O sistema oracular funciona graças a ele. Está profundamente associado ao segredo da transformação de materiais em indivíduos diferenciados.

Exú é o álter ego de todos os indivíduos. É o princípio dinâmico da expansão (evolução), agente de ligação, princípio do nascimento dos seres humanos, princípio da reparação (causa/efeito). Exerce o papel de propulsor do desenvolvimento, de mobilizador, de fazer crescer, de ligar, de unir o que está separado, de transformar, de comunicar e de carregar.

Todos os Orixás necessitam de suas forças, pois ele está ligado à evolução e ao destino de cada um.

Exú é o primeiro que se serve e se cultua, é o Senhor, o decano de todos os elementos.

Como muitos não conhecem profundamente a religião yorubá, tiram conclusões apressadas e erradas quando se referem a Exú, tornando-o uma entidade voltada para o mal e apresenta nos círculos menos evoluídos como portadores de defeitos físicos, confundidos com os Kiumbas (entidades defeituosas).

Embora conhecido como um escravo, a grande realidade é que Exú também é um Orixá, representando os santos como mensageiros, verdadeiros secretários, o cobrador da lei causa/efeito. Não se pode ir a um Orixá sem antes tratar de Exú. Embora seus toques sejam rápidos, ele dança com satisfação qualquer toque aos Orixás quando ordenado. Exceto para Oxalufan, com qual ele brigou por desejar seu trono.

Exú é detentor de axé e quem, junto com Olidumaré, criou o universo, ambos têm o mesmo poder.

Alguns veneram-no como a um Orixá (há controvérsias semânticas), considerando-o irmão de Ogum e Oxóssi, filho de Yemanjá. Seu ritual específico é o Ipade e a sua oferenda o Ebô. É costume dizer-se que existem 16 clãs desse Ara Orun Imole, e várias qualidades, como Ajikonoro (o compadre), Legba (de Omulu), Lalu (de Oxalá, Yemanjá e Oxum), Bara ou do Corpo (o velho), Bori (de Xângo), Afefe (de Iansã), Ogum ou de Ferro (de Ogum), Alafia (da satisfação), Alaketu, Lon Bii, Elekenae, Ajalu, Tiriri, Vira (é feminino), Tamentau, Rum Danto, Aluvaia, Paraná, Marambo, Bombom-Ngera, Sinza Muzila, Lonan, Gikete e Jubiabá.

Conta a tradição: Olorum deu a Oxalá o domínio da Ordem e a Ifá a comunicação entre os Homens e os Orixás, através dos Odus Ifás transportados e vigiados por Exú, ligando assim os dois extremos das variações espirituais.

É o Orixá guardião dos caminhos que levam e trazem e fazem as pessoas se encontrarem ou se distanciarem.

É conhecido como supervisor das atividades do mercado, padroeiro dos ladrões e arruaceiros, além de guardar templos e casas. Transita entre os limites do mundo, rua e casa, fora e dentro, imanente e transcendente, pessoas e deuses.

 Exu está associado às funções de mensageiro, de condutor de mortos, transmutador de elementos; de aplicador de justiça de forma indireta, de restabelecimento da justa medida, das trocas e do comércio; dos caminhos e das entradas, das porteiras e dos umbrais, deus dos limites entre mundos, das artimanhas e dos embustes, da esperteza e da jocosidade.

Em termos psicológicos, podemos dizer que Exu representa a constelação de um arquétipo. Este arquétipo atua no sentido do desenvolvimento da psique e da construção dos aspectos pessoais de cada indivíduo, pois não pode haver troca, comunicação e criatividade onde não haja diferenciação – que é o objetivo final da psique.

 A capacidade de lidar com os três níveis – o inferior, o terreno e o superior, o torna capaz de transitar e trazer mensagens destes planos. Em uma análise profunda, é capaz de trazer mensagens do inconsciente para a consciência, possibilitando que os conteúdos reprimidos (sombra) e o lado não digno tanto do analisando quanto do analista sejam elaborados e ressignificados.

Pessoas muito comprometidas com a vida consciente é comum serem surpreendidas por eventos que desestruturam seu frágil equilíbrio emocional. Nessas ocasiões, este arquétipo estará sempre presente, a fim de restabelecer a integridade psíquica, levando o individuo a lidar com neuroses, pânicos ou sumarizações.

Além disso, a capacidade de conduzir almas por estes planos o torna, sob o ponto de vista da psicologia analítica, um condutor dos seres em sua transmutação e em seu processo de individuação.

Portanto, a presença deste arquétipo é de importância vital para o processo psicoterapêutico, uma vez que esse é um trabalho em conjunto de negociação entre inconsciente e consciente.

O ato de se tornar consciente, portanto, deve passar pelo nosso lado menos bonito, menos digno, o nosso lado Exu, aquele que constantemente desprezamos, mas que é extremamente necessário para entrarmos em contato com outros lados de nossa personalidade.


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