Nas entranhas da Casa

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— Eu posso me cuidar. – Coral falou soando claramente irritada. Rudy sorriu com a expressão no rosto dela.

— Então vamos lá. – Rudy olhou por sobre o ombro para os que estavam atrás. — Fiquem juntos e não... – antes que ele pudesse terminar a frase o corredor começou a sugá-los para dentro, puxando-os, eles não tinham o que fazer, foram pegos de surpresa.

O corredor tinha muitas portas e todas estavam abertas como bocas devoradoras esperando que todas as crianças caíssem dentro de uma delas. Balt e as Amanda's entraram por uma das portas, enquanto Coral e Rudy foram empurrados para outra.

A porta pela qual entraram dava para outro corredor, bem mais escuro e assustador que o outro. Esse corredor era mais gelado, a luz era tão fraca que Coral e Rudy quase não conseguiam distinguir nada a frente. As paredes pareciam se mover era como se muitas aranhas se movessem nas paredes. O odor que emanava naquele corredor era de algo podre e antigo, era como madeira podre de muitos anos atrás, e as paredes gemiam, era como se estivessem dentro de casulos pulsantes, e os gemidos pareciam de alguma criatura faminta e aprisionada. Coral nunca se sentiu tão assustada em toda sua vida.

— Onde estamos? – ela sussurrou para Rudy, segurando em seu braço, dessa vez ela não pretendia soltar.

— Não é um bom lugar, não é um bom lugar... – Rudy parecia estar perturbado, a pele cada segundo mais branca e fria, os olhos cada vez mais verdes brilhantes. Ele olhou para Coral, o medo percorria em seu olhar. — Caímos na porta errada. – ele sussurrou.

— O que você quer dizer com isso? – Coral apertou mais ainda seu braço na tentativa de fazê-lo voltar a si.

— Fala baixo. Temos que sair desse corredor o mais rápido possível. Aqui é onde minha... – ele parou, olhou para o lado e depois olhou para Coral, colocou o dedo indicador na frente dos lábios "shiii". Coral olhou na direção que ele havia olhado e pode distinguir uma porta, todos os pelo de seu corpo se arrepiaram, ela não viu nada, mas pode sentir. Algo muito ruim estava atrás daquela porta. Ela pode ver pela fresta da porta que algo pulsava lentamente lá dentro, e o barulho parecia um ronco suave de um motor, mas era tão assustador que ela podia sentir nos seus ossos.

Rudy empurrou Coral suavemente por outra direção, os dois agora estavam em outro corredor, esse estava pouco mais claro que o outro.

— O que era aquilo? – Coral perguntou, olhando por cima do ombro de Rudy, o corredor assustador que acabaram de sair ainda emanava sua escuridão fedorenta.

— É onde minha avó está dormindo. – ele falou, e deu uma leve olhada para trás. – E de maneira nenhuma devemos acordá-la.

Coral começou a imaginar o quão terrível era essa "avó", mas seus pensamentos sumiram subitamente quando Rudy foi sugado novamente para a sala aterrorizante e ela foi sugada na direção oposta, não teve tempo de reação, foi em um piscar de olhos e em seguida ela já estava em outra parte da casa. Era um corredor, a porta se fechou atrás dela e agora ela estava sozinha.

— Rudy! – Coral bateu na porta com toda sua força, mas sabia que estava muito distante dele. Ela virou de costa pra porta e quando olhou pra frente viu um espelho refletindo sua própria imagem, por um breve instante se assustou e então logo olhou ao redor. A sala era bem mais iluminada do que as anteriores, mas ainda assim era sombria e tinha um ar assustador.

— O que eu vou fazer? – Coral baixou a cabeça, estava com tanto medo. Ela olhou novamente para seu reflexo no espelho e então se aproximou para lhe encarar. — Vamos lá Coral! Você é fort... – algo se moveu em suas costas, parecia uma aranha, ela olhou subitamente para trás e bem em seus olhos surgiram grandes botões negros.

"Buh"
Coral caiu para trás, fechou os olhos preparada para se chocar contra o espelho, mas ela atravessou.

Ela abriu os olhos lentamente, mas não viu nada, tudo era escuro, nenhuma luz havia ali e então de repente ela começou a ouvir vozes surgindo de todas as partes:

"fique bem quietinha" "fique bem quietinha"

"fique bem quietinha" "fique bem quietinha"

"fique bem quietinha" "fique bem quietinha"

"fique bem quietinha" "fique bem quietinha"

"fique bem quietinha" "fique bem quietinha"

"fique bem quietinha" "fique bem quietinha"

"fique bem quietinha" "fique bem quietinha"

As vozes ecoavam em sua cabeça uma atrás da outra. As vozes pareciam sofrer. Coral tapou os ouvidos e então tudo ficou silencio novamente. Ela levantou a cabeça e então sentiu... Era a coisa mais assustadora que havia sentido. Lábios encostaram em seus ouvidos como sussurros e falaram ao mesmo tempo:

"— Pois a Bela Dama com certeza está nos ouvindo". 

Coral - A Filha de CoralineWhere stories live. Discover now