A chuva cai lá fora e pergunto-me porquê. O porquê de tudo ser interessante mas nunca nada me interessar verdadeiramente. Trabalho à base do quase numa espécie de epicurismo vicioso, teoria com a qual não concordo. O prazer das coisas não está em quase as viver, na contenção das emoções e dos sentimentos. Se é para sentir, então é para sentir à grande. Se é para sentir mais ou menos, mais vale não sentir.
O sofrimento é parte da vida, e que infelizes seríamos sem o sofrimento, e que menos infelizes somos com ele, porque a valorização da felicidade está naquilo que aprendemos com o sofrimento. Não reconheceríamos a luz se nunca tivéssemos estado na escuridão, assim como não reconheceríamos a felicidade se nunca tivéssemos sentido a sua ausência.
A chuva cai lá fora e que sortuda que sou por assim ser, porque jamais valorizaria as abertas que o sol me dá se assim não fosse. E que boa que é a chuva pois é a melhor professora que vou ter para me ensinar como abrir o chapéu e proteger-me das coisas menos boas.
A chuva cai lá fora e que aliviada estou por assim o ser.
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Epifanias Ocasionais
PoetryUm livro mais a meu gosto, não muito descritivo nem concreto. Gostava de dizer de que fala, mas nem eu sei. Fala da vida, de coisas corriqueiras e da percepção súbita da sua importância e significado. Fala um pouco de tudo.
