Epifanias Ocasionais

Epifania

Epifania, estou a ter uma epifania. O coração bate forte e a mente é invadida por ideias, umas bucólicas, abstractas, outras bem estruturadas.

Olho para a janela. Os carros passam na estrada, uns vêm da esquerda, outros da direita. Eu estou aqui, no presente e não percebo toda a monotonia e tristeza que senti nos últimos dias, porque hoje tudo é belo, a vida é maravilhosa, os carros passam lá fora, uns vêm da esquerda, outros da direita.

 Penso na efemeridade da vida, e quão feliz é a efemeridade pois sem ela a vida não teria qualquer importância. Seria um infinito de coisas constantes. E que aborrecida que é a constância, sucessão de coisas que não nos trazem nada de novo. E que aborrecida e constante que tem sido a minha vida até hoje. O passado a assombrar o presente e um futuro incerto que talvez se torne numa sucessão de presentes influenciados. Não quero isso. Quero o passado bem longe, mas não tão longe que não me consiga lembrar dele e assim fugir de quem sou. Sou o meu passado, o meu presente influenciado e o meu futuro por influenciar. Se eu influenciar o presente com coisas boas, por esta lógica o futuro será fantástico. Como criar um futuro somete influenciado por coisas boas? Impossível? É certo que não. 

As coisas más que nos acontecem na vida têm sempre uma parte boa. Todas as coisas horriveis têm uma parte boa. Há que saber olhar para elas de outra perspectiva. No fim, o que é bom, é fantástico e o que é mau, é experiência.

Os carros continuam a passar na estrada, vão passar para sempre. Pelo menos para o meu sempre, que é literalmente o maior sempre que alguma vez experienciarei. Uns para a esquerda, outros para a direita. E aqui estou eu, no meio da estrada, com a decisão nas mãos. Para a esquerda? ou para a direita? Passado ou futuro? Presente influenciado o quanto baste parece-me bem.