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Revisado

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Revisado.

(23/12/20)

Pov_Primeira pessoa, Rafaela.

  Continuo andando sem rumo pela floresta e finalmente depois de um tempo de caminhada me deparo com algo além de árvores me cercando, há um rio de águas claras e agitadas. Olhando para trás a única coisa que consigo enxergar são borrões de pessoas correndo, apertando a vista na tentativa de ver melhor percebo que são adolescentes. Minha visão não melhora e não posso entender por que estão correndo.

   Meu corpo se mexe sozinho e sem minha permissão. A adrenalina percorre todos os fios do meu corpo, eu estou indo em direção ao rio. No momento em que meu pé toca a água, minha visão nubla totalmente, barulhos de risos e gritos aumentam gradativamente.

- Rafaela Blackwood. - Abro os olhos abruptamente com a chacoalhada que percorre meu corpo. Minha professora de biologia está parada na minha frente com uma cara nada boa, solto uma risadinha sem graça.

- Que foi? - Pergunto.

- Acorde e preste atenção na aula antes que seja expulsa dessa escola também.

- Esquisitona. - Ouço um garoto falar no fundo da sala e os amigos em volta rirem. Acomodo meu corpo na cadeira e tento prestar atenção na aula, mas minha mente logo se desvia.

   Hoje meu dia começou horrível, tive o mesmo pesadelo se repetindo milhões de vezes só essa madrugada, era como ver um vídeo em replay. Meu rosto está fundo por ter dormido mal e nem mesmo o meu cabelo resolveu me ajudar ao acordar todo para cima, de modo que só um rabo de cavalo me ajudou. Foco por alguns segundos no que a professora falou e escrevo no caderno, lembro que devo me esforçar mais nessa escola do que nunca me esforcei.

   Já fui expulsa de muitas escolas porque sempre tive muitos problemas, tanto em casa quanto na escola. Meus colegas de classe sempre me caçoavam pois eu podia jurar que via coisas que as outras pessoas não viam. Na época chegaram a me levar na psicóloga e psiquiatra. Chegaram à conclusão que tenho tdah e dislexia. Como se não bastava ser a única criança com mãe solteira e que nunca conheceu o pai na escola e ainda era a doente mental.

   Um bilhete cai em cima da minha mesa, pego e leio antes que a professora me veja com ele. "Você estava babando", foi Grover quem mandou. Um dos meus únicos amigos, era difícil lidar com as pessoas e suas particularidades, mas Grover sempre foi alegre e otimista por debaixo da sua toca e moletons. Decido ignorar o fato dele estar me zoando por ter dormido em aula e arrumar minhas coisas para sair ao soar do sinal.

- Rafaela, espere. - A professora me chama. Paro na porta pronta para sair da sala. - Venha falar comigo antes do fim do intervalo por favor. - Apenas aceno com a cabeça.

   Percorro os corredores lotados, desvio das pessoas para chegar rápido ao refeitório. A única coisa nesse momento que me importa é sentar e tirar o peso da mochila das minhas costas. Assim que me sento na mesa, boto a bolsa no colo e pego um biscoito dentro dela. Antes de dar a primeira mordida o biscoito é tomado da minha mão. Grover se senta à minha frente e come meu biscoito. Abro a boca incrédula.

- Isso foi crueldade. - Pego outro biscoito e dou uma forte mordida, meus olhos estão cerrados. Ele apenas balança os ombros e puxa a toca em seus cabelos para frente.

- O que a professora quer falar com você? - Ele dá um gole ansioso em seu copo de café. Era algo sobre Grover, o café o fazia feliz e tranquilo como quase nada conseguia.

- Eu não sei. Pode ser qualquer coisa, talvez sejam as notas baixas.

- É... talvez. Enfim, como foi o fim de semana?

   Ainda faltando 10 minutos para o fim do recreio me despeço do moreno e vou andando até a sala em que a professora deu sua última aula. Quando entro ela está me aguardando sentada em sua mesa. Paro em frente a sua mesa.

- Senhorita Rafaela eu te chamei aqui para conversar porque estou preocupada, suas notas não estão nada boas. - Ela apoia seus braços na mesa, inclinado o corpo para frente.

- Eu estou tentando professora, prometo melhorar.

- Preciso saber o motivo disso. - Ela ignora o que eu falo. - Por um acaso está muito ocupada roubando as coisas dos outros?

- Professora, que isso. Eu nunca roubei nada não. - Enquanto eu negava várias vezes com a cabeça as coisas começaram a ficar mais estranhas.

   A pele da professora passa a avermelhar como um pimentão e uma névoa parece surgir em volta dela. Minha visão parece embaçar ao ver seu corpo ficar maior a cada segundo.

   Começo a ficar com medo e me encolho no lugar. Será que além de disléxica eu também sou esquizofrênica e vejo coisas? Decido não ficar parada no lugar e lentamente vou para a porta, a professora acompanha meus passos enquanto aumenta. Grover aparece do nada no limiar e me puxa para fora da sala, longe da vista da professora.

- Você viu aquilo? - Penso seriamente se o ocorrido foi ou não uma alucinação da minha cabeça.

- Do que está falando? Eu só vim pra te acompanhar pra próxima aula. - Passamos pelo corredor ainda meio vazio já que a maioria das pessoas ainda estão no refeitório.

- Deixa quieto, pensei ter visto algo estranho. - Grover não voltou a tocar no assunto pelo resto do dia, mas em todas as outras aulas que tivemos juntos ele estava nervoso e inquieto.

   Ele até mesmo insistiu para me acompanha até em casa.

   Minha casa é perto da praia, meu porto seguro é lá. Não é apenas por ser minha casa, mas o lugar é maravilhoso. Simples e charmoso, meu coração acelerar só de lembrar. Minha mãe não podia ter escolhido lugar melhor para nós morarmos.

   Minha mãe se chama Marta Blackwood. Ela é dona de lindos cabelos loiros, olhos pretos e tudo isso acompanha um corpo que fazem todos se perguntar se ela tem mesmo 42 anos. Embora ela tenha escolhido morar numa casa quase em frente à praia ela nunca gostou muito que eu fosse sozinha, dizia que o mar poderia ser perigoso. Ela parou de contestar quando eu falei que iria acompanhada de Grover.

   O moreno me deixa na entrada da minha casa, se despede com um abraço e volta a andar para sua casa apoiado em suas muletas.

- Oi mãe, cheguei. - Grito e vou atrás dela. Sei que está na cozinha porque sempre que está preparando a comida liga o rádio e preenche a casa com música. Dou um beijo em sua bochecha como comprimento.

- Oi minha filha. A lasanha está quase pronta.

- Ótimo, estou morrendo de fome. Desço assim que tomar banho

   Mais tarde finalmente poderei dormir sem ser perseguida por pesadelos.

A filha de Poseidon - Jason GraceOnde histórias criam vida. Descubra agora