Anjo Perdido - Capítulo 11

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"Eu compartilharia minha vida inteira com você, você faria o mesmo por mim? Eu daria tudo que sou pra você, você faria o mesmo por mim?"

- Celine Dion (My Love)

Amizade, fidelidade, amor.

Essas não são qualidades que você encontra em qualquer lugar, em qualquer esquina, em cima de qualquer banco, sentado em qualquer praia, sentindo qualquer vento lhe tocar.

São coisas que quando você as tem você as guarda para sempre, pois sabe que se você perder, você estará perdendo aquilo que te faz acordar todas as manhãs. Algumas pessoas lidam com isso de diferentes formas. Algumas tentam seguir em frente, outras ficam presas ao passado, outras morrem.

Algumas até adoecem.

Mas porque falar sobre perda? Porque falar sobre o pior sentimento do mundo?

Por que quando você perde alguém, você se perde. A dor se torna tão grande ao ponto de ser insuportável, o céu perde a cor turquesa, o mar se torna mais obscuro e frio e nada consegue fazer com que você se erga novamente.

* * *

A convivência com minha mãe em casa estava mudando, e por incrível que pareça, era uma mudança boca. Sem indiferença, sem indiretas. Eu decidi não perguntar sobre o meu pai por algum tempo, talvez em algum momento ela finalmente estivesse pronta para entrar no assunto. Mas a verdade é que cada dia que passava eu me sentia mais ansioso, sentia sempre aquela vontade de voltar a investigar tudo de novo.

Eu não podia, porque se fosse assim eu teria que ler as cartas entre ela e meu pai e isso seria como invasão de privacidade. Deixei que a vida seguisse seu rumo sem frustrações. Os dias foram se passando como se o próprio vento que era soprado pelo mar fizesse com que o tempo passasse mais rápido, meu elo com Caleb estava mais forte, eu o amava mais cada dia que passava.

- Quando vamos fazer alguma coisa divertida? – Nathan perguntava com tédio.

Reprimi um risinho e olhei sério para ele.

- Você só vive fazendo coisas divertidas o tempo todo, pra quê mais?

Os outros riram do comentário e Nathan revirou os olhos, o som do riso de Caleb também instigava muito, era muito contagiante.

- Matar aula para ficar com a tia da cozinha não é diversão, é só um hobby – Nathan rebateu.

Caio entrou na conversa mudando um pouco o debate entre ele e eu.

- Acho que devíamos escalar, faz um tempo que a gente não fazemos isso.

Eu não resisti e comecei a rir alto, era impossível me controlar, minha boca começou a ficar seca e minha garganta começou a coçar. Todos me encararam como se eu fosse um retardado.

- Sério isso? – Perguntei tentando manter a postura. – Você está no terceiro ano do ensino médio e ainda tem a ousadia de falar "a gente não fazemos"? Seus erros vocabulários me envergonham.

Caleb também não resistiu à risada, seus olhos brilhavam por pura alegria.

- Qual é o problema? – Caio perguntou em um tom dramático.

Rodrigo também riu e olhou para cara de Caio.

- Quando você fala "a gente" é errado empregar o plural, tem que ser singular, tipo "a gente não faz".

Caio colocou a mão na cabeça e começou a olhar para o alto como se estivesse pensando na explicação que Rodrigo acabara de dar, coitado, ele não fazia por mal. Caleb ainda mantinha o sorriso nos lábios, era o sorriso mais lindo do mundo, eu adorava vê-lo sorrir, era como ganhar um presente a cada novo sorriso dele.

Olhos AzuisWhere stories live. Discover now