Capítulo 1 - Cadê meu unicórnio?

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- Eu disse que não deveríamos ter entrado naquele portal – Resmungou Conrad, que sempre fazia questão de pontuar os erros do grupo.

- Você poderia ter dado sua opinião antes de entrarmos –Retrucou Ericksen em resposta ao bardo ranzinza.

Suzanne se preocupava em descobrir onde estavam. A elfa analisava a vegetação e não conseguia reconhecer uma só plantinha. Estavam com certeza muito longe de casa, talvez estivessem até mesmo em um mundo diferente do seu. Conrad permanecia reclamando:

- Eu sabia que aquela feiticeira era furada. Por que ela ia ajudar a gente mesmo?

- Ela nos pediu para encontrar um amuleto em troca dessas informações, lembra-se? – Acrescentou Edra, a bárbara que ainda não havia se pronunciado e preocupava-se mais em proteger o grupo de eventuais perigos.

- E vocês acham que vamos achar um rubi amarelo aonde mesmo? – Perguntou olhando os bolsos de sua roupa.

- Se você acha que pode estar com você, posso ajudar a vasculhas as cavidades. – Disse Edra com irritação.

- Calma aí amiguinha. É que eu aprendi a nunca confiar numa pessoa que consiga soltar um raio pelas mãos sem se queimar – Respondeu Conrad enquanto cutucava o mago Ericksen com o cotovelo.

Não foi a primeira vez que o bardo disse ou fez algo estúpido. Três dias atrás eles tiveram que enfrentar uma horda inteira de orcs apenas porque ele não conseguiu permanecer em silêncio. Semana passada, quase foram presos depois que Conrad ofendeu a filha de um xerife, obrigando-os a se desfazer de um grande número de peças de ouro no pagamento de sua fiança.

Conrad era o que podemos chamar de "mal necessário". O rei das terras do Norte havia convocado desesperadamente um grupo de heróis capazes de trazer de volta seu unicórnio preferido. O animal havia sido levado por um grupo de ladrões, interessados em usar seus dons mágicos na prática de outros crimes.

Parecia uma missão simples. Achar os gatunos, espancá-los até a morte, resgatar o unicórnio e trazê-lo de volta. Ou assim imaginaram Edra, Suzanne e Ericksen quando se apresentaram para a tarefa.

As complicações começaram quando o rei Julius oitavo explicou-lhes porque não mandava seu exército atrás dos ladrões. Aquele raríssimo unicórnio só poderia ser controlado por quem tivesse a raiz de uma planta chamada apiaqueira. E a única disponível havia sido levada junto com ele.

E apiaqueiras crescem como mato? Claro que não. Elas são raríssimas.

Mas então por que foi preciso que um bardo se juntasse ao grupo? Por causa de um dragão. Por que será que sempre tem um dragão guardando ou dormindo em cima daquilo que mais precisamos?

Conrad era insuportável. Contava o tempo todo histórias duvidosas sobre suas conquistas e feitos, tocava uma flauta transversal como quem sacrifica um gato e era terrível com as mulheres. Alguém, algum dia deve ter-lhe dito que era um homem atraente e ele acreditou, pois quase sempre ele saia das tavernas com a cara avermelhada por algum tapa desferido por alguma dama ofendida.

Apesar de tudo isso, ele era o único capaz de fazê-los passar incólumes por aquele dragão. Outros bravos heróis já haviam tentado derrotá-lo, mas terminaram assados pelas chamas vomitadas pelo bicho. A única possibilidade eram colherem as raízes da apiaqueira enquanto Conrad colocava a fera para dormir sob sua melodia de qualidade duvidosa.



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O Bardo mais chato do mundoWhere stories live. Discover now