Encontros com os pais. Ou quase.

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Quando ouviu as batidas na porta de sua casa, Bilbo rapidamente foi atendê-la. Já estava esperando na sala - tinha se arrumado em tempo recorde, não que demorasse tanto assim. Talvez demorasse um pouco arrumando os cachos de seu cabelo, às vezes se tornavam tão rebeldes que podia resultar em um novo estilo de cabelo afro. Contudo, havia outro motivo para que tivesse que montar guarda na porta.
— Oh! Bilbo, querido, tem um garanhão na porta dizendo que te conhece!
"Maldição! Por todos os deuses do Olimpo, nórdicos e egípcios juntos!" Praguejou em sua mente. O seu maior medo se concretizara, apesar de todo o seu planejamento ela sempre o superava...
Belladona Tûk-Bolseiro, sua amada mãe, tão semelhante a Bilbo em aparência como também em personalidade - talvez nem tanto em neste último quesito, já que ela poderia ser mil vezes mais "aventureira" (como ela gostava de enfatizar). O que ela viu no pacato e correto Bungo Bolseiro? Bilbo não sabia muito bem... Sua mãe tinha sido hippie (ou melhor, ainda era), participou de uma banda de heavy-metal e até tinha ficha na polícia. Seu pai, por outro lado, fora escoteiro e participava da associação de jardineiros da cidade. Eram totais opostos, mas era o casal mais unido e apaixonado que o jovem Bolseiro já vira.
— Mãe! Pensei que estava ocupada fazendo... Suas coisas estranhas!
— Eu estava fazendo tai-chi-chuan. Não é estranho, é saudável! – A mulher de frondosos cabelos castanhos encaracolados inflou o peito, como se orgulhosa do fato. Ela parecia não ter problema algum em andar pela casa vestindo sua roupa de lycra ao estilo anos 80, evidenciando ainda mais que estava fazendo exercício. - Por acaso não queria que eu atendesse a porta? Está escondendo esse bonitão de mim?
— Mãe! – Bilbo corou, tentando não mirar Thorin, que permanecia ali na porta observando tudo.
— Não se preocupe quanto a mim, querido, ele pode ser bem sexy mas eu ainda tenho o seu pai e confesso que ele ainda dá para o gasto! – Piscou divertida, totalmente alheia ao embaraço que estava provocando em seu único filho – Mas você não me disse que tinha um amigo assim! Eu me sinto traída Bilbinho!
— Pai! – Choramingou, clamando pela ajuda de Bungo, o único que podia controlar aquela mulher.
— Bella, querida. – Bungo surgiu da cozinha com sua inseparável xícara de chá em uma mão e o cachimbo em outra – Não quero que mate nosso único filho de vergonha.
— Vergonha? Eu só estou fazendo perguntas totalmente inocentes. – Disse ela, já capturando o braço de Thorin e o abraçando entre seus grandes seios – Veja o que o nosso filho trouxe para casa!
Bungo rolou os olhos. Bilbo atuou, puxando o outro braço do Durin para si e o libertando da sua mãe.
— Veja como ele está possessivo! – Riu Belladona – Céus! Onde está a minha câmera? Temos que tirar fotos deste evento!
— Nada de fotos! – O Bolseiro mais novo praticamente rosnou.
— Bella, assim você irá espantar o senhor... Er... Bilbo, quem é ele? – Ops.
Se Belladona era ávida em conseguir um namorado para Bilbo, Bungo, por outro lado, era super-protetor até demais. Ninguém parecia digno para o seu adorado filho. Na verdade, Bilbo acreditava que o seu pai tinha um desejo secreto de manter seu único filho virgem para o resto de sua vida.
— Este é Thorin Durin, ele é... - Lambeu os lábios, pensando no que devia dizer. Não tinha contado aos seus pais sobre o seu namorado por motivos óbvios; pretendia adiar tal evento o máximo possível... Mas o destino não era justo, não é mesmo?
— Namorado. – Informou Thorin e ainda teve a audácia de colocar o braço em volta do já desesperado Bilbo, o puxando para mais perto de si.
— Namorado? – Bungo arqueou as sobrancelhas.
— Finalmente! E eu que pensei que meu bebê iria ficar para titia, ou titio no seu caso.
"Quero desparecer... Cadê a capa invisível de Harry Potter quando se precisa dela?!"
— Desde quando você tem um namorado? – O patriarca da família questionou com firmeza.
— Desde... Bem... – O menor mordeu o lábio inferior, novamente se viu sem palavras.
— Já faz duas semanas que começamos a namorar, senhor Bolseiro. Bilbo só estava esperando o momento certo para falar para vocês. – Disse Thorin com um tom tão formal que o próprio Bilbo não reconhecia.
— O momento certo; e quando seria isso? Só esperam que não tenham feito... Você sabe o que! – Ralhou Bulgo.
— Oh! Querido, não seja tão antiquado, basta perguntar se eles já transaram! Não tem nada de errado nisso...
— Eu não vou perguntar se meu filho já... Já....
— T-R-A-N-S-O-U! – Soletrou Belladona – Vamos, amor, você consegue falar!
— Pessoal! – Interpôs Bilbo em total pânico. Tinha certeza que Thorin agora iria terminar o namoro. Afinal, quem iria querer se relacionar com uma família tão louca como aquela? Ainda mais quando aquela era só uma parte pequena de sua família. Seus primos Tûks era mil vezes piores.
— Não precisa se preocupar, senhor e senhora Bolseiro. Nós nos respeitamos e nunca faríamos nada que o outro não quisesse. – Disse o Durin exibindo um sorriso cordial, contrastando a cara enfezada de Bungo.
— Pois é melhor mesmo que você não faça nada... Meu Bilbo ainda é muito novo para essas coisas.
— Seu filho já tem 21 anos, querido! Nessa idade, se bem me lembro, nós fazíamos amor que nem coelhos na primavera. – Belladona realmente não media as consequências de suas palavras. Bungo, tal como Bilbo, parecia querer buscar um buraco onde se esconder.
— Querida! O que eu falei sobre falar destas coisas na frente de visitas? – Repreendeu o então corado senhor Bolseiro.
— Besteira. – Disse isso dando os ombros – Bilbinho vai ter seu encontro e não vamos ser aqueles pais caretas que vão dar broncas no namorado e aquele bla-bla-bla todo. Eu não sou uma mãe careta, sou uma mãe maneira!
— Mas...
— Nada de mas, Bungo Bolseiro! Nosso filho sabe muito bem como se defender e também é muito inteligente, afinal ele puxou a mim!
— É por isso que tenho medo... - Resmungou o Bolseiro mais velho.
— O que disse? – Pior que uma Belladona tagarela era um Belladona brava.
— N-nada, amor... – Respondeu rapidamente Bungo – Acho que estás certa.
— Eu sempre estou certa!
— Mas Bilbo deve voltar antes da meia noite. Ouviu bem?! Senão eu chamo a polícia!
Belladona rolou os olhos e puxou o marido para a cozinha, piscando para o filho e lançando um beijinho para Thorin.
Agora os dois jovens estavam sozinhos. Bilbo não podia estar mais nervoso. Não era daquela maneira que pretendia apresentar o Durin aos seus pais. Ainda mais, nem tivera tempo para alertar Thorin de forma apropriada sobre o comportamento meio louco de sua família.
— Er... – Lambeu os lábios, já pensando em uma desculpa.
— Adorei a sua família. – Thorin o interrompeu dando um grande sorriso.
— Desculpe- O quê?! Acho que não ouvi bem. Você disse que adorou?
— Claro. Eles parecem ser divertidos.
— Thorin, querido... Será que você bateu a cabeça antes de vir aqui? Meu pai ameaçou chamar a polícia! Minha mãe meio que flertou com você! Sem falar na discussão bem evidente de nossa vida sexual! Como pode dizer que adorou?
— Isso só demonstra que eles se importam. – Desta vez o sorriso do mais velho foi menos verdadeiro. Bilbo engoliu em seco, pois agora caíra a ficha: não sabia nada sobre a família de Thorin. Na verdade, ele nunca falou nada a respeito. A única coisa que detinha conhecimento era que eles eram ricos e poderosos, afinal, era o pai de Thorin que estava financiando a Comic-Con que ocorreria na cidade e mesmo com as entradas já esgotadas conseguira "mexer uns pauzinhos" para o filho e namorado deste adentrassem no evento. Porém, isso não significava que eram próximos... Dar presentes não é sinônimo de dar amor.
— Bem, você só teve contanto com uma parte de minha família. Você ainda não conheceu os Tûks e nem os outros Bolseiros. Acredite, talvez sua opinião mude...
— Bilbo... Acho que você não entendeu muito bem. – O Durin falou isso enquanto se aproximava de seu nervoso namorado – Eu não irei desistir de você... Independentemente de sua família ser louca ou não, eu ainda irei persistir. Ficarei ao seu lado. Na verdade, você conseguiu um Thorin sem devolução.
Bilbo sorriu, diminuindo ainda mais a distância entre eles. O Bolseiro o puxou pela a camisa, fazendo com que seus corpos colidissem. Seus peitorais agora estavam em contanto. Podiam sentir, com facilidade, o respirar levemente ofegante de ambos.
— E quem pensou em devolução? – Sussurrou o garoto antes de iniciar um beijo. Não era um simples toque de lábios. Era algo mais quente. Mordeu o lábio inferior de Thorin arrancando deste uma espécie de rosnado de prazer. Os dois se deixaram levar. Até se chocaram de encontro a porta de entrada. Bocas. Lábios. Línguas. Estavam totalmente imersos na sensação de se perder naquele momento.
— Oh, meus santos! – A voz alarmada de Belladona fez com que o jovem casal se afastasse, subitamente – Que coisa mais quente! Esse é meu filhote!
— M-mãe...! - Bilbo levou as mãos ao rosto, tentando ocultar sua vergonha. Thorin soltou uma risada abafada, isso deu incentivo o suficiente para dar um tapa no ombro musculoso do namorado.
— Ora, continuem, meus pombinhos pervertidos! Espere! – Um flash quase cegou os jovens, demoraram um pouco para concluir que acabaram de serem alvo de uma foto – Agora voltem a se beijar. Quero uma foto bem sexy!
— Não! Não irei fazer uma sessão de fotos eróticas para a minha própria mãe! – Praticamente berrou.
— Ora, não seja exagerado. Eu só quero guardar os melhores momentos do meu único filho.
Bilbo já iria argumentar porque isso havia soado gentil, mas foi interrompido por Thorin.
— Senhorita Belladona, - trouxe com galanteio demais, sabendo que a mulher não podia ser chamada de "senhorita" se já era casada - sinto muito, mas estamos atrasados. Juro que iremos retornar para uma sessão de fotos exclusivas...
— Você me chamou de senhorita? Oh! Que educado! Meu filho tem tanta sorte... – A dita "senhorita" começou a fazer um gesto com a mão, como se estivesse se abanando. Perfeito... Era tudo que o jovem Bolseiro queria: sua mãe ficando quente pelo seu próprio namorado.
— Certo, certo! Sou muito sortudo. Viva! Agora se nos der licença... – Bilbo aproveitou o momento para arrastar o risonho Durin para longe de sua louca casa e louca mãe.
***

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