2.5

1K 82 43
                                    

  M I K H A E L  

Tudo parecia tão errado.

Tarik pediu um tempo, mas isso não me chateava tanto quanto ele ter omitido o fato dele não ser virgem.

Pior que isso é só descobrir que o mesmo não era em frente aos seus amigos, junto a menina que tirou sua virgindade.

Embora eu estivesse irritado, havia outra coisa que me tirara toda a atenção em meio a esses acontecimentos.

Felipe.

O Batista é meu amigo desde sempre, nunca escondemos nada um do outro e, agora, descobri algo sobre ele da pior maneira possível.

Assim que Tarik saiu, fiquei parado pensando no que havia acontecido, mas logo despertei com o toque do meu celular.

Era Pedro.

Nós nos aproximamos bastante desde o dia na cafeteria, e talvez isso tenha ajudado no estresse do Tarik, mas isso não vem ao caso.

Apenas recusei a chamada e desliguei meu celular, jogando ele no sofá logo em seguida.

Tomei um banho quente, afinal eu estava fedendo a álcool, coloquei uma roupa quente e saí.

Fazia tempo que eu não caminhava pela cidade durante a noite, o que fez-me esquecer o quão linda ela era. As únicas luzes que iluminavam eram as dos comércios que ainda estavam abertos.

Qualquer um que passasse por aqui não imaginaria quanta dor e sofrimento estavam escondidas atrás destas paredes.

Em menos de vinte minutos eu estava em frente à casa do Batista.

Toquei a campainha cerca de cinco vezes até que alguém me atendesse, e, para o meu espanto, esse alguém era o Pedro.

— O que tá fazendo aqui?

— Ahn... Eu só vim falar com o Fe...

— Fe? E, espera, você sabia que ele estava mal e não me contou nada?

— Me desculpa, Mike, eu...

— Foda-se. — cortei-o. — Eu quero falar com ele.

— Eu não tenho certeza de que ele queira vi... — antes que ele pudesse terminar, empurrei-o para trás e entrei.

Tudo estava silencioso, e aparentemente os pais dele não estavam ali, o que me deixa um tanto preocupado.

Assim que abri a porta do seu quarto, ele me olhou com espanto.

— Mike? O que você...? — perguntou com a voz falha. 

— Por que você escondeu isso de mim? — disse num tom um pouco mais alto que eu gostaria.

— Me desculpa. — ele abaixou a cabeça e eu corri para abraçá-lo.

— Não. Se alguém tem que se desculpar sou eu. Eu não percebi que você estava diferente, eu nem ao menos vim atrás de você... Me desculpa, Felipe. — pude sentir meus olhos marejarem.

— Apesar de eu ter ficado magoado no começo, eu não te culpo. Eu fiquei tão abalado com isso que acabei sendo egoísta em não contar pra ninguém. — soltou-se de meus braços. — Mas... Como você soube?

— Eu e o Tarik brigamos a algumas horas atrás e ele acabou deixando escapar...

— O que aconteceu?

— Não importa agora. Mas, e você?

— Bom, não há muito o que dizer. Os médicos disseram que tenho grandes chances de sobreviver, mas eu não me importo, de qualquer jeito.

— Não fale isso. — fiz careta. — Você vai ficar bem.

— Eu ouço muito isso. — riu fraco. — Mas, como eu disse, eu não me importo.

— Ahn... Por que o Pedro tá aqui? E cadê seus pais?

— Parece que minha mãe acha insuportável ver o filho morrer aos poucos, então meu pai a levou para a casa dos meus avós. E o Pedro... Bem, nós saímos algumas vezes e... Huh, nada de mais.

— Sei. — sorri malicioso.

— Me conta essa coisa do Tarik. — estava pronto pra recusar, mas ele me interrompeu. — Conta logo e para de frescura. To doente, mas ainda sou seu amigo. — balancei a cabeça e ele sorriu de canto.

— Certo. — contei pra ele sobre tudo, sem esconder nada ou me fazer de vítima. Ele apenas assentia enquanto brincava com os dedos.

— Você ama ele?

— Amo...? — ele arqueou a sobrancelha. — Eu estou bem confuso, pra ser sincero.

— Então, o melhor que você pode fazer é aproveitar esse tempo. Tire uns dias pra pensar sobre o relacionamento de vocês. Saia com seus outros amigos, já que estou meio impossibilitado... — riu. — E talvez no final vocês percebam que criaram problemas onde não tinham.

— Obrigado. — sorri e o abracei. — Mas acho melhor eu ir, afinal são três da manhã. — levantei-me e fui até a porta. — Até qualquer dia.

— Foi bom te ver de novo. Obrigado por tudo. — sorriu fraco e ajeitou-se na cama.

No caminho para casa fiquei pensando no que ele havia me dito.

Talvez fosse verdade. Talvez eu e o Tarik criamos nossas próprias barreiras. Talvez nós mesmos tenhamos trapaceado nosso relacionamento, desde o começo.

Enquanto me questionava sobre isso, outra coisa invadiu minha mente.

"Foi bom te ver de novo. Obrigado por tudo"

Senti uma pontada no peito.

E se isso fosse uma despedida?

Bem, e foi.

Uma semana depois o pai do Batista me ligou avisando sobre o falecimento do seu filho.

Confesso que, dentre todos os acontecimentos, esse foi o único que conseguiu me bagunçar por completo.

Eu não conseguia chorar, pois lembrava dele no seu último dia comigo.

Ele esperava por aquilo e não queria que ninguém sofresse e, bem, não funcionou muito.

Sua mãe não estava presente em seu funeral, o que me deixou um tanto abalado, mas acho que o Batista não se importaria, afinal ele também estava ciente de que isso ocorreria.

[...]

A campainha tocou, fazendo-me despertar.

Abri a porta e fiquei um tanto surpreso.

— Você está bem?

— Mais do que eu esperava, na verdade. — parei pra analisar o que eu havia dito. — Isso soou um pouco rude, desculpa.

— Não, eu entendo.

— Huh... Aproveitando que você está aqui, Tarik, acho que precisamos conversar.


xxxxxxxxxxxxx

(N/A) esse é o penúltimo capítulo, e ainda hoje(I promise) vai sair o último, MASSSSS eu queria saber se vocês querem um final alternativo, pois eu tenho o fim planejado, e ele é perfeito, porém não tenho certeza de que irá agradar a todos :(
Então comentem se querem ou se acham que apenas um fim está bom.
xx all the love

P.s: me desculpem se tiver algum erro na escrita, é que eu não revisei e.e

DESTINY. || mitw [EM REVISÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora