prólogo

39 3 3
                                    

Quando você é criança, é muito mais fácil ser prodígio, ou ao menos "suficiente". Você aprende as cores primárias e ganha uma estrelinha na testa, você compete e ganha uma medalha de participação.
Tudo é lindo. Todos dizem "Nossa, ela terá um futuro brilhante ". Até que um dia, você cresce.

E quase nunca você realmente tem um futuro brilhante.

Até porque você não nasceu rico ou sequer com um suporte emocional.

Um dia você está feliz com sua nota máxima em um desenho mixuruca e outro está sofrendo com trigonometria.

Você cresce e vira um adolescente preso em um passado e fica pensando: Quando foi que começou a dar errado?

Se for esperto, chegará a conclusão que nunca deu certo.

Enfim;
Te enganaram. Eu não gostaria de ser a pessoa a te contar isso, mas... você não é especial.

Após muito choro, descobrimos que vivemos em uma sociedade competitiva, e não dá pra todo mundo se dar bem. O primeiro lugar só tem espaço pra uma pessoa. E tem muitas mais pessoas lutando por essa vaga.

Até porque isso não é sobre eu ou você. Não estamos sozinhos nessa. Em grande maioria, somos igualmente adolescentes tentando deixar de ser ordinários e finalmente sentir o que aos 6 anos era tão mais fácil sentir: o gostinho doce da vitória.

Se você se esforçar muito, você consegue subir no pódio e nem sempre isso vai ser suficiente.

Afinal, ser suficiente pra quê? Ou melhor, pra quem? Como posso ser suficiente para eu mesma?

Vale a pena todo o esforço?

O tempo passa rápido, e o relógio faz tic-tac. É difícil acompanhar.

Trabalhe enquanto eles dormem, é o que dizem. Mas, pessoalmente falando, já te adianto que isso pode não adiantar muita coisa.

Você trabalha, luta, se esforça e no final, pode muito não valer de nada. O máximo que eu já consegui é o segundo lugar.

Não me interprete mal, eu sou grata pelo que tenho. Mas vai dizer que nunca quis ser a melhor em uma coisa?

Nunca tive muita sorte, mas acho que tenho me virado bem com o que eu tenho (e ralado o dobro de quem tem mais).

É sobre ser boa em muitas coisas, mas ótima em nenhuma.

Sabe aquela garota que sempre fica no número dois no pódio? Que você só encontra medalhas de prata na casa dela?

Bem, essa sou eu.

Acredite, isso é bem frustrante.

A Segunda [Conto]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora