Capítulo 3

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1 Mês depois.

Fiz o exame para saber o sexo do bebê ontem, confesso que fiquei nervosa mas Sam estava comigo, foi inexplicável a sensação de ver e ouvir o coração dele ou dela. Pedi a médica que não revelasse sexo e ela me deu o resultado do exame em um envelope. Quero compartilhar esse informação com todos os meus amigos, eles merecem, afinal se não fosse por eles, eu não estaria dentro de um carro apertada para ir ao banheiro, rumo a casa de campo de Daniel.

O episódio com Ruan foi esquecido, pelo menos para Rafa, já pra mim, lembro todos os dias. Não sei o que foi mas, Ruan estava diferente, ele não tinha mais aquele olhar de quando nos conhecemos, sei que já faz cinco anos, mas eu lembro. Sinto ânsia de vômito só de pensar que achei ele gatinho aquele dia.

Sam está dirigindo ao meu lado, ele parece apreensivo com algo, a cada dois minutos me olha sorri e bota mão na minha coxa depois volta sua atenção toda para estrada . Eu realmente gostaria que ele me contasse o que está acontecendo, claramente algo esta o incomodando . Sam não é comunicativo comigo, eu sinto isso, não sei se são os meus hormônios, mas eu realmente sinto falta do que éramos antes antes de tudo isso, antes de morarmos juntos , antes da faculdade, antes do bebê. Não que me arrependa mais seria bom se tudo voltasse a ser simples como antes.

Ta, talvez simples não seja palavra certa, afinal meu último ano colégio foi bem longo, mas foi o melhor, confesso. Conheci pessoas que realmente se importam comigo e que vou levar pra vida inteira. Conheci o amor da minha vida, foi o ano em que me encontrei, foi ano que realmente sabia que eu era , porém, acho que me perdi novamente. É como se toda vez que eu acordasse, fosse pra minha rotina normal, tomar café, assisti TV, fazer o almoço e aí quando Sam chega, eu me encontro, me encontro naqueles olhos azuis tão intensos. Sam, ainda me olha como se fosse a mesma garotinha de antes, a pessoa porque ele se apaixonou, eu me encontro ali, me encontro pois, olhando pra eles, lembro do nosso passado.

Mas o que seríamos de nós, impotentes humanos, se nos prendêssemos ao passado. Seríamos um bando de ignorantes, mais que já somos. Depois da escola, foi a faculdade, que foi como borrão pra mim, e logo depois começamos a trabalhar, e aí foi quando tudo mudou, pelo menos pra mim. Acho que eu não deveria, mas é assim que eu penso, é assim que me sinto. Eu sei que Sam vai estar sempre presente pra mim, mas aprendi que quando as coisas dão certo demais, temos que desconfiar.

Sam colocou música no rádio para abafar minha voz. Mas o que posso fazer? Estou morrendo de fome! Que tipo de pessoa leva uma grávida, para uma viagem de mais de 60 quilômetros e não leva nada para ela comer?

Meu namorado, claro.

- Você sabe que não importa o volume do som, a minha fome não passará?- Digo abaixando o volume do som.

- Talvez você deva tentar praticar ioga de vez em quando, sei lá, pode diminuir essa sua fome.

-Nada diminui minha fome. Agora como por dois.

-Isso é só uma desculpa para me fazer comprar o dobro de comida.

-E você compra, por isso te amo.- Digo.

Sam, ainda focado na estrada, batuca com os dedos no volante, a música baixa que sai do rádio.

-Só por isso?- Ele pergunta manhoso.

-Nós dois sabemos que, se eu for listar tudo que eu ame você, vamos passar a eternidade neste carro.

Sam ri. Passa a mão na sua barba mal feita e tenho certeza que vai dizer que esqueceu de tira-la.

- Bom, então sentimento é recíproco...Droga, esqueci de tirar a barba.

Relaxo na cadeira. Sam não é mais tão imprevisível como antes. Gosto do jeito que seu cabelo escureceu e de como sua expressão ficou mais madura. Ele é jovem, qualquer um pode ver, mas comparado a antes, foi como se tivesse acontecido um salto no tempo, e ele envelheceu esses cinco anos do dia pro outro .

O filho da diretora - Para sempre - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora