Capítulo 1

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Sabe quando você finalmente acha que tudo vai dar certo? Que finalmente a vida resolveu dar uma trégua e te deixar ser feliz?

É exatamente isso que sinto agora. Acabo de chegar, completamente exausta, de um bar aqui perto. Hoje foi especial. Juntei todos meus amigos, ou melhor, minha família, para contar a eles sobre minha gravidez. Até parece que foi ontem que eu acordei com enjôo e fui a farmácia. Perguntei a farmacêutica que remédio eu deveria tomar e após eu citar meus sintomas, ela me deu uma caixinha rosa. Eu estava tão mal que nem vi o nome do remédio, paguei e corri pra casa. Quando cheguei e abri a caixinha, deixei tudo cair no chão. Era um teste de gravidez. Comecei a rir. Não acreditava que eu pudesse engravidar assim. Quer dizer, eu e Sam confiamos nas pílulas mas não usamos proteção, e eu faço a contagem certinha e sempre tomo nos dias certos, mas pelo visto, eu não estava tão certa assim. Fiz o teste, só por curiosidade e deu positivo. Ainda não acreditando, voltei a farmácia e comprei mais dois. Refiz o teste e deu positivo.

Lembro que chorei. Muito. Eu e Sam estamos juntos a apenas 5 anos. Nossa convivência tem dado certo, moramos juntos desde que terminamos o ensino médio e nossas brigas sempre acabavam na cama. O resultado disso tudo está na minha barriga, porém, uma criança muda tudo.

Liguei desesperada para o Rafa, que estava na Argentina com a Andreia e contei tudo a ele. Rafa me instruiu a contar a Sam logo e disse que voltaria pro Brasil por minha causa. Decidi reunir a todos hoje e foi um dos melhores dias da minha vida. Ver o sorriso de Sam, me fez ser a mulher mais realizada do mundo.

Confesso que mudei muito desde minha adolescência. Na verdade, a faculdade e a responsabilidade de cuidar de uma casa, me mudou, eu continuo sem paciência (na verdade, acho que está piorando) e um pouco exagerada, mas eu me considero mais madura para lidar com assunto que antes eu lidava fazendo brincadeiras ou batendo nas pessoas. Após publicar meu livro, cortei qualquer contato com meus pais. Soube que eles tiveram um filho, há pouco tempo, por causa de Helena. Meu irmãozinho deve estar com um ano de idade.

-Pensativa?-Sam me pergunta.

Estou deitada na cama olhando pro teto branco. Realmente pareço uma louca. Observo meu namorado. Ele parece bem cansado.

-Apenas uma retrospectiva desde que terminamos o ensino médio.

Ele se joga na cama ao meu lado.

-Você pensa demais.

Me viro pra ele.

-E você pensa de menos.

Ele bufa.

-Mas o empregado do casal, sou eu.-Ele diz.

-Eu não estou desempregada! Meu livro ainda está vendendo bem.

-Não tanto quanto há dois anos.-Olho pra ele como se dissesse sério?-O que? Eu não to mentindo.

Sam e sua capacidade de estragar meu dia com uma frase.

-Foda-se.-Me viro pro outro lado e fecho os olhos.

Ele não valoriza meu emprego? É isso? Só porque eu não passo o dia trabalhando como ele, ele acha que sou desempregada. Nos primeiros dois anos, eu visitei muitos Estados do Brasil para distribuir os livros nas livrarias e os leitores me conhecerem. Nunca vou esquecer desses momentos.

Me magoa Sam não dar valor a isso. Quando não tínhamos um centavo para comprar pão, meu livro nos salvou. Meu livro, não deixou faltar comida em casa. Ele não tem o direito de falar que estou desempregada, afinal, estou com planos de escrever um livro sobre gravidez.

Quero me virar pra ele e gritar e ao mesmo tempo, quero enfiar a cara no travesseiro e chorar.

Calma aí hormônios! Estou no meu segundo mês ainda!

O filho da diretora - Para sempre - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now