Capítulo IX

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Bati.

— Outra vez?

— Outra vez.

Emily jogou as cartas no chão da cabine de Tyler, onde haviam passado as últimas horas jogando baralho.

— Não é justo — bocejou sonolenta. — Deve estar rou­bando. Ninguém consegue bater quarenta e duas vezes seguidas.

— Acho que está me deixando ganhar para poupar meu ego delicado — ele disse, rindo e embaralhando as cartas.

— Ah! — Emily exclamou, deitando-se no chão. Vendo que ela fechava os olhos, Tyler suspirou. Por mais cansados que estivessem, não podiam ir para a cama. Não era seguro. Tinham de continuar jogando, e por isso ele distribuiu as cartas mais uma vez.

De bruços, estudou o jogo e suspirou. Lá estava ele, um homem de sangue quente, trancado num quarto com uma mulher jovem e atraente, às três da madrugada, sem poder sequer tocá-la.

Que perda de tempo! Mas havia feito uma promessa, e era um homem de palavra. O único problema era que, ao fazer a tal promessa, não imaginava que acabaria realmente interessado nessa mulher cheia de encantos e mistérios. Não sabia que a desejaria, e a queria mais que o ar que respirava.

Gemendo, serviu-se de uma carta da pilha deixada en­tre eles.

— Está tão ruim assim? — ela perguntou, tentando con­centrar-se no jogo.

— Mmm-hmm. — Era inútil explicar que a idéia de ati­rar-se sobre ela e espalhar todas as cartas ameaçava en­louquecê-lo. — Tenho uma idéia que pode melhorar seu jogo.

— Que idéia? — ela resmungou, a cabeça pendendo para o lado.

— Acorde!

— Hummm... O quê?

— Bati.

— Já?

— Já. É sua vez de dar as cartas.

— Ah, esqueça — ela irritou-se. — Se quisesse jogar baralho, podia ter ficado no meu quarto. Talvez até ganhasse algum dinheiro.

— Jogando desse jeito, teria perdido o que não tem. Além do mais, duvido que eles ainda estejam jogando.

— Ah, é? E o que acha que estão fazendo?

— Emily, por favor! Um homem, uma mulher, um cru­zeiro romântico... É claro que estão se divertindo!

— Divertindo-se?

— O que mais poderiam estar fazendo às três da madrugada?

— Jogando cartas.

— Ah, é claro! Quem seria estúpido a ponto de passar a noite toda jogando baralho, quando pode... pode...

— Continue, estúpido — ela brincou. Tyler guardou o baralho e suspirou.

— Está bem, admito que bater quarenta e três vezes seguidas não é meu passatempo favorito. Mas prometi que seria um cavalheiro, e sou um homem de palavra. Isso não significa que não esteja interessado em... Bem, se mudar de idéia...

— Sobre divertir-se?

— Você sabe que sim.

— Não posso nem imaginar tio Denny e Helga fazendo... isso. — Ela torceu o nariz, como se a idéia a desagradasse.

— Ah, não sei... Denny Delmonico parece ser um homem cheio de vitalidade, e mamãe ainda é uma mulher fogosa.

— Pare com isso! — Emily riu. — Não quero nem pensar nessa possibilidade.

Esposa Temporária (Completo)Where stories live. Discover now